Muito bom e pertinente o artigo do jornalista Vagner Fernandes, biógrafo de Clara Nunes, publicado hoje (31/03) na coluna de Alcemo Goes, no Globo Online. No texto, o colega de profissão comenta a ignorância de uma vendedora da Saraiva Megastore que, indagada por um cliente se a loja possuía o livro sobre a sambista mineira, morta há 25 anos, lhe perguntou se a autora era a própria Clara.
A história me fez lembrar fato semelhante – e ainda mais lastimável – ocorrido no programa Qual é a Música, de Silvio Santos, há três semanas. Na ocasião, o “time das mulheres” tinha a presença de uma jornalista da casa, Cíntia Benini, que apresenta o telejornal SBT Brasil ao lado de Carlos Nascimento.
Na brincadeira musical, Silvio perguntou a Cíntia se conhecia Luiz Ayrão, autor da música que viria logo a seguir (sem o conhecimento dela ainda), Os Amantes. Ao que ela respondeu: “não, Silvio”. Ele insistiu: “nunca ouviu falar?” E ela, com a mesma tranqüilidade: “nunca, Silvio”.
Não dá pra medir ignorância. Mas quando digo acima que o caso de Cíntia é pior que a da livreira, logicamente estou me referindo ao fato de ela ser jornalista, âncora da segunda ou terceira maior emissora de TV do país.
Existe um mito sobre nós, jornalistas, de que somos obrigados a conhecer tudo sobre todos os assuntos. Quando desconhecemos algo supostamente óbvio, nossa competência para exercer a profissão é logo questionada, sempre com um ar de acusação.
Não é por aí. Mas é claro que, como tudo na vida, há parâmetros para saber até onde vai o limite entre a falta de onisciência inerente aos reles mortais e a ignorância retrógrada. Um dos mais justos, ao que me parece, é a relação do objeto ou da pessoa com o assunto em questão. Neste caso, o lugar que Luiz Ayrão ocupa na história da cultura nacional. Nenhum, segundo a jornalista que apresenta o SBT Brasil para milhões de pessoas.
Não cabe neste espaço descrever a biografia de Luiz Ayrão, mesmo porque uma rápida busca no Google cumpre bem essa função. Mas vale ressaltar que o carioca Luiz Gonzaga Kedi Ayrão é um dos grandes sambistas do Brasil. Cantor, compositor e escritor de mão cheia, lançou grandes sucessos como Porta Aberta, Nossa Canção e Ciúme de Você, as duas últimas regravadas com enorme êxito por Roberto Carlos.
Os mais novos certamente já ouviram Nossa Canção na voz de Vanessa da Mata, Ciúme de Você com Felipe Dylon e a citada Os Amantes com o sertanejo Daniel. E a lista de intérpretes ainda tem Maria Bethânia, Zizi Possi, Raça Negra, entre muitos outros. Não bastasse tudo isso, Luiz Ayrão ainda é figurinha fácil no Programa Raul Gil, onde costuma participar como jurado do quadro de calouros.
Se uma livreira não conhece Clara Nunes e uma jornalista nunca ouviu falar de Luiz Ayrão, é sinal de que já passou da hora de refletirmos sobre a (falta de) memória de nosso país. Nessa batalha contra o ostracismo a que estão relegados os grandes nomes da cultura brasileira, o Google não passa de um soldado raso. É preciso artilharia pesada, que só pode ser disparada pelos governos e pelas grandes empresas.
segunda-feira, 31 de março de 2008
sexta-feira, 14 de março de 2008
Fazendo música, jogando bola
Muitos antes de a revista Rolling Stones eleger Acabou Chorare o melhor disco brasileiro de todos os tempo, numa lista dos 100 mais divulgada em 2007, eu já considerava o álbum que os Novos Baianos lançaram em 1972, sob influência de João Gilberto, o número 1 da MPB.
Mas isso foi até hoje, quando tive a felicidade de ouvir pela primeira vez na íntegra, da primeira à última faixa, o disco seguinte de Moraes, Pepeu, Baby & cia., Novos Baianos Futebol Clube, de 1973. Foi uma experiência tão incrível que decidi relatá-la aqui neste espaço.
Não que Novos Baianos Futebol Clube seja melhor que Acabou Chorare. Na verdade, a sonoridade é bem parecida, lembrando até uma continuação. Igualdade até no número de faixas, 10 cada um. Talvez por isso, por não ser tão revolucionário quanto seu antecessor, F.C. não tenha conseguido a mesma projeção.
Mas o disco é bom demais. Tem mais samba que Acabou Chorare e a influência hippie nas letras é maior. Fazendo música e jogando bola, como diria Pepeu Gomes muitos anos depois, já em carreira solo, os Novos Baianos criaram verdadeiras obras-primas, como a deliciosa Vagabundo Não É Fácil e a brilhante Com Qualquer Dois Mil Reis, dona de letra atemporal.
Novos Baianos Futebol Clube é samba e rock, loucura e genialidade. Puros anos 70. Nasceu numa época em que eram mais freqüentes discos conceituais, bons do início ao fim, que revelavam surpresas a cada audição. Escute-o com fones de ouvido, para perceber a separação dos instrumentos em cada canal, e comprove.
A partir de hoje, a minha lista dos melhores de todos os tempos tem um novo e forte aspirante à primeira colocação. Talvez Acabou Chorare leve pequena vantagem, mas posso dizer que há um empate técnico.
Mas isso foi até hoje, quando tive a felicidade de ouvir pela primeira vez na íntegra, da primeira à última faixa, o disco seguinte de Moraes, Pepeu, Baby & cia., Novos Baianos Futebol Clube, de 1973. Foi uma experiência tão incrível que decidi relatá-la aqui neste espaço.
Não que Novos Baianos Futebol Clube seja melhor que Acabou Chorare. Na verdade, a sonoridade é bem parecida, lembrando até uma continuação. Igualdade até no número de faixas, 10 cada um. Talvez por isso, por não ser tão revolucionário quanto seu antecessor, F.C. não tenha conseguido a mesma projeção.
Mas o disco é bom demais. Tem mais samba que Acabou Chorare e a influência hippie nas letras é maior. Fazendo música e jogando bola, como diria Pepeu Gomes muitos anos depois, já em carreira solo, os Novos Baianos criaram verdadeiras obras-primas, como a deliciosa Vagabundo Não É Fácil e a brilhante Com Qualquer Dois Mil Reis, dona de letra atemporal.
Novos Baianos Futebol Clube é samba e rock, loucura e genialidade. Puros anos 70. Nasceu numa época em que eram mais freqüentes discos conceituais, bons do início ao fim, que revelavam surpresas a cada audição. Escute-o com fones de ouvido, para perceber a separação dos instrumentos em cada canal, e comprove.
A partir de hoje, a minha lista dos melhores de todos os tempos tem um novo e forte aspirante à primeira colocação. Talvez Acabou Chorare leve pequena vantagem, mas posso dizer que há um empate técnico.
quinta-feira, 13 de março de 2008
Grupo Abba ganha museu na Suécia
O grupo sueco Abba, que se tornou um dos ícones da disco music graças ao hit Dancing Queen, ganhará um museu em Estocolmo. O Abba the Museum terá três andares e irá ocupar 6,5 mil metros quadrados no Stora Tulhuset, um imponente prédio construído há um século em estilo art déco.
A inauguração será em junho de 2009, mas a venda de ingressos começou hoje, 13 de março, no site do museu. As entradas só podem ser compradas on-line e as visitas têm dia e hora marcados. Segundo a BBC Brasil, a expectativa dos organizadores é de que o museu receba 500 mil visitantes por ano.
O site do Abba the Museum remete à fase de maior sucesso do grupo, no final dos anos 70. As páginas são coloridas e cheias de luzes, lembrando uma discoteca. O clima de revival também está numa imagem com a silhueta dos quatro integrantes, na qual dá para notar as roupas da época, inclusive a clássica calça boca-de-sino.
No site ainda há uma planta do museu, que mostra como serão dispostos os itens da exposição. Uma das atrações promete ser um estúdio onde os visitantes poderão cantar com o grupo e dançar como John Travolta, estrela do filme Os Embalos de Sábado à Noite, que marcou o auge da disco music.
O Abba surgiu em 1974, formado por Agnetha Fältskog, Björn Ulvaeus, Benny Andersson e Anni-Frid Reuss, cujas iniciais deram origem ao nome do grupo. Embora carregue o estima da música dançante, o quarteto – que se separou em 1982 – também emplacou várias baladas, como Fernando, seu primeiro hit, e a famosa The Winner Takes it All.
Uma coletânea bem satisfatória do grupo é a conhecida Abba Gold. Outra ainda mais completa é The Definitive Collection, CD duplo com 37 faixas.
A inauguração será em junho de 2009, mas a venda de ingressos começou hoje, 13 de março, no site do museu. As entradas só podem ser compradas on-line e as visitas têm dia e hora marcados. Segundo a BBC Brasil, a expectativa dos organizadores é de que o museu receba 500 mil visitantes por ano.
O site do Abba the Museum remete à fase de maior sucesso do grupo, no final dos anos 70. As páginas são coloridas e cheias de luzes, lembrando uma discoteca. O clima de revival também está numa imagem com a silhueta dos quatro integrantes, na qual dá para notar as roupas da época, inclusive a clássica calça boca-de-sino.
No site ainda há uma planta do museu, que mostra como serão dispostos os itens da exposição. Uma das atrações promete ser um estúdio onde os visitantes poderão cantar com o grupo e dançar como John Travolta, estrela do filme Os Embalos de Sábado à Noite, que marcou o auge da disco music.
O Abba surgiu em 1974, formado por Agnetha Fältskog, Björn Ulvaeus, Benny Andersson e Anni-Frid Reuss, cujas iniciais deram origem ao nome do grupo. Embora carregue o estima da música dançante, o quarteto – que se separou em 1982 – também emplacou várias baladas, como Fernando, seu primeiro hit, e a famosa The Winner Takes it All.
Uma coletânea bem satisfatória do grupo é a conhecida Abba Gold. Outra ainda mais completa é The Definitive Collection, CD duplo com 37 faixas.
quarta-feira, 12 de março de 2008
O fim dos ultramanos
Triste notícia publicada no site Rock Press. Sucesso de crítica, mas com pouca mídia, a banda gaúcha Ultramen vai encerrar as atividades após 16 anos de estrada. Embora ainda estejam rolando alguns shows, a despedida foi na quinta-feira passada, 6 de março, com a gravação do DVD Ao Vivo em Porto Alegre.
Formado por Tonho Crocco (vocal), Julio Porto (guitarra), Pedro Porto (baixo), Zé Darcy (bateria), Marcito (percussão), Malásia (percussão) e DJ Anderson, o Ultramen é – ou foi – uma das bandas mais criativas surgidas nas duas últimas décadas no cenário do pop-rock brazuca.
Cabia de tudo no som dos caras, tudo sempre muito bem-feito. Mas a especialidade do Ultramen era o samba-rock, na velha escola dos mestres brasileiros do suingue, com toques de modernidade garantidos pelo rap.
A banda ganhou mais notoriedade ao participar do projeto Acústico MTV Bandas Gaúchas, do qual foi destaque absoluto em meio aos quatro artistas participantes. As ótimas faixas Ultramanos, Santo Forte e Dívida, esta última um dueto inspirado de Tonho e Falcão, do Rappa, sintetizam bem o que era o caldeirão rítmico do Ultramen.
No site da banda há bastante material disponível para download gratuito, incluindo a íntegra do álbum Acústico, gravado em 2004 no Teatro São Pedro, em Porto Alegre. É uma boa forma de conhecer mais a fundo a história do Ultramen, que vai deixar saudades.
Resta desejar boa sorte aos músicos e torcer para um reencontro num futuro breve.
Veja abaixo o encontro do Ultramen com Falcão na dançante Dívida.
Formado por Tonho Crocco (vocal), Julio Porto (guitarra), Pedro Porto (baixo), Zé Darcy (bateria), Marcito (percussão), Malásia (percussão) e DJ Anderson, o Ultramen é – ou foi – uma das bandas mais criativas surgidas nas duas últimas décadas no cenário do pop-rock brazuca.
Cabia de tudo no som dos caras, tudo sempre muito bem-feito. Mas a especialidade do Ultramen era o samba-rock, na velha escola dos mestres brasileiros do suingue, com toques de modernidade garantidos pelo rap.
A banda ganhou mais notoriedade ao participar do projeto Acústico MTV Bandas Gaúchas, do qual foi destaque absoluto em meio aos quatro artistas participantes. As ótimas faixas Ultramanos, Santo Forte e Dívida, esta última um dueto inspirado de Tonho e Falcão, do Rappa, sintetizam bem o que era o caldeirão rítmico do Ultramen.
No site da banda há bastante material disponível para download gratuito, incluindo a íntegra do álbum Acústico, gravado em 2004 no Teatro São Pedro, em Porto Alegre. É uma boa forma de conhecer mais a fundo a história do Ultramen, que vai deixar saudades.
Resta desejar boa sorte aos músicos e torcer para um reencontro num futuro breve.
Veja abaixo o encontro do Ultramen com Falcão na dançante Dívida.
terça-feira, 11 de março de 2008
Parada de sucessos brasileira é retrato da mesmice
É de assustar a parada musical publicada hoje no jornal Extra, com os 10 CDs mais vendidos da semana, segundo o Instituto Nopem.
Da lista, somente 1, isso mesmo, U-M disco é lançamento. A estrela solitária é o cantor-surfista havaiano Jack Johnson, que surge na 6ª colocação com seu mais recente trabalho, Sleep through the Static. Título bem sugestivo, por sinal.
Michael Jackson, quarto colocado, aparece como uma novidade torta, com a reedição do clássico Thriller, embalado por remixes de músicas dos anos 80. A coletânea Pancadão do Candeirão do Huck 2008, um mix de vários funkeiros, também representa um esboço de inovação.
Mas qualquer tentativa de respirar novos ares pára por aí. A liderança do ranking é da coletânea Perfil, de Ivete Sangalo, seguida por outra compilação, Collection, do Queen.
Mais estranho ainda é ver o Acústico MTV do Kid Abelha, um disco lançado em 2002, ocupando o honroso posto de 5º álbum mais vendido do Brasil. E não está só. O MTV Ao Vivo do Jota Quest, de 2003, aparece em 8º, enquanto Estampado, gravado por Ana Carolina também em 2003, é o 10º.
Infinito Particular, de Marisa Monte, e Minha Bênção, do Padre Marcelo Rossi, ambos de 2006, completam o ranking.
A presença dessas peças de museu na parada de sucessos brasileira pode ser explicada – afinal, grandes magazines, como as Lojas Americanas, costumam cobrar R$ 9,90 por discos nacionais de catálogo – mas não justificada.
Não adianta se queixar da crise, da pirataria e da tecnologia sem investir em novidade, produto raro num mercado em que gravadoras e artistas deixam-se levar pela falta de ousadia e criatividade, enquanto o público se acomoda no conforto do passado.
Ao som do sonolento Jack Johnson, parece que a indústria fonográfica brasileira vai entregando os pontos. Tomara que acorde a tempo de mudar.
Da lista, somente 1, isso mesmo, U-M disco é lançamento. A estrela solitária é o cantor-surfista havaiano Jack Johnson, que surge na 6ª colocação com seu mais recente trabalho, Sleep through the Static. Título bem sugestivo, por sinal.
Michael Jackson, quarto colocado, aparece como uma novidade torta, com a reedição do clássico Thriller, embalado por remixes de músicas dos anos 80. A coletânea Pancadão do Candeirão do Huck 2008, um mix de vários funkeiros, também representa um esboço de inovação.
Mas qualquer tentativa de respirar novos ares pára por aí. A liderança do ranking é da coletânea Perfil, de Ivete Sangalo, seguida por outra compilação, Collection, do Queen.
Mais estranho ainda é ver o Acústico MTV do Kid Abelha, um disco lançado em 2002, ocupando o honroso posto de 5º álbum mais vendido do Brasil. E não está só. O MTV Ao Vivo do Jota Quest, de 2003, aparece em 8º, enquanto Estampado, gravado por Ana Carolina também em 2003, é o 10º.
Infinito Particular, de Marisa Monte, e Minha Bênção, do Padre Marcelo Rossi, ambos de 2006, completam o ranking.
A presença dessas peças de museu na parada de sucessos brasileira pode ser explicada – afinal, grandes magazines, como as Lojas Americanas, costumam cobrar R$ 9,90 por discos nacionais de catálogo – mas não justificada.
Não adianta se queixar da crise, da pirataria e da tecnologia sem investir em novidade, produto raro num mercado em que gravadoras e artistas deixam-se levar pela falta de ousadia e criatividade, enquanto o público se acomoda no conforto do passado.
Ao som do sonolento Jack Johnson, parece que a indústria fonográfica brasileira vai entregando os pontos. Tomara que acorde a tempo de mudar.
Não deixe o Capital Inicial esquecer seu passado
Vi no blog do colega Jamari França, do Globo Online, que tá rolando um manifestado encabeçado pelo blog Na Rota do Rock (NRDR) para que o Capital Inicial toque músicas dos anos 80 no show que fará em Brasília, no dia 21 de abril, e dará origem ao DVD Multishow Ao Vivo. Causa justa.
Não tô sabendo muito sobre o show. Fui ao site da banda e não tem nada lá, literalmente – o que, aliás, é uma tremenda mancada com os fãs. Uma rápida busca no Orkut e nada também sobre o repertório, só especulação. Idem no Google.
Vi o Capital sábado, no Altas Horas. Como é de costume nesses programas de entrevistas – quase todos péssimos quando o assunto é música – Dinho Ouro Preto falou muito superficialmente sobre o assunto. Mas foi o suficiente para dizer besteira.
Segundo o eterno garotão do rock nacional, este será o primeiro disco ao vivo do Capital, tirando o Acústico MTV. Ué, e o de 1996? Tudo bem que ele, Dinho, não tenha participado, pois estava em carreira solo na época. Mas e os outros? O disco leva o nome de quem, ora bolas? Além disso, se Dinho não estava, o guitarrista Loro Jones, que depois do unplugged cedeu lugar para Yves Passarel, marcava presença.
Bem, de volta ao DVD. Parece que não há nada confirmado sobre o set list, mas onde tem fumaça, tem fogo. E não deve ser a música Fogo.
Pelo passado recente do Capital, é bem possível que a suspeita encontre fundamento. No último show a que assisti, ainda na turnê do álbum Gigante, o maior sucesso do grupo até hoje, Música Urbana, não foi tocado.
A verdade é que, depois do estouro de Natasha, uma das inéditas de Acústico MTV, o Capital Inicial descobriu que a receita do bolo era fazer música para adolescentes. Vide o sucesso dos álbuns seguintes, Rosas e Vinho Tinto e Gigante, com a rebeldia juvenil de Quatro Vezes Você e o otimismo de Não Olhe pra Trás.
São boas músicas, sem dúvida, mas que estão muito longe, na qualidade e na verdadeira rebeldia punk, de clássicos do BRock como Autoridades, Psicopata, Descendo o Rio Nilo e Mickey Mouse em Moscou. Músicas que se não transformaram o Capital Inicial na segunda Legião Urbana dos anos 80, fizeram a cabeça de milhares de jovens na época. E essas pessoas, vale frisar, ainda compram os discos da banda e freqüentam seus shows, apesar da mudança de sonoridade.
Então, junto-me ao apelo do NDRD para que o Capital não se esqueça dos fãs “da antiga” neste que promete ser um dos melhores shows da história da banda.
Além de Música Urbana, Autoridades, Psicopata, Descendo o Rio Nilo e Mickey Mouse em Moscou, sugiro que estejam no set list as velhinhas Fátima, Veraneio Vascaína, Kamikaze, O Passageiro e 1999. Da geração pós-acústico, acho que não podem faltar Como Devia Estar, Quatro Vezes Você, Pra Ninguém, Olhos Vermelhos, Mais, Respirar Você, Sem Cansar, Não Olhe pra Trás, Perguntas sem Respostas e Sorte.
E nada de gastar tempo com homenagem à Legião Urbana! Já tiveram um disco inteiro para isso. A essa altura, Dinho também não precisa mais ficar à sombra de Renato Russo. Há tempos (com trocadilho, por favor) o Capital Inicial já construiu sua própria história.
Não tô sabendo muito sobre o show. Fui ao site da banda e não tem nada lá, literalmente – o que, aliás, é uma tremenda mancada com os fãs. Uma rápida busca no Orkut e nada também sobre o repertório, só especulação. Idem no Google.
Vi o Capital sábado, no Altas Horas. Como é de costume nesses programas de entrevistas – quase todos péssimos quando o assunto é música – Dinho Ouro Preto falou muito superficialmente sobre o assunto. Mas foi o suficiente para dizer besteira.
Segundo o eterno garotão do rock nacional, este será o primeiro disco ao vivo do Capital, tirando o Acústico MTV. Ué, e o de 1996? Tudo bem que ele, Dinho, não tenha participado, pois estava em carreira solo na época. Mas e os outros? O disco leva o nome de quem, ora bolas? Além disso, se Dinho não estava, o guitarrista Loro Jones, que depois do unplugged cedeu lugar para Yves Passarel, marcava presença.
Bem, de volta ao DVD. Parece que não há nada confirmado sobre o set list, mas onde tem fumaça, tem fogo. E não deve ser a música Fogo.
Pelo passado recente do Capital, é bem possível que a suspeita encontre fundamento. No último show a que assisti, ainda na turnê do álbum Gigante, o maior sucesso do grupo até hoje, Música Urbana, não foi tocado.
A verdade é que, depois do estouro de Natasha, uma das inéditas de Acústico MTV, o Capital Inicial descobriu que a receita do bolo era fazer música para adolescentes. Vide o sucesso dos álbuns seguintes, Rosas e Vinho Tinto e Gigante, com a rebeldia juvenil de Quatro Vezes Você e o otimismo de Não Olhe pra Trás.
São boas músicas, sem dúvida, mas que estão muito longe, na qualidade e na verdadeira rebeldia punk, de clássicos do BRock como Autoridades, Psicopata, Descendo o Rio Nilo e Mickey Mouse em Moscou. Músicas que se não transformaram o Capital Inicial na segunda Legião Urbana dos anos 80, fizeram a cabeça de milhares de jovens na época. E essas pessoas, vale frisar, ainda compram os discos da banda e freqüentam seus shows, apesar da mudança de sonoridade.
Então, junto-me ao apelo do NDRD para que o Capital não se esqueça dos fãs “da antiga” neste que promete ser um dos melhores shows da história da banda.
Além de Música Urbana, Autoridades, Psicopata, Descendo o Rio Nilo e Mickey Mouse em Moscou, sugiro que estejam no set list as velhinhas Fátima, Veraneio Vascaína, Kamikaze, O Passageiro e 1999. Da geração pós-acústico, acho que não podem faltar Como Devia Estar, Quatro Vezes Você, Pra Ninguém, Olhos Vermelhos, Mais, Respirar Você, Sem Cansar, Não Olhe pra Trás, Perguntas sem Respostas e Sorte.
E nada de gastar tempo com homenagem à Legião Urbana! Já tiveram um disco inteiro para isso. A essa altura, Dinho também não precisa mais ficar à sombra de Renato Russo. Há tempos (com trocadilho, por favor) o Capital Inicial já construiu sua própria história.
segunda-feira, 10 de março de 2008
Reedição de O Canto da Cidade traz Daniela Mercury no auge criativo
CRÍTICA DE CD/DVD
● Disco: O Canto da Cidade – 15 Anos
● Artista: Daniela Mercury
● Gravadora: Sony-BMG
No último reveillon, entre um abraço e outro nos amigos, ouvi Daniela Mercury interpretar O Canto da Cidade, música de 1992, no programa Show da Virada. Pensei: “Eis um exemplo de uma grande artista que ainda está presa ao passado”.
Ao escutar o CD homônimo, que é relançado agora, em versão remasterizada, pouco mais de 15 anos depois do original, vejo que aquele sentimento não era apenas uma sensação, e sim uma constatação.
O Canto da Cidade, o disco, é um dos melhores trabalhos na linha popular lançados nas últimas décadas no Brasil. Com sua voz marcante, a irreverência baiana e a influência dos mestres da MPB, Daniela Mercury criou um samba-reggae mais encorpado, que não apenas unia esses dois gêneros musicais, mas também trazia boas doses de pop e rock.
Que atirem a primeira pedra os puristas, mas na minha opinião a interpretação de Daniela Mercury para Você Não Entende Nada, de Caetano Veloso, é definitiva. Só pra Te Mostrar, dueto com o paralama Herbert Vianna, é um pop-rock de primeira linhagem. E até mesmo as percussivas O Canto da Cidade, Batuque e O Mais Belo dos Belos são oásis em meio à maior parte do que se produzia na chamada axé music da época. E ainda hoje é assim.
O problema é que Daniela se perdeu ao começar a investir na música eletrônica, após o também ótimo Feijão com Arroz, de 1996. Tentou fugir do estigma da axé music, mas não encontrou boas músicas, próprias ou de terceiros, que justificassem a fuga. Tanto é que o melhor de sua carreira está muito bem resumido na excelente coletânea Swing Tropical, da Som Livre, que traz essencialmente faixas retiradas dos CDs O Canto da Cidade e Feijão com Arroz. É um bom disco, com boas músicas, a maior parte delas no estilo samba-reggae.
Essa nova versão do CD acompanha um DVD com um show de Daniela Mercury na Praça da Apoteose, no Rio, em 1992. Curioso, ao ver a multidão que lotava o Sambódromo para assistir a uma cantora em início de carreira, é perceber que Daniela, desde aquela época, já carregava consigo o paradoxo de não depender tanto de vasto repertório para ser uma grande artista. Afinal, mesmo sem emplacar um hit do naipe de O Canto da Cidade há alguns anos, ela nunca perdeu o status de musa.
Com um set list irregular, que incluía as deslocadas Há Tempos (Legião Urbana) e Maluco Beleza (Raul Seixas), Daniela Mercury levantou a multidão, ajudada em muito por sua performance teatral, adquirida nos tempos de bailarina.
Mais interessante que o show são as gravações feitas para um especial da Rede Globo, em que Daniela faz duetos ao vivo com Tom Jobim (Águas de Março) e Herbert Vianna (Só pra Te Mostrar). Já Caetano Veloso ataca de ator no clipe de Você Não Entende Nada.
No final das contas, pela importância e qualidade, o CD inverte a lógica do mercado e torna-se mais relevante que as imagens do DVD. Quem sabe não esteja no velho disquinho digital a receita para Daniela Mercury reencontrar a essência de sua música.
● Disco: O Canto da Cidade – 15 Anos
● Artista: Daniela Mercury
● Gravadora: Sony-BMG
No último reveillon, entre um abraço e outro nos amigos, ouvi Daniela Mercury interpretar O Canto da Cidade, música de 1992, no programa Show da Virada. Pensei: “Eis um exemplo de uma grande artista que ainda está presa ao passado”.
Ao escutar o CD homônimo, que é relançado agora, em versão remasterizada, pouco mais de 15 anos depois do original, vejo que aquele sentimento não era apenas uma sensação, e sim uma constatação.
O Canto da Cidade, o disco, é um dos melhores trabalhos na linha popular lançados nas últimas décadas no Brasil. Com sua voz marcante, a irreverência baiana e a influência dos mestres da MPB, Daniela Mercury criou um samba-reggae mais encorpado, que não apenas unia esses dois gêneros musicais, mas também trazia boas doses de pop e rock.
Que atirem a primeira pedra os puristas, mas na minha opinião a interpretação de Daniela Mercury para Você Não Entende Nada, de Caetano Veloso, é definitiva. Só pra Te Mostrar, dueto com o paralama Herbert Vianna, é um pop-rock de primeira linhagem. E até mesmo as percussivas O Canto da Cidade, Batuque e O Mais Belo dos Belos são oásis em meio à maior parte do que se produzia na chamada axé music da época. E ainda hoje é assim.
O problema é que Daniela se perdeu ao começar a investir na música eletrônica, após o também ótimo Feijão com Arroz, de 1996. Tentou fugir do estigma da axé music, mas não encontrou boas músicas, próprias ou de terceiros, que justificassem a fuga. Tanto é que o melhor de sua carreira está muito bem resumido na excelente coletânea Swing Tropical, da Som Livre, que traz essencialmente faixas retiradas dos CDs O Canto da Cidade e Feijão com Arroz. É um bom disco, com boas músicas, a maior parte delas no estilo samba-reggae.
Essa nova versão do CD acompanha um DVD com um show de Daniela Mercury na Praça da Apoteose, no Rio, em 1992. Curioso, ao ver a multidão que lotava o Sambódromo para assistir a uma cantora em início de carreira, é perceber que Daniela, desde aquela época, já carregava consigo o paradoxo de não depender tanto de vasto repertório para ser uma grande artista. Afinal, mesmo sem emplacar um hit do naipe de O Canto da Cidade há alguns anos, ela nunca perdeu o status de musa.
Com um set list irregular, que incluía as deslocadas Há Tempos (Legião Urbana) e Maluco Beleza (Raul Seixas), Daniela Mercury levantou a multidão, ajudada em muito por sua performance teatral, adquirida nos tempos de bailarina.
Mais interessante que o show são as gravações feitas para um especial da Rede Globo, em que Daniela faz duetos ao vivo com Tom Jobim (Águas de Março) e Herbert Vianna (Só pra Te Mostrar). Já Caetano Veloso ataca de ator no clipe de Você Não Entende Nada.
No final das contas, pela importância e qualidade, o CD inverte a lógica do mercado e torna-se mais relevante que as imagens do DVD. Quem sabe não esteja no velho disquinho digital a receita para Daniela Mercury reencontrar a essência de sua música.
Parabéns Cristina Mel, uma das maiores cantoras do Brasil
Hoje, 10 de março, é aniversário de uma das maiores cantoras do Brasil. Maria Bethânia? Não. Elba Ramalho? Menos. Ana Carolina? Tá frio.
Falo de Cristina Mel, cantora gospel com quase 20 anos de carreira. Se não tivesse optado pela música religiosa – da qual é, disparado, a melhor representante – Maria Cristina Mel (sobrenome artístico incorporado na Justiça recentemente) de Almeida seria unanimidade de público e crítica.
Certamente sua voz, de afinação e extensão raras, e sua musicalidade já teriam sido reconhecidas pelos prêmios Shell, Tim e Multishow da vida. Algo que, infelizmente, não acontece na música gospel, dada a pouca quantidade de premiações e a credibilidade duvidosa das que existem.
Conheço Cristina Mel há muitos anos. Ela já era uma referência para mim mesmo quando eu mal sabia o que era a música gospel. Durante os anos de Revista do Nopem, Universo Musical e Universo Gospel, foram vários encontros, entrevistas, bate-papos, desabafos e, é claro, audições de discos que, a despeito do porte das gravadoras pelos quais eram lançados, tinham um carimbo de qualidade.
A última vez que o talento de Cristina Mel me encantou foi em 2007, na gravação de um DVD da Line Records, no Vivo Rio. Lá estava ela no palco em meio a outros artistas da gravadora.
Sem desmerecer os outros, quase todos meus amigos, Cristina Mel era, na verdade, a única ali que merecia esse título. Ela É uma artista, na melhor e mais completa acepção da palavra.
No palco, Cristina Mel não só transmite a Palavra de Deus, objetivo comum de todos do segmento. Ela vai além: sente, transpira, emociona. Como nenhum outro – e aí não falo só dos evangélicos – mostra que a música, como diz o senso comum, não tem fronteiras. A música, na voz de Cristina Mel, é do tamanho do universo. Ela, sim, é um universo musical.
Se você nunca ouviu Cristina Mel cantar, dispa-se de qualquer preconceito e pudor, caso tenha algum. Peça de um amigo, baixe na internet ou encontre algum modo, convencional ou não, de ouvir um de seus discos. Para lhe ajudar, dou a dica do CD e DVD 15 Anos ao Vivo, a cuja gravação, realizada em São Paulo, tive a honra de assistir. Ouça a última faixa, A Mão do Mestre, e deixe-se emocionar.
A você, minha amiga, parabéns pelos 44 anos de puro talento. Serei seu eterno fã.
Falo de Cristina Mel, cantora gospel com quase 20 anos de carreira. Se não tivesse optado pela música religiosa – da qual é, disparado, a melhor representante – Maria Cristina Mel (sobrenome artístico incorporado na Justiça recentemente) de Almeida seria unanimidade de público e crítica.
Certamente sua voz, de afinação e extensão raras, e sua musicalidade já teriam sido reconhecidas pelos prêmios Shell, Tim e Multishow da vida. Algo que, infelizmente, não acontece na música gospel, dada a pouca quantidade de premiações e a credibilidade duvidosa das que existem.
Conheço Cristina Mel há muitos anos. Ela já era uma referência para mim mesmo quando eu mal sabia o que era a música gospel. Durante os anos de Revista do Nopem, Universo Musical e Universo Gospel, foram vários encontros, entrevistas, bate-papos, desabafos e, é claro, audições de discos que, a despeito do porte das gravadoras pelos quais eram lançados, tinham um carimbo de qualidade.
A última vez que o talento de Cristina Mel me encantou foi em 2007, na gravação de um DVD da Line Records, no Vivo Rio. Lá estava ela no palco em meio a outros artistas da gravadora.
Sem desmerecer os outros, quase todos meus amigos, Cristina Mel era, na verdade, a única ali que merecia esse título. Ela É uma artista, na melhor e mais completa acepção da palavra.
No palco, Cristina Mel não só transmite a Palavra de Deus, objetivo comum de todos do segmento. Ela vai além: sente, transpira, emociona. Como nenhum outro – e aí não falo só dos evangélicos – mostra que a música, como diz o senso comum, não tem fronteiras. A música, na voz de Cristina Mel, é do tamanho do universo. Ela, sim, é um universo musical.
Se você nunca ouviu Cristina Mel cantar, dispa-se de qualquer preconceito e pudor, caso tenha algum. Peça de um amigo, baixe na internet ou encontre algum modo, convencional ou não, de ouvir um de seus discos. Para lhe ajudar, dou a dica do CD e DVD 15 Anos ao Vivo, a cuja gravação, realizada em São Paulo, tive a honra de assistir. Ouça a última faixa, A Mão do Mestre, e deixe-se emocionar.
A você, minha amiga, parabéns pelos 44 anos de puro talento. Serei seu eterno fã.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Não sabe brincar...
A torcida do Flamengo comemorou mais a vitória de 4ª pela Libertadores do que a conquista da Taça Guanabara, domingo, contra o Botafogo. E não foi por causa da diferença de nível entre as duas competições.
Demorou para cair a ficha rubro-negra. Ou seria o apito? Enfim, os flamenguistas precisaram de alguns dias para perceber que as lambanças dos Homens de Preto custaram o título ao Botafogo.
Somente a perplexidade retardada – em todos os sentidos da palavra – pode explicar a foto ao lado, em que o zé mané do Souza tenta tirar uma onda com os torcedores alvinegros.
Ele não deve ter se lembrado que haverá outros jogos entre Flamengo e Botafogo este ano, um deles daqui a algumas rodadas, no 2º turno do Carioca. Se os jogadores alvinegros já demonstraram sua revolta agora, com palavras, o que esperar da próxima partida? E as torcidas, como irão se comportar?
A idiotice do Souza pode custar caro. Se isso acontecer, ficar de castigo no canto da sala será uma punição leve demais.
Demorou para cair a ficha rubro-negra. Ou seria o apito? Enfim, os flamenguistas precisaram de alguns dias para perceber que as lambanças dos Homens de Preto custaram o título ao Botafogo.
Somente a perplexidade retardada – em todos os sentidos da palavra – pode explicar a foto ao lado, em que o zé mané do Souza tenta tirar uma onda com os torcedores alvinegros.
Ele não deve ter se lembrado que haverá outros jogos entre Flamengo e Botafogo este ano, um deles daqui a algumas rodadas, no 2º turno do Carioca. Se os jogadores alvinegros já demonstraram sua revolta agora, com palavras, o que esperar da próxima partida? E as torcidas, como irão se comportar?
A idiotice do Souza pode custar caro. Se isso acontecer, ficar de castigo no canto da sala será uma punição leve demais.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
É proibido pensar
Acho que já tive a oportunidade de dizer aqui no blog que não tenho acompanhado a música gospel com afinco. Da minha parte, faltam tempo e interesse; do gênero musical, novidades atraentes. Como diria a música dos Paralamas, quase sempre são variações do mesmo tema sem sair do tom.
Além disso, a postura de muitos artistas evangélicos é no mínimo frustrante para quem conhece o meio. Não gostam de ser chamados de artistas – preferem o termo bíblico “levitas” – mas agem com mais orgulho e vaidade que um rock star internacional. Some-se a tudo isso os diversos escândalos envolvendo cantores e pastores e o desânimo está mais que justificado.
Bem, mas este post não é para falar mal da música gospel, muito pelo contrário. Quero destacar algo que vi e achei tão interessante a ponto de gastar um tempinho para falar disso e compartilhar o que penso com todos os meus 2 leitores.
Uma brevíssima introdução sobre o assunto deste texto, o cantor e compositor João Alexandre. Paulista de Campinas, ele é um dos (poucos) poetas da música gospel, autor de letras inspiradas e melodias elaboradas que flertam com samba, bossa nova e jazz. Foi um dos criadores da chamada linha “MPB gospel”.
Conheci o mais recente CD de João Alexandre, É Proibido Pensar, graças a um artigo que Elvis Tavares publicou no site da Efrata Music. O que me chamou a atenção foi o clipe da música, à disposição no Orkut. E não foi só a mim, como comprova uma rápida investigação na internet.
Na verdade, o polêmico vídeo, criado pelo blogueiro carioca Tito Von Brauner, é só o cartório. Há muitas aferições dele, mas na maioria das vezes as imagens são como retratos dos bois cujos nomes foram dados pelo próprio João Alexandre na letra de É Proibido Pensar, título inspirado, obviamente, na canção de Roberto e Erasmo.
De forma mais ou menos velada, no esquema “para quem sabe ler, um pingo é letra”, João Alexandre critica várias denominações evangélicas, ao falar do comércio e da teoria da prosperidade que tomou conta de muitas igrejas. A música gospel é atacada em seus modismos e mesmices: os “profetas apaixonados(...) distantes do trono”, o uso de instrumentos orientais, como o shofar (o vídeo ilustra com foto da cantora Fernanda Brum), a cópia de modelos importados, entre outros.
Mas independentemente de nomes e denominações, justiças e injustiças, João Alexandre está de parabéns por mostrar que, ao contrário do título da música, é possível refletir sempre, até mesmo quando o assunto é religião. Discussão muito pertinente numa época em que fiéis coíbem jornalistas de exercerem seu dever, que nada mais é senão informar.
Além disso, a postura de muitos artistas evangélicos é no mínimo frustrante para quem conhece o meio. Não gostam de ser chamados de artistas – preferem o termo bíblico “levitas” – mas agem com mais orgulho e vaidade que um rock star internacional. Some-se a tudo isso os diversos escândalos envolvendo cantores e pastores e o desânimo está mais que justificado.
Bem, mas este post não é para falar mal da música gospel, muito pelo contrário. Quero destacar algo que vi e achei tão interessante a ponto de gastar um tempinho para falar disso e compartilhar o que penso com todos os meus 2 leitores.
Uma brevíssima introdução sobre o assunto deste texto, o cantor e compositor João Alexandre. Paulista de Campinas, ele é um dos (poucos) poetas da música gospel, autor de letras inspiradas e melodias elaboradas que flertam com samba, bossa nova e jazz. Foi um dos criadores da chamada linha “MPB gospel”.
Conheci o mais recente CD de João Alexandre, É Proibido Pensar, graças a um artigo que Elvis Tavares publicou no site da Efrata Music. O que me chamou a atenção foi o clipe da música, à disposição no Orkut. E não foi só a mim, como comprova uma rápida investigação na internet.
Na verdade, o polêmico vídeo, criado pelo blogueiro carioca Tito Von Brauner, é só o cartório. Há muitas aferições dele, mas na maioria das vezes as imagens são como retratos dos bois cujos nomes foram dados pelo próprio João Alexandre na letra de É Proibido Pensar, título inspirado, obviamente, na canção de Roberto e Erasmo.
De forma mais ou menos velada, no esquema “para quem sabe ler, um pingo é letra”, João Alexandre critica várias denominações evangélicas, ao falar do comércio e da teoria da prosperidade que tomou conta de muitas igrejas. A música gospel é atacada em seus modismos e mesmices: os “profetas apaixonados(...) distantes do trono”, o uso de instrumentos orientais, como o shofar (o vídeo ilustra com foto da cantora Fernanda Brum), a cópia de modelos importados, entre outros.
Mas independentemente de nomes e denominações, justiças e injustiças, João Alexandre está de parabéns por mostrar que, ao contrário do título da música, é possível refletir sempre, até mesmo quando o assunto é religião. Discussão muito pertinente numa época em que fiéis coíbem jornalistas de exercerem seu dever, que nada mais é senão informar.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
A Força está com ela
Uma menininha de 3 anos de idade é a nova febre do YouTube. No vídeo, intitulado “Star Wars according to a 3 year old”, ela repete diálogos do filme Guerra nas Estrelas 4 – Uma Nova Esperança, incluindo a épica luta entre Obi-Wan Kenobi e Darth Vader.
Assista abaixo e repare, babando, na pronúncia perfeita da criança. Não é à toa que o vídeo, há apenas 4 dias no ar, já tenha sido visto por quase 2 milhões de pessoas.
E para quem é fã da série de George Lucas, uma boa notícia. Depois dos curtas de 30 minutos que já estão sendo exibidos no Cartoon Network, será lançado nos cinemas o longa de animação Star Wars: The Clone Wars.
A história do filme vai se concentrar no que acontece entre os episódios 2 e 3 da saga original. A estréia está prevista para 15 de agosto, nos EUA.
De março a julho, ainda rola na Bienal de Sampa a exposição Star Wars. Pela primeira no Brasil, a mostra terá 200 peças originais dos estúdios da Lucas Film utilizadas na produção dos seis longas da série. Acesse o site Star Wars Brasil, que é bem bacana, e veja mais detalhes.
Assista abaixo e repare, babando, na pronúncia perfeita da criança. Não é à toa que o vídeo, há apenas 4 dias no ar, já tenha sido visto por quase 2 milhões de pessoas.
E para quem é fã da série de George Lucas, uma boa notícia. Depois dos curtas de 30 minutos que já estão sendo exibidos no Cartoon Network, será lançado nos cinemas o longa de animação Star Wars: The Clone Wars.
A história do filme vai se concentrar no que acontece entre os episódios 2 e 3 da saga original. A estréia está prevista para 15 de agosto, nos EUA.
De março a julho, ainda rola na Bienal de Sampa a exposição Star Wars. Pela primeira no Brasil, a mostra terá 200 peças originais dos estúdios da Lucas Film utilizadas na produção dos seis longas da série. Acesse o site Star Wars Brasil, que é bem bacana, e veja mais detalhes.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Here come the Men in Black
Mais uma vez o pessoal do MIB (Men in Black) usa suas armas antialienígenas para prejudicar o Botafogo numa final.
Ano passado, o Glorioso foi a vítima preferida dos homens (e mulheres, né, Ana Paula?) de preto. Mas enquanto meus companheiros alvinegros reclamavam da arbitragem, eu preferia culpar a falta de garra da equipe pelas sucessivas derrotas.
Mas ontem, no Maracanã, não houve desculpa. Assim como na final de 2007, o Botafogo deste ano tem mais time que o Flamengo e foi superior em campo. A diferença é que agora temos um time “de machos”, como queria o Montenegro.
Faltou sorte, sim, mas seria muito mais fácil o juiz não marcar aquele pênalti absurdo – do tipo que só marcam contra o Botafogo – a querer que a bola, em vez de bater na trave, entrasse no gol aos 50 minutos, quando a equipe tinha um a menos e os jogadores estavam com os nervos à flor da pele.
E ainda teve a bola recuada pelo zagueiro rubro-negro que o goleiro defendeu, sem que o juiz marcasse tiro livre indireto; a expulsão ridícula do Zé Carlos, que nem participou da confusão após o pênalti; e uma falta perto da área, no fim do jogo, que o bandeirinha viu e também não fez nada. E nós ainda temos que aturar a explicação do Arnaldo Cezar Coelho: “o jogador do Botafogo se joga tanto que, quando é falta mesmo, ninguém acredita”. Aaaaaaaah, bom... Alguém merece?
Meu consolo é saber que agora, seguindo a tradição, o Flamengo vai ignorar a Taça Rio para se dedicar à Taça Libertadores, título que não tem a menor condição de vencer, pela deficiência do elenco (o mesmo vale para o Fluminense e valeria para Botafogo e Vasco, se estivessem lá).
Muito provavelmente o Botafogo vencerá o segundo turno – até porque é muito superior a Vasco e Fluminense, como provou na Taça Guanabara – e se reencontrará com o Flamengo na grande final. Vamos ver se da próxima vez o Will Smith e o Tommy Lee Jones serão convidados.
Ano passado, o Glorioso foi a vítima preferida dos homens (e mulheres, né, Ana Paula?) de preto. Mas enquanto meus companheiros alvinegros reclamavam da arbitragem, eu preferia culpar a falta de garra da equipe pelas sucessivas derrotas.
Mas ontem, no Maracanã, não houve desculpa. Assim como na final de 2007, o Botafogo deste ano tem mais time que o Flamengo e foi superior em campo. A diferença é que agora temos um time “de machos”, como queria o Montenegro.
Faltou sorte, sim, mas seria muito mais fácil o juiz não marcar aquele pênalti absurdo – do tipo que só marcam contra o Botafogo – a querer que a bola, em vez de bater na trave, entrasse no gol aos 50 minutos, quando a equipe tinha um a menos e os jogadores estavam com os nervos à flor da pele.
E ainda teve a bola recuada pelo zagueiro rubro-negro que o goleiro defendeu, sem que o juiz marcasse tiro livre indireto; a expulsão ridícula do Zé Carlos, que nem participou da confusão após o pênalti; e uma falta perto da área, no fim do jogo, que o bandeirinha viu e também não fez nada. E nós ainda temos que aturar a explicação do Arnaldo Cezar Coelho: “o jogador do Botafogo se joga tanto que, quando é falta mesmo, ninguém acredita”. Aaaaaaaah, bom... Alguém merece?
Meu consolo é saber que agora, seguindo a tradição, o Flamengo vai ignorar a Taça Rio para se dedicar à Taça Libertadores, título que não tem a menor condição de vencer, pela deficiência do elenco (o mesmo vale para o Fluminense e valeria para Botafogo e Vasco, se estivessem lá).
Muito provavelmente o Botafogo vencerá o segundo turno – até porque é muito superior a Vasco e Fluminense, como provou na Taça Guanabara – e se reencontrará com o Flamengo na grande final. Vamos ver se da próxima vez o Will Smith e o Tommy Lee Jones serão convidados.
Zeca é fera até no jingle
Só mesmo Zeca Pagodinho para levar vida inteligente aos comerciais de cerveja, marcados pelo clichê do cara que pega (ou pensa que vai pegar) a mulher de bundão e peitão depois de tomar uns gorós.
No anúncio da Brahma que estreou sexta-feira passada, Zeca exalta o brahmeiro, aquele cara que “corre atrás de seus objetivos e tem fé na vida, é otimista, trabalhador, dá valor à sua família e preza os momentos de celebração com os amigos”, na definição da agência Africa, autora do comercial.
O publicitário Nizan Guanaes, presidente da agência, é o compositor do jingle, muito bom, no estilo Deixa a Vida Me Levar. Se a letra não tivesse o nome da cerveja, era hit certo.
A direção do anúncio é de Andrucha Waddington, da Conspiração Filmes. Foram criadas duas versões: uma inteira, de 1 minuto, e a reduzida, de 30 segundos. Confira abaixo a versão completa e a letra do jingle. Um brinde a Zeca Pagodinho!
Brahmeiro – letra
(Nizan Guanaes)
De manhã cedo, eu me benzo, me levanto e vou trabalhar.
Tudo o que eu tenho nessa vida conquistei, tive de ralar.
Do meu pai e minha mãe aprendi o que sei.
E os meus filhos vão herdar o nome limpo que eu herdei.
Não sou barão, mas me sinto um rei, porque tenho um lar.
E no final daquele dia duro de batente
É a hora da minha Brahma que também sou gente.
A vida não tem graça sem ter os amigos e o que celebrar.
Eu sou brahmeiro, amor, eu sou brahmeiro.
Sou do batente, sou da luta, sou guerreiro, eu sou brasileiro.
Eu sou brahmeiro, amor, eu sou brahmeiro.
Sou do batente, sou da luta, sou guerreiro, eu sou brasileiro.
No anúncio da Brahma que estreou sexta-feira passada, Zeca exalta o brahmeiro, aquele cara que “corre atrás de seus objetivos e tem fé na vida, é otimista, trabalhador, dá valor à sua família e preza os momentos de celebração com os amigos”, na definição da agência Africa, autora do comercial.
O publicitário Nizan Guanaes, presidente da agência, é o compositor do jingle, muito bom, no estilo Deixa a Vida Me Levar. Se a letra não tivesse o nome da cerveja, era hit certo.
A direção do anúncio é de Andrucha Waddington, da Conspiração Filmes. Foram criadas duas versões: uma inteira, de 1 minuto, e a reduzida, de 30 segundos. Confira abaixo a versão completa e a letra do jingle. Um brinde a Zeca Pagodinho!
Brahmeiro – letra
(Nizan Guanaes)
De manhã cedo, eu me benzo, me levanto e vou trabalhar.
Tudo o que eu tenho nessa vida conquistei, tive de ralar.
Do meu pai e minha mãe aprendi o que sei.
E os meus filhos vão herdar o nome limpo que eu herdei.
Não sou barão, mas me sinto um rei, porque tenho um lar.
E no final daquele dia duro de batente
É a hora da minha Brahma que também sou gente.
A vida não tem graça sem ter os amigos e o que celebrar.
Eu sou brahmeiro, amor, eu sou brahmeiro.
Sou do batente, sou da luta, sou guerreiro, eu sou brasileiro.
Eu sou brahmeiro, amor, eu sou brahmeiro.
Sou do batente, sou da luta, sou guerreiro, eu sou brasileiro.
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Eles ainda seguram o Tchan
Esta poderia ter saído no Acredite se Quiser, mas está no Orkut, mesmo. Existe uma comunidade que exalta a nova formação do grupo É o Tchan, chamada É o Tchan de cara nova. Mais incrível ainda é saber que tem quase 3 mil guerreiros inscritos lá.
Para quem, como eu, pensava que o Tchan já tivesse ralado é peito, cantado pra subir, a comunidade nos apresenta a nova dupla de vocalistas, que ocupa o lugar honroso já ocupado pelos célebres Cumpadi Washington e Beto Jamaica (onde eles estariam hoje?).
Legal é ver a minibiografia deles. Um dos novos cantores é Johnny, que fez parte de três grupos: Cafuné, Swingueira do Bicho e Os Marotos. Seu colega é Jack, ex-Digalera. Não fui apresentado a nenhuma das quatro bandas. Prazer. Ah, é importante dizer que Johnny e Jack são “dois gogós de ouro”, na descrição do autor da comunidade.
Lá também tem o link para o site do É o Tchan, que parece ter sido criado por um desses fãs remanescentes. É o melhor retrato da decadência da banda.
Tudo bem que o Orkut seja um espaço democrático e que gosto não se discuta. Mas até os antigos fãs do grupo, que o ajudaram a vender milhões de cópias, sabem que não dá mais para segurar o Tchan. Passou, já foi. É como diz o velho ditado: insistir no erro.... Você sabe.
Para quem, como eu, pensava que o Tchan já tivesse ralado é peito, cantado pra subir, a comunidade nos apresenta a nova dupla de vocalistas, que ocupa o lugar honroso já ocupado pelos célebres Cumpadi Washington e Beto Jamaica (onde eles estariam hoje?).
Legal é ver a minibiografia deles. Um dos novos cantores é Johnny, que fez parte de três grupos: Cafuné, Swingueira do Bicho e Os Marotos. Seu colega é Jack, ex-Digalera. Não fui apresentado a nenhuma das quatro bandas. Prazer. Ah, é importante dizer que Johnny e Jack são “dois gogós de ouro”, na descrição do autor da comunidade.
Lá também tem o link para o site do É o Tchan, que parece ter sido criado por um desses fãs remanescentes. É o melhor retrato da decadência da banda.
Tudo bem que o Orkut seja um espaço democrático e que gosto não se discuta. Mas até os antigos fãs do grupo, que o ajudaram a vender milhões de cópias, sabem que não dá mais para segurar o Tchan. Passou, já foi. É como diz o velho ditado: insistir no erro.... Você sabe.
Leitores do blog querem Stevie Wonder no Brasil
Pelos nomes que já vieram e os que sabemos que virão, 2008 deverá ser o ano dos shows internacionais no Brasil. Mas quem o povo quer ainda está longe do país. Ao menos é o que indica a última pesquisa realizada pelo blog.
Escolhemos quatro artistas que há muito tempo não fazem shows por aqui e perguntamos aos leitores a quem eles gostariam de assistir. Com 44% dos votos, quase o dobro do segundo colocado, o vencedor foi Stevie Wonder.
O vice campeão, com 24%, foi Elton John. O ex-beatle Paul McCartney (17%) e a banda Queen, com Paul Rodgers nos vocais (13%), vieram a seguir.
Em 2006, Stevie Wonder foi convidado para encerrar a 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (Ciad), realizada na Bahia. Mas os últimos shows “oficiais” no Brasil foram em 1995, no Rio e em São Paulo, dentro do antigo Free Jazz Festival. Na época, ele recebeu no palco o brasileiro Gilberto Gil, que o reverenciou de joelhos.
Confira abaixo um outro encontro de Stevie Wonder e Gilberto Gil, tocando juntos o clássico Desafinado.
Escolhemos quatro artistas que há muito tempo não fazem shows por aqui e perguntamos aos leitores a quem eles gostariam de assistir. Com 44% dos votos, quase o dobro do segundo colocado, o vencedor foi Stevie Wonder.
O vice campeão, com 24%, foi Elton John. O ex-beatle Paul McCartney (17%) e a banda Queen, com Paul Rodgers nos vocais (13%), vieram a seguir.
Em 2006, Stevie Wonder foi convidado para encerrar a 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (Ciad), realizada na Bahia. Mas os últimos shows “oficiais” no Brasil foram em 1995, no Rio e em São Paulo, dentro do antigo Free Jazz Festival. Na época, ele recebeu no palco o brasileiro Gilberto Gil, que o reverenciou de joelhos.
Confira abaixo um outro encontro de Stevie Wonder e Gilberto Gil, tocando juntos o clássico Desafinado.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Skank arrebenta no cover de Beleza Pura
CRÍTICA DE SINGLE
● Música: Beleza Pura
● Artista: Skank
Enquanto a Globo fazia só as chamadas, era difícil reconhecer o intérprete. Mas quando a novela das sete Beleza Pura estreou esta semana, foi impossível não identificar a marca registrada do Skank na música-título, releitura do sucesso de Caetano Veloso também gravado pelo grupo A Cor do Som.
A gravação de Beleza Pura marca o reencontro do Skank com o produtor Dudu Marote dez anos após o mega-sucesso do álbum O Samba Poconé, que, junto ao anterior, Calango, ultrapassou a marca de 3 milhões de cópias vendidas.
Releituras não são novidade para o Skank. O quarteto liderado por Samuel Rosa viveu experiência semelhante em 2004, quando gravou Vamos Fugir, de outro baiano, Gilberto Gil.
Se agora a música é tema de abertura de novela, há quatro anos serviu de trilha sonora para um comercial. Outra semelhança entre as duas versões está na idade: a Vamos Fugir dos mineiros apareceu 20 anos após a original; já a nova Beleza Pura surge quase 30 anos depois do registro de Caetano, feito em 1979.
Nos dois casos, o principal mérito do Skank foi conferir frescor e jovialidade a antigas canções, fazendo-as parecer como novas. Tarefa que eles também cumpriram com maestria ao verter para o português a música I Want You, de Bob Dylan, que virou o hit Tanto. Mas aqui vale ressaltar que a versão ao vivo, gravada para o CD e DVD da MTV, é bem superior à de estúdio, presente no primeiro álbum do grupo.
O diferencial da Beleza Pura do Skank em relação às de Caetano e A Cor do Som é, sem dúvida, o naipe de metais, que ficou a cargo do sensacional grupo paulista Funk como Le Gusta. Somando os metais em brasa à voz marcante de Samuel Rosa e ao punch de sua guitarra meio rock, meio reggae, o resultado é uma ótima música que tem tudo para repetir ou superar o sucesso de Vamos Fugir.
No último dia 16 de fevereiro, o Skank tocou Beleza Pura no Festival Planeta Atlântida, no Rio Grande do Sul. Ao vivo a música ganhou ainda mais força e deu origem a um clipe que está sendo executado no canal Multishow. Confira abaixo o vídeo, que já foi parar no YouTube.
● Música: Beleza Pura
● Artista: Skank
Enquanto a Globo fazia só as chamadas, era difícil reconhecer o intérprete. Mas quando a novela das sete Beleza Pura estreou esta semana, foi impossível não identificar a marca registrada do Skank na música-título, releitura do sucesso de Caetano Veloso também gravado pelo grupo A Cor do Som.
A gravação de Beleza Pura marca o reencontro do Skank com o produtor Dudu Marote dez anos após o mega-sucesso do álbum O Samba Poconé, que, junto ao anterior, Calango, ultrapassou a marca de 3 milhões de cópias vendidas.
Releituras não são novidade para o Skank. O quarteto liderado por Samuel Rosa viveu experiência semelhante em 2004, quando gravou Vamos Fugir, de outro baiano, Gilberto Gil.
Se agora a música é tema de abertura de novela, há quatro anos serviu de trilha sonora para um comercial. Outra semelhança entre as duas versões está na idade: a Vamos Fugir dos mineiros apareceu 20 anos após a original; já a nova Beleza Pura surge quase 30 anos depois do registro de Caetano, feito em 1979.
Nos dois casos, o principal mérito do Skank foi conferir frescor e jovialidade a antigas canções, fazendo-as parecer como novas. Tarefa que eles também cumpriram com maestria ao verter para o português a música I Want You, de Bob Dylan, que virou o hit Tanto. Mas aqui vale ressaltar que a versão ao vivo, gravada para o CD e DVD da MTV, é bem superior à de estúdio, presente no primeiro álbum do grupo.
O diferencial da Beleza Pura do Skank em relação às de Caetano e A Cor do Som é, sem dúvida, o naipe de metais, que ficou a cargo do sensacional grupo paulista Funk como Le Gusta. Somando os metais em brasa à voz marcante de Samuel Rosa e ao punch de sua guitarra meio rock, meio reggae, o resultado é uma ótima música que tem tudo para repetir ou superar o sucesso de Vamos Fugir.
No último dia 16 de fevereiro, o Skank tocou Beleza Pura no Festival Planeta Atlântida, no Rio Grande do Sul. Ao vivo a música ganhou ainda mais força e deu origem a um clipe que está sendo executado no canal Multishow. Confira abaixo o vídeo, que já foi parar no YouTube.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Caso Preta Gil revela o lado negro da força
Sexta-feira, um amigo me passou o link para a notícia do processo que Preta Gil moverá contra o Google. Para quem não sabe: ao digitar as palavras “atriz” e “gorda” no Google Imagens, o site recomenda que a pessoa pesquise também a expressão “Preta Gil”.
Num primeiro momento, minha reação foi rir, não dela, mas da situação esdrúxula. Um pouco depois, nem disso mais achava graça.
O Google é responsável, sim, mas não tem culpa. É como se fosse um homicídio culposo, sem intenção de matar. Os resultados das buscas, a maior ou menor relevância dos sites ou palavras indicados, são fruto de um algoritmo próprio do Google. Traduzindo, é tudo automático.
Na maior parte das vezes, o resultado agrada o usuário, que encontra rapidamente o que procura. Essa eficiência dá ao site criado por Larry Page e Sergey Brin quase o monopólio mundial dos mecanismos de busca. Não é à toa que a Microsoft está oferecendo milhões de dólares ao Yahoo na tentativa de criar um concorrente à altura do Google.
Mas o caso Preta Gil nos lembra que nem sempre a automatização funciona. Apesar dos efeitos negativos para a imagem e a auto-estima da filha do ministro, tudo isso é bom para revelar que existe um lado negro da força, e ele pode ser perigoso.
Não dá pra delegar poderes totais de decisão a uma máquina e ficar deitado em berço esplêndido imaginando que tudo sempre dará certo. Em algum momento pode haver uma conseqüência desastrosa. Já assistiu ao filme Candidato Aloprado, com Robin Williams? É uma obra de ficção, mas nos faz refletir da mesma forma. Quem sabe não esteja na hora de fazer alguns ajustes nesses algoritmos tão geniais, tirar a mão do bolso e contratar mais seres humanos para interagir com os robozinhos?
Mas, infelizmente, também não dá para esperar muito das pessoas. Não estou falando dos possíveis profissionais que o Google deveria contratar, pois a obrigação deles seria cuidar da imagem da empresa.
Ontem, no blog do Ancelmo Góis, no Globo Online, havia mais de 200 comentários para a notícia. Comecei a ler as mais recentes, mas parei por indignação. Havia todo tipo de ofensa e declaração preconceituosa contra Preta Gil, como se ela não tivesse sentimentos ou estivesse usando aquela situação deplorável para se aproveitar.
É a famosa e detestável síndrome de teoria da conspiração do brasileiro. A mesma que produz absurdos do tipo “o Brasil entregou a Copa de 1998 para a França porque queria sediar os jogos” e “os atentados de 11 de setembro foram planejados por George Bush para poder atacar o Iraque”.
Isso é preocupante. Parece que hoje, além de assistirmos quase indefesos às atrocidades que os poderosos – grandes empresas, políticos, nações – cometem contra nós, temos que aceitar que supostas estratégias de marketing estão acima de nossas crenças e até mesmo complexos.
Não pode ser assim. Até que me provem o contrário, prefiro acreditar que dinheiro nenhum compra a paz interior. Por isso, Preta Gil, vá à luta. Pegue seu sabre de luz e combata todos os Darth Vaders que encontrar pela frente. A força está com você.
Num primeiro momento, minha reação foi rir, não dela, mas da situação esdrúxula. Um pouco depois, nem disso mais achava graça.
O Google é responsável, sim, mas não tem culpa. É como se fosse um homicídio culposo, sem intenção de matar. Os resultados das buscas, a maior ou menor relevância dos sites ou palavras indicados, são fruto de um algoritmo próprio do Google. Traduzindo, é tudo automático.
Na maior parte das vezes, o resultado agrada o usuário, que encontra rapidamente o que procura. Essa eficiência dá ao site criado por Larry Page e Sergey Brin quase o monopólio mundial dos mecanismos de busca. Não é à toa que a Microsoft está oferecendo milhões de dólares ao Yahoo na tentativa de criar um concorrente à altura do Google.
Mas o caso Preta Gil nos lembra que nem sempre a automatização funciona. Apesar dos efeitos negativos para a imagem e a auto-estima da filha do ministro, tudo isso é bom para revelar que existe um lado negro da força, e ele pode ser perigoso.
Não dá pra delegar poderes totais de decisão a uma máquina e ficar deitado em berço esplêndido imaginando que tudo sempre dará certo. Em algum momento pode haver uma conseqüência desastrosa. Já assistiu ao filme Candidato Aloprado, com Robin Williams? É uma obra de ficção, mas nos faz refletir da mesma forma. Quem sabe não esteja na hora de fazer alguns ajustes nesses algoritmos tão geniais, tirar a mão do bolso e contratar mais seres humanos para interagir com os robozinhos?
Mas, infelizmente, também não dá para esperar muito das pessoas. Não estou falando dos possíveis profissionais que o Google deveria contratar, pois a obrigação deles seria cuidar da imagem da empresa.
Ontem, no blog do Ancelmo Góis, no Globo Online, havia mais de 200 comentários para a notícia. Comecei a ler as mais recentes, mas parei por indignação. Havia todo tipo de ofensa e declaração preconceituosa contra Preta Gil, como se ela não tivesse sentimentos ou estivesse usando aquela situação deplorável para se aproveitar.
É a famosa e detestável síndrome de teoria da conspiração do brasileiro. A mesma que produz absurdos do tipo “o Brasil entregou a Copa de 1998 para a França porque queria sediar os jogos” e “os atentados de 11 de setembro foram planejados por George Bush para poder atacar o Iraque”.
Isso é preocupante. Parece que hoje, além de assistirmos quase indefesos às atrocidades que os poderosos – grandes empresas, políticos, nações – cometem contra nós, temos que aceitar que supostas estratégias de marketing estão acima de nossas crenças e até mesmo complexos.
Não pode ser assim. Até que me provem o contrário, prefiro acreditar que dinheiro nenhum compra a paz interior. Por isso, Preta Gil, vá à luta. Pegue seu sabre de luz e combata todos os Darth Vaders que encontrar pela frente. A força está com você.
Earth, Wind and Fire no Brasil. Eu fui
CRÍTICA DE SHOW
● ARTISTA: Earth, Wind and Fire
● Data: 16/02/08
● Local: Vivo Rio (RJ)
Acabei de chegar do show do Earth, Wind and Fire no Vivo Rio. Há muito tempo não cantava e dançava tanto. Apesar de exausto, decidi escrever sob o efeito da emoção. Até agora não acredito que estive tão perto dos caras, nem que eles são tão bons. Vai demorar um pouco pra ficha cair.
Traduzir em palavras o que vi e ouvi há poucos instantes é tarefa difícil, mesmo para um jornalista calejado. Tentarei, prometo, e vou procurar ser breve. Se não conseguir nem uma coisa nem outra, e você quiser parar por aqui, vai o resumo: foi o show da minha vida, pelo menos até agora.
Esperava um show muito dançante. Expectativa que se manteve quando Philip Bailey, Verdine White e Ralph Johnson, remanescentes da formação clássica do EWF, entraram no palco, seguidos pelo resto da banda um pouco depois, emendando, de cara, Boogie Wonderland e Sing a Song.
Mas com os longos e magistrais solos de sax e teclado que se seguiram – este último, para surpresa geral, reproduzia sons de vozes – percebi que aquela não era uma noite para dançar, embora milhares de pessoas, eu inclusive, tenham feito isso até se esbaldar. Era para apreciar. Estávamos diante de alguns dos melhores músicos do mundo, e não é todo dia que isso acontece.
Para nossa sorte, os integrantes do EWF não são modestos. Eles sabem que são bons, por isso colocam a técnica acima do repertório. Ainda mais depois de 27 anos sem tocar no Brasil, como lembrou Ralph Johnson, em bom português. E é aí que eu percebo que a ausência de Getaway e In the Stone no set list são meros detalhes, assim como os sucessos que eles tocaram: September, Let’s Groove, Fantasy, Shining Star, Can’t Hide Love, After the Love Has Gone, Reasons, Got to Get into My Life, Devotion. Neste caso, vale a definição inglesa: “music” é maior do que “song”.
Se fosse para definir a apresentação do Earth, Wind and Fire em uma palavra, eu usaria improviso. Embora seja conhecida como uma banda de funk e disco music, o EWF parece que faz jazz. Cada músico é um show à parte. Todos têm vida própria, seja por um solo, uns passos de dança ou somente um sorriso. A voz de Philip Bailey, ainda bem, não acompanhou sua perda de forma física. Ele está melhor do que nunca, com agudos e falsetes desconcertantes. Ele não perde o fôlego, mas quem o vê, sim.
Eu poderia gastar muitas linhas contando detalhes do show – o solo arrasador de trompete; a participação do brasileiro Valmir Borges, que cantou Circo Marimbondo, de Milton Nascimento; o coro arrepiante do público em After the Love Has Gone; a pista de dança criada espontaneamente na seqüência September/Let’s Groove; a criança que subiu ao palco em Devotion (“Thru devotion/ blessed are the children”).
Mas não. Vou comer alguma coisa e dormir. Admito que falho na missão jornalística de traduzir o que vejo em palavras. Mas não me considero derrotado, porque escrever sentimentos é tarefa de poetas. E um show do EWF ao vivo é isso, sentimento.
Para você que não esteve nem na Via Funchal nem no Vivo Rio, lamento, mas não adianta querer compensar com um DVD ou um vídeo no YouTube. Nessas horas, a tecnologia é tão falha quanto as palavras. Só quem esteve lá sabe como foi. A única saída é torcer para que eles não demorem outros 27 anos para voltar.
---
Um agradecimento especial a Lana Palmer.
● ARTISTA: Earth, Wind and Fire
● Data: 16/02/08
● Local: Vivo Rio (RJ)
Acabei de chegar do show do Earth, Wind and Fire no Vivo Rio. Há muito tempo não cantava e dançava tanto. Apesar de exausto, decidi escrever sob o efeito da emoção. Até agora não acredito que estive tão perto dos caras, nem que eles são tão bons. Vai demorar um pouco pra ficha cair.
Traduzir em palavras o que vi e ouvi há poucos instantes é tarefa difícil, mesmo para um jornalista calejado. Tentarei, prometo, e vou procurar ser breve. Se não conseguir nem uma coisa nem outra, e você quiser parar por aqui, vai o resumo: foi o show da minha vida, pelo menos até agora.
Esperava um show muito dançante. Expectativa que se manteve quando Philip Bailey, Verdine White e Ralph Johnson, remanescentes da formação clássica do EWF, entraram no palco, seguidos pelo resto da banda um pouco depois, emendando, de cara, Boogie Wonderland e Sing a Song.
Mas com os longos e magistrais solos de sax e teclado que se seguiram – este último, para surpresa geral, reproduzia sons de vozes – percebi que aquela não era uma noite para dançar, embora milhares de pessoas, eu inclusive, tenham feito isso até se esbaldar. Era para apreciar. Estávamos diante de alguns dos melhores músicos do mundo, e não é todo dia que isso acontece.
Para nossa sorte, os integrantes do EWF não são modestos. Eles sabem que são bons, por isso colocam a técnica acima do repertório. Ainda mais depois de 27 anos sem tocar no Brasil, como lembrou Ralph Johnson, em bom português. E é aí que eu percebo que a ausência de Getaway e In the Stone no set list são meros detalhes, assim como os sucessos que eles tocaram: September, Let’s Groove, Fantasy, Shining Star, Can’t Hide Love, After the Love Has Gone, Reasons, Got to Get into My Life, Devotion. Neste caso, vale a definição inglesa: “music” é maior do que “song”.
Se fosse para definir a apresentação do Earth, Wind and Fire em uma palavra, eu usaria improviso. Embora seja conhecida como uma banda de funk e disco music, o EWF parece que faz jazz. Cada músico é um show à parte. Todos têm vida própria, seja por um solo, uns passos de dança ou somente um sorriso. A voz de Philip Bailey, ainda bem, não acompanhou sua perda de forma física. Ele está melhor do que nunca, com agudos e falsetes desconcertantes. Ele não perde o fôlego, mas quem o vê, sim.
Eu poderia gastar muitas linhas contando detalhes do show – o solo arrasador de trompete; a participação do brasileiro Valmir Borges, que cantou Circo Marimbondo, de Milton Nascimento; o coro arrepiante do público em After the Love Has Gone; a pista de dança criada espontaneamente na seqüência September/Let’s Groove; a criança que subiu ao palco em Devotion (“Thru devotion/ blessed are the children”).
Mas não. Vou comer alguma coisa e dormir. Admito que falho na missão jornalística de traduzir o que vejo em palavras. Mas não me considero derrotado, porque escrever sentimentos é tarefa de poetas. E um show do EWF ao vivo é isso, sentimento.
Para você que não esteve nem na Via Funchal nem no Vivo Rio, lamento, mas não adianta querer compensar com um DVD ou um vídeo no YouTube. Nessas horas, a tecnologia é tão falha quanto as palavras. Só quem esteve lá sabe como foi. A única saída é torcer para que eles não demorem outros 27 anos para voltar.
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Um agradecimento especial a Lana Palmer.
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Tropa de Elite é o Matrix brasileiro (ou: Quem mandou o Minc não indicar os aspiras ao Oscar?)
Ótima notícia ao abrir o jornal hoje, ou melhor, ao acessar a internet: Tropa de Elite conquistou o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Isso depois de ter sido exibido com legendas em alemão, quando o normal é em inglês, e de ser acusado de fascista por um conceituado crítico americano.
É claro que, a esta hora, ninguém está mais feliz que o diretor José Padilha, os atores e a equipe técnica. Mas nós, fãs de Tropa, também nos sentimos parte desta festa. É como se fosse uma doce vingança a todos que, por hipocrisia ou vontade de aparecer, acusaram o filme disso e daquilo. E também ao Ministério da Cultura (Minc), que não o indicou como representante brasileiro na briga pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Preferiram o politicamente correto “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias”, e o resultado foi que nem chegamos entre os finalistas.
Nunca fui muito fã de cinema nacional; admito até que tinha um certo preconceito. Mas quando saí do cinema, depois de ver Tropa de Elite – sim, eu não havia assistido à cópia pirata – fiquei com uma sensação de “uau” que só sentira antes ao ver Matrix.
Comparo Tropa a Matrix não pela história, muito menos pelos efeitos tecnológicos, mas sim pela importância. Assim como Neo e cia. dividiram a história recente de Hollywood, o cinema nacional será classificado antes e depois de Capitão Nascimento e seus aspiras.
Tropa de Elite tem todos os elementos de um grande filme: ação, humor, drama e, principalmente, ótimos personagens e interpretações magníficas. Chamá-lo de fascista é, no mínimo, má-vontade. José Padilha simplesmente relata uma realidade a partir de um ponto de vista, o de um policial. O julgamento de valor cabe a quem vê.
Tão errado quanto é dizer que as cenas de violência são gratuitas. Mais do que retratar o cotidiano, as imagens fazem parte da trama, a complementam, a explicam. Sem elas, o impacto que a história causa no espectador certamente não seria o mesmo.
Gostar ou não de Tropa de Elite faz parte da própria essência do filme, assim como acatar ou recusar as convicções do personagem de Wagner Moura. O que não dá para aceitar são comentários parciais feitos por quem prefere se esquivar do fato de que a triste realidade do Rio e do Brasil está relacionada diretamente ao tráfico e ao consumo de drogas.
Da mesma forma, é inaceitável a decisão do Minc de fechar olhos e ouvidos para a enorme repercussão de Tropa de Elite e não tê-lo incluído na lista de filmes brasileiros que tentariam uma vaga na final do Oscar. Como dificilmente o Brasil produzirá tão cedo um filme desse porte – não por falta de competência, mas por méritos de Tropa – ainda será possível incluí-lo em 2009. Tomara que seja mais um dos efeitos positivos deste Urso de Ouro.
É claro que, a esta hora, ninguém está mais feliz que o diretor José Padilha, os atores e a equipe técnica. Mas nós, fãs de Tropa, também nos sentimos parte desta festa. É como se fosse uma doce vingança a todos que, por hipocrisia ou vontade de aparecer, acusaram o filme disso e daquilo. E também ao Ministério da Cultura (Minc), que não o indicou como representante brasileiro na briga pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Preferiram o politicamente correto “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias”, e o resultado foi que nem chegamos entre os finalistas.
Nunca fui muito fã de cinema nacional; admito até que tinha um certo preconceito. Mas quando saí do cinema, depois de ver Tropa de Elite – sim, eu não havia assistido à cópia pirata – fiquei com uma sensação de “uau” que só sentira antes ao ver Matrix.
Comparo Tropa a Matrix não pela história, muito menos pelos efeitos tecnológicos, mas sim pela importância. Assim como Neo e cia. dividiram a história recente de Hollywood, o cinema nacional será classificado antes e depois de Capitão Nascimento e seus aspiras.
Tropa de Elite tem todos os elementos de um grande filme: ação, humor, drama e, principalmente, ótimos personagens e interpretações magníficas. Chamá-lo de fascista é, no mínimo, má-vontade. José Padilha simplesmente relata uma realidade a partir de um ponto de vista, o de um policial. O julgamento de valor cabe a quem vê.
Tão errado quanto é dizer que as cenas de violência são gratuitas. Mais do que retratar o cotidiano, as imagens fazem parte da trama, a complementam, a explicam. Sem elas, o impacto que a história causa no espectador certamente não seria o mesmo.
Gostar ou não de Tropa de Elite faz parte da própria essência do filme, assim como acatar ou recusar as convicções do personagem de Wagner Moura. O que não dá para aceitar são comentários parciais feitos por quem prefere se esquivar do fato de que a triste realidade do Rio e do Brasil está relacionada diretamente ao tráfico e ao consumo de drogas.
Da mesma forma, é inaceitável a decisão do Minc de fechar olhos e ouvidos para a enorme repercussão de Tropa de Elite e não tê-lo incluído na lista de filmes brasileiros que tentariam uma vaga na final do Oscar. Como dificilmente o Brasil produzirá tão cedo um filme desse porte – não por falta de competência, mas por méritos de Tropa – ainda será possível incluí-lo em 2009. Tomara que seja mais um dos efeitos positivos deste Urso de Ouro.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Michael Jackson comemora 25 anos de Thriller (e eu me lembro da infância)
CRÍTICA DE CD
● DISCO: Thriller – 25th Anniversary
● ARTISTA: Michael Jackson
● GRAVADORA: Sony-BMG
Lembro-me que, na infância, garotos e garotas tinham algo que os diferenciavam além do sexo: a música. Eles se amarravam em RPM e Michael Jackson. Elas se descabelavam pelo Menudo.
Vou-me ater ao gosto masculino, neste caso infinitamente superior, mesmo porque o critério, para nós, era somente musical. O tempo passou e os dois, RPM e Michael Jackson, foram sumindo das prateleiras das lojas de discos, mas não de nossas lembranças.
Apesar do pouco volume e da baixa qualidade do material que lançaram depois do final dos anos 80, Paulo Ricardo e companhia, ao menos, conseguiram manter a reputação. MJ, não. O ex-Jackson 5 e ex-negro (!!!) até que lançou coisas boas, no meio dos álbuns “Dangerous” e “Blood on the Dance Floor”, ambos dos anos 90. A quantidade de coisas ruins foi até superior, mas foi a desastrosa vida pessoal que quase arrasou o rico legado artístico de Michael Jackson. Foram tantas besteiras que ficou quase impossível separar as duas coisas.
Mas ainda bem que ficou no quase. E por mais bobagem que ele continue fazendo, sempre haverá alguém, mesmo que por interesses meramente comerciais, para nos lembrar que Michael Jackson é, ou foi, um gênio.
Até mesmo agora, em que comemora 25 anos do lançamento de “Thriller”, álbum que o catapultou para a glória e o transformou em Rei do Pop, MJ parece querer estragar tudo. A nova edição de “Thriller”, lançada mundialmente pela Sony-BMG esta semana, traz remixes para músicas tão boas que, se fossem ouvidas num disco de vinil com um prego no lugar da agulha, ainda assim seriam obras-primas.
Cinco das nove faixas originais ganharam novas versões e participações especiais: “The Girl is Mine” e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, com Will.I.Am., do Black Eyed Peas; “Wanna Be Startin’ Something”, com Akon; “Beat It”, com Feargie, também do BEP; e “Billie Jean”, com Kanye West. Todos os remixes vêm com o sufixo “2008”, para soarem como novidades. De certo modo até são, e “Beat It” com Fergie até que não ficou ruim, mas as músicas poderiam permanecer como foram criadas.
Bem, mas não podemos reclamar. Lá estão elas também, as originalíssimas, com qualidade sonora perfeita. E são tão boas que seria até leviano da minha parte falar mal do disco. Nem eu quero isso, por favor. Foi só para endossar que a qualidade da obra de Michael Jackson nos anos 70 e 80 é tão grande que nem ele mesmo pode acabar com isso.
Vamos falar, então, de “Thriller”, começando pela reedição.
“Thriller – 25th Anniversary” é um álbum duplo, CD de um lado e DVD de outro. No primeiro, estão lá as nove músicas originais (leia mais sobre elas abaixo) e uma décima, só com a risadinha sinistra de Vincent Price em “Thriller”. Depois vêm os cinco remixes já citados e a grande novidade, a balada romântica “For All Time”, uma sobra de estúdio composta por Steve Porcaro e David Paich, músicos que tocaram sintetizador no disco original. É uma boa canção.
No “lado B digital” estão os clipes de “Billie Jean” e “Beat It”, que mostram um Michael Jackson negro e rebolativo, bem diferente do esquisitão de hoje. Parece outra pessoa.
Já o vídeo de “Thriller”, a música, aparece na versão integral. São quase 15 minutos, um verdadeiro filme, com créditos e tudo. A curiosidade fica por conta da abertura desse clipe-filme, em que aparecem os seguintes letreiros, assinados por Michael Jackson: “Por conta de minhas fortes convicções pessoais, quero enfatizar que este filme, de forma alguma, reforça uma crença no oculto”.
Mas a grande atração mesmo é a apresentação do astro no especial de TV “Motown 25: Yesterday, Today and Forever”, a primeira transmissão da recém-criada NBC, em maio de 1983. Vestindo a clássica blusa brilhante de lantejoula e luvas, MJ domina o público cantando “Billie Jean” e passeando pelo palco com os passos de break e o famoso “moonwalk”. Lembro-me novamente da infância, pois tinha um amigo – aliás, ainda tenho – que fazia isso também. Escondido, para não ser zoado (o que sempre acontecia), vestia-se de preto, colocava as luvas brancas e ia para festas infantis ganhar uma graninha como imitador de Michael Jackson. Era divertido.
Aproveitando o clima de nostalgia, vamos falar do “Thriller” original. O LP foi lançado em dezembro de 1982, pela Epic (selo da então CBS, que depois virou Sony e hoje é Sony-BMG), quando eu tinha 6 anos. Apesar de tão novo, lembro como se fosse hoje do clipe da canção-título passando no “Fantástico”. Deve ser porque fiquei um tanto impressionado com aquela clima sinistro (confesso que até hoje a risada de Vincent Price não me soa agradável).
Aquele foi o segundo trabalho de Michael Jackson com o mago da black music Quincy Jones e o sexto álbum solo do cantor. Foram gravadas apenas nove músicas, uma melhor que a outra. Michael Jackson compôs quatro: “Wanna Be Startin’ Something” e “The Girl is Mine” (clássico dueto com Paul McCartney, que se repetiria um ano depois em “Say, Say, Say”, gravada pelo ex-Beatle), no lado A; “Beat It” e “Billie Jean” no lado B. Completavam o repertório “Baby Be Mine”, “Thriller”, “The Lady in My Life” – todas de Rod Temperton (as duas primeiras, presentes no lado A) – “Human Nature”, de Steve Porcaro e John Beltis, e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, de James Ingram e Quincy Jones.
“Thriller” é uma obra-prima, uma relíquia. Não foi à toa que passou da marca de 100 milhões de cópias vendidas, permanecendo até hoje no “Guinness Book” como o álbum mais bem-sucedido da história. Também foi o único a ficar dois anos seguidos (83 e 84) entre os dez discos mais vendidos nos Estados Unidos e rendeu a Michael Jackson o recorde de estatuetas numa única edição do Grammy: oito, de 12 indicações, em 84.
Das nove faixas originais, cinco foram repetidas na excelente coletânea “History”, que MJ lançou em 1995: “Wanna Be Startin’ Something”, “The Girl is Mine”, “Thriller”, “Beat It” e “Billie Jean”. Mas outras duas são grandes sucessos até hoje executados à exaustão nas rádios: “Baby Be Mine” e “Human Nature”, que tem a participação do percussionista brasileiro Paulinho da Costa. Ele também compõe a banda que gravou “Wanna Be Startin’ Something”. Eddie Van Hallen fez os solos de guitarra de “Beat It” e Janet e Latoya, irmãs de Michael Jackson, integraram o coral feminino de “P.Y.T.”.
É melhor parar por aqui. O álbum mais vendido do mundo ainda guarda muitas outras histórias e curiosidades, algumas espalhadas pelos sites da grande rede, outras guardadas com o autor. Informações que já estão eternizadas em forma de música, mas que ainda assim serão transmitidas de forma escrita ou falada geração após geração, mesmo que Michael Jackson não queira.
● DISCO: Thriller – 25th Anniversary
● ARTISTA: Michael Jackson
● GRAVADORA: Sony-BMG
Lembro-me que, na infância, garotos e garotas tinham algo que os diferenciavam além do sexo: a música. Eles se amarravam em RPM e Michael Jackson. Elas se descabelavam pelo Menudo.
Vou-me ater ao gosto masculino, neste caso infinitamente superior, mesmo porque o critério, para nós, era somente musical. O tempo passou e os dois, RPM e Michael Jackson, foram sumindo das prateleiras das lojas de discos, mas não de nossas lembranças.
Apesar do pouco volume e da baixa qualidade do material que lançaram depois do final dos anos 80, Paulo Ricardo e companhia, ao menos, conseguiram manter a reputação. MJ, não. O ex-Jackson 5 e ex-negro (!!!) até que lançou coisas boas, no meio dos álbuns “Dangerous” e “Blood on the Dance Floor”, ambos dos anos 90. A quantidade de coisas ruins foi até superior, mas foi a desastrosa vida pessoal que quase arrasou o rico legado artístico de Michael Jackson. Foram tantas besteiras que ficou quase impossível separar as duas coisas.
Mas ainda bem que ficou no quase. E por mais bobagem que ele continue fazendo, sempre haverá alguém, mesmo que por interesses meramente comerciais, para nos lembrar que Michael Jackson é, ou foi, um gênio.
Até mesmo agora, em que comemora 25 anos do lançamento de “Thriller”, álbum que o catapultou para a glória e o transformou em Rei do Pop, MJ parece querer estragar tudo. A nova edição de “Thriller”, lançada mundialmente pela Sony-BMG esta semana, traz remixes para músicas tão boas que, se fossem ouvidas num disco de vinil com um prego no lugar da agulha, ainda assim seriam obras-primas.
Cinco das nove faixas originais ganharam novas versões e participações especiais: “The Girl is Mine” e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, com Will.I.Am., do Black Eyed Peas; “Wanna Be Startin’ Something”, com Akon; “Beat It”, com Feargie, também do BEP; e “Billie Jean”, com Kanye West. Todos os remixes vêm com o sufixo “2008”, para soarem como novidades. De certo modo até são, e “Beat It” com Fergie até que não ficou ruim, mas as músicas poderiam permanecer como foram criadas.
Bem, mas não podemos reclamar. Lá estão elas também, as originalíssimas, com qualidade sonora perfeita. E são tão boas que seria até leviano da minha parte falar mal do disco. Nem eu quero isso, por favor. Foi só para endossar que a qualidade da obra de Michael Jackson nos anos 70 e 80 é tão grande que nem ele mesmo pode acabar com isso.
Vamos falar, então, de “Thriller”, começando pela reedição.
“Thriller – 25th Anniversary” é um álbum duplo, CD de um lado e DVD de outro. No primeiro, estão lá as nove músicas originais (leia mais sobre elas abaixo) e uma décima, só com a risadinha sinistra de Vincent Price em “Thriller”. Depois vêm os cinco remixes já citados e a grande novidade, a balada romântica “For All Time”, uma sobra de estúdio composta por Steve Porcaro e David Paich, músicos que tocaram sintetizador no disco original. É uma boa canção.
No “lado B digital” estão os clipes de “Billie Jean” e “Beat It”, que mostram um Michael Jackson negro e rebolativo, bem diferente do esquisitão de hoje. Parece outra pessoa.
Já o vídeo de “Thriller”, a música, aparece na versão integral. São quase 15 minutos, um verdadeiro filme, com créditos e tudo. A curiosidade fica por conta da abertura desse clipe-filme, em que aparecem os seguintes letreiros, assinados por Michael Jackson: “Por conta de minhas fortes convicções pessoais, quero enfatizar que este filme, de forma alguma, reforça uma crença no oculto”.
Mas a grande atração mesmo é a apresentação do astro no especial de TV “Motown 25: Yesterday, Today and Forever”, a primeira transmissão da recém-criada NBC, em maio de 1983. Vestindo a clássica blusa brilhante de lantejoula e luvas, MJ domina o público cantando “Billie Jean” e passeando pelo palco com os passos de break e o famoso “moonwalk”. Lembro-me novamente da infância, pois tinha um amigo – aliás, ainda tenho – que fazia isso também. Escondido, para não ser zoado (o que sempre acontecia), vestia-se de preto, colocava as luvas brancas e ia para festas infantis ganhar uma graninha como imitador de Michael Jackson. Era divertido.
Aproveitando o clima de nostalgia, vamos falar do “Thriller” original. O LP foi lançado em dezembro de 1982, pela Epic (selo da então CBS, que depois virou Sony e hoje é Sony-BMG), quando eu tinha 6 anos. Apesar de tão novo, lembro como se fosse hoje do clipe da canção-título passando no “Fantástico”. Deve ser porque fiquei um tanto impressionado com aquela clima sinistro (confesso que até hoje a risada de Vincent Price não me soa agradável).
Aquele foi o segundo trabalho de Michael Jackson com o mago da black music Quincy Jones e o sexto álbum solo do cantor. Foram gravadas apenas nove músicas, uma melhor que a outra. Michael Jackson compôs quatro: “Wanna Be Startin’ Something” e “The Girl is Mine” (clássico dueto com Paul McCartney, que se repetiria um ano depois em “Say, Say, Say”, gravada pelo ex-Beatle), no lado A; “Beat It” e “Billie Jean” no lado B. Completavam o repertório “Baby Be Mine”, “Thriller”, “The Lady in My Life” – todas de Rod Temperton (as duas primeiras, presentes no lado A) – “Human Nature”, de Steve Porcaro e John Beltis, e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, de James Ingram e Quincy Jones.
“Thriller” é uma obra-prima, uma relíquia. Não foi à toa que passou da marca de 100 milhões de cópias vendidas, permanecendo até hoje no “Guinness Book” como o álbum mais bem-sucedido da história. Também foi o único a ficar dois anos seguidos (83 e 84) entre os dez discos mais vendidos nos Estados Unidos e rendeu a Michael Jackson o recorde de estatuetas numa única edição do Grammy: oito, de 12 indicações, em 84.
Das nove faixas originais, cinco foram repetidas na excelente coletânea “History”, que MJ lançou em 1995: “Wanna Be Startin’ Something”, “The Girl is Mine”, “Thriller”, “Beat It” e “Billie Jean”. Mas outras duas são grandes sucessos até hoje executados à exaustão nas rádios: “Baby Be Mine” e “Human Nature”, que tem a participação do percussionista brasileiro Paulinho da Costa. Ele também compõe a banda que gravou “Wanna Be Startin’ Something”. Eddie Van Hallen fez os solos de guitarra de “Beat It” e Janet e Latoya, irmãs de Michael Jackson, integraram o coral feminino de “P.Y.T.”.
É melhor parar por aqui. O álbum mais vendido do mundo ainda guarda muitas outras histórias e curiosidades, algumas espalhadas pelos sites da grande rede, outras guardadas com o autor. Informações que já estão eternizadas em forma de música, mas que ainda assim serão transmitidas de forma escrita ou falada geração após geração, mesmo que Michael Jackson não queira.
Fernandão solo
Depois do sucesso de Rodrigo Santos – que vai gravar DVD em dupla com George Israel, do Kid Abelha – outro barão-vermelho busca espaço fora da banda, que está parada porque Frejat prefere se dedicar à carreira solo.
O boa-praça Fernando Magalhães lançou em outubro do ano passado, pela internet, seu primeiro CD, que leva o nome dele. Na próxima terça-feira, 19 de fevereiro, Fernandão, como é conhecido pelos fãs do Barão Vermelho, faz show de lançamento no Cinematèque, em Botafogo, no Rio.
O guitarrista do Barão será acompanhado por Roberto Lly (baixo e vocal), Marvio Fernandes (guitarra e vocal), Sérgio Villarin (teclados) e Pedro Strasser (bateria). Imperdível! Confira abaixo o serviço completo:
Fernando Magalhães
Dia 19 de fevereiro – terça-feira - 22h
Cinematèque Jam Club
Rua Voluntários da Pátria 53
Tel: 2286- 5731 / 3239-0488
Couvert: R$24 e R$18 (até 21h)
O boa-praça Fernando Magalhães lançou em outubro do ano passado, pela internet, seu primeiro CD, que leva o nome dele. Na próxima terça-feira, 19 de fevereiro, Fernandão, como é conhecido pelos fãs do Barão Vermelho, faz show de lançamento no Cinematèque, em Botafogo, no Rio.
O guitarrista do Barão será acompanhado por Roberto Lly (baixo e vocal), Marvio Fernandes (guitarra e vocal), Sérgio Villarin (teclados) e Pedro Strasser (bateria). Imperdível! Confira abaixo o serviço completo:
Fernando Magalhães
Dia 19 de fevereiro – terça-feira - 22h
Cinematèque Jam Club
Rua Voluntários da Pátria 53
Tel: 2286- 5731 / 3239-0488
Couvert: R$24 e R$18 (até 21h)
Se liga nesse som
Aí vão duas dicas de gente nova que tá fazendo bonito:
Pop-rock
Banda Kaos S.A.
http://www.myspace.com/kaosbr
Grupo carioca formado por Hector Tulio (vocal, guitarra e teclado), Cesar Carvalho (contrabaixo e vocal) e Rennan Rojão (bateria). Aproveitando bem as influências de Coldplay e Los Hermanos, o trio faz um som com um quê de melancolia, mas também com forte pegada roqueira. As letras são boas e as melodias, daquelas que “pegam” rápido. Os caras já abriram shows do Marcelo D2 e, pelo que mostram no MySpace, têm tudo pra chegar lá. Ouça no site duas músicas na íntegra: “Caos” e “Até Quando”.
Gospel
Philipe Daniel
http://www.myspace.com/philipedaniel
Meu cumpadi Philipe Daniel tá lançando seu primeiro CD, “Para um Coração Ferido”. Numa época em que os cantores gospel falam de chuva, fogo, paixão e outras palavras de forte impacto, Philipe segue caminho inverso, investindo em canções melódicas e suaves que resgatam a essência (um tanto perdida) da música religiosa. Influências de nomes que fazem a chamada “MPB gospel”, como Grupo Logos e Vencedores por Cristo. No MySpace você pode curtir quatro músicas que não estão no disco, mas já transmitem o recado: “Comigo Está”, “O Primeiro das Maravilhas”, “Rocha Eterna” e “Ao Vivo Deus Guiou”.
Pop-rock
Banda Kaos S.A.
http://www.myspace.com/kaosbr
Grupo carioca formado por Hector Tulio (vocal, guitarra e teclado), Cesar Carvalho (contrabaixo e vocal) e Rennan Rojão (bateria). Aproveitando bem as influências de Coldplay e Los Hermanos, o trio faz um som com um quê de melancolia, mas também com forte pegada roqueira. As letras são boas e as melodias, daquelas que “pegam” rápido. Os caras já abriram shows do Marcelo D2 e, pelo que mostram no MySpace, têm tudo pra chegar lá. Ouça no site duas músicas na íntegra: “Caos” e “Até Quando”.
Gospel
Philipe Daniel
http://www.myspace.com/philipedaniel
Meu cumpadi Philipe Daniel tá lançando seu primeiro CD, “Para um Coração Ferido”. Numa época em que os cantores gospel falam de chuva, fogo, paixão e outras palavras de forte impacto, Philipe segue caminho inverso, investindo em canções melódicas e suaves que resgatam a essência (um tanto perdida) da música religiosa. Influências de nomes que fazem a chamada “MPB gospel”, como Grupo Logos e Vencedores por Cristo. No MySpace você pode curtir quatro músicas que não estão no disco, mas já transmitem o recado: “Comigo Está”, “O Primeiro das Maravilhas”, “Rocha Eterna” e “Ao Vivo Deus Guiou”.
Com que cara eu vou? (mais um capítulo da briga Cassiane x MK)
Como a galera que curte música gospel já deve saber, a MK Music ganhou esta semana um round na briga judicial com Cassiane, que era a principal artista da gravadora até 2007. Depois de uma liminar favorável à MK, Cassiane fica obrigada a retirar das lojas todas as unidades do CD “Faça diferença”, que lançou no fim do ano passado, de forma independente. A venda do disco fica proibida até a decisão oficial da Justiça sobre a primeira ação, que a própria Cassiane impetrou contra a MK depois que saiu da gravadora.
Se não acatar a decisão, a cantora deverá pagar multa diária de R$ 5 por CD encontrado no mercado. Como me disse um amigo advogado, “imagine você uma ação durando, no mínimo, de 3 a 4 anos, com o CD proibido de vender?” Que prejuízo, hein? Mas é claro que virão outras liminares, o disco irá e voltará, até um juiz bater o martelo e não caberem mais recursos.
Mas o que eu me pergunto, mesmo, é com que cara Cassiane vai aparecer no evento “Dia da Decisão”, que a gravadora Graça Music, do missionário R.R Soares, vai promover sábado no Rio de Janeiro. Nesse tipo de evento, é comum os artistas venderem seus discos; funciona, às vezes, como forma de cachê ou complemento.
De acordo com o release que recebi hoje, são esperadas 300 mil pessoas. Cassiane vai perder essa boca? Ou a pergunta é: será que ela vai?
Na verdade, recebi dois releases, Um deles, de uma assessoria terceirizada, dizia apenas que estariam presentes “os maiores nomes da música gospel”. Outro, da própria Graça Music, citava o nome de Cassiane em meio a outros artistas.
A dúvida aumenta após uma visita ao site da cantora. Lá, o próximo evento de Cassiane está agendado para 20 de fevereiro, em Belo Horizonte. Não há nada sobre o show no Rio nem mesmo sobre a decisão judicial.
Já a MK lançou uma nota de esclarecimento em seu site. Veja também o processo que dá ganho de causa à gravadora em primeira instância.
Se não acatar a decisão, a cantora deverá pagar multa diária de R$ 5 por CD encontrado no mercado. Como me disse um amigo advogado, “imagine você uma ação durando, no mínimo, de 3 a 4 anos, com o CD proibido de vender?” Que prejuízo, hein? Mas é claro que virão outras liminares, o disco irá e voltará, até um juiz bater o martelo e não caberem mais recursos.
Mas o que eu me pergunto, mesmo, é com que cara Cassiane vai aparecer no evento “Dia da Decisão”, que a gravadora Graça Music, do missionário R.R Soares, vai promover sábado no Rio de Janeiro. Nesse tipo de evento, é comum os artistas venderem seus discos; funciona, às vezes, como forma de cachê ou complemento.
De acordo com o release que recebi hoje, são esperadas 300 mil pessoas. Cassiane vai perder essa boca? Ou a pergunta é: será que ela vai?
Na verdade, recebi dois releases, Um deles, de uma assessoria terceirizada, dizia apenas que estariam presentes “os maiores nomes da música gospel”. Outro, da própria Graça Music, citava o nome de Cassiane em meio a outros artistas.
A dúvida aumenta após uma visita ao site da cantora. Lá, o próximo evento de Cassiane está agendado para 20 de fevereiro, em Belo Horizonte. Não há nada sobre o show no Rio nem mesmo sobre a decisão judicial.
Já a MK lançou uma nota de esclarecimento em seu site. Veja também o processo que dá ganho de causa à gravadora em primeira instância.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Bob Dylan no Brasil: bom para os ouvidos, ruim para o bolso
Dez anos após sua última aparição no Brasil, quando tocou com os Rolling Stones no Rio e em São Paulo, Bob Dylan volta ao país em março para mais três shows nas duas cidades. Divulgando o álbum “Modern Times”, lançado em 2007, o astro da folk music se apresentará nos dias 5 e 6 na Via Funchal, em Sampa, e no dia 8, no Arena Rio.
Dylan faz parte de uma lista generosa de grandes nomes da música internacional já confirmados em solo brasileiro neste ano, que ainda inclui Earth, Wind and Fire e Charles Aznavour, cujos shows já foram comentados aqui no blog, além de Deep Purple (22 de fevereiro no Rio e 24 em São Paulo), Iron Maiden (2 de março em SP, 4 em Curitiba e 5 em Porto Alegre) e outros.
A presença cada vez maior de artistas do primeiro escalão no Brasil compensa, de certa forma, a baixa quantidade de festivais que temos aqui, sobretudo de rock. Mas, por outro lado, existe a questão do preço dos ingressos, que parece seguir uma ordem inversamente proporcional à lógica: quanto menos gente no palco, mais caro é o show.
Quem quiser assistir a Bob Dylan, um dos maiores compositores da história do rock, precisará economizar desde já. Semana passada, a Via Funchal divulgou os preços dos ingressos para os dois shows em São Paulo. Eles variam de R$ 250 (platéia lateral) a R$ 900 (platéia VIP e camarote), valores até seis vezes maiores que os de Buenos Aires, onde o ingresso mais caro, de acordo com o site “Globo Online”, custará R$ 210. Os preços para a apresentação no Rio ainda não foram divulgados.
Mesmo com o meio-ingresso, esses valores são absurdos para a realidade brasileira. Nem o patrocínio de empresas multinacionais ou a utilização de grandes espaços, como aconteceu com o Police, em 2007, parecem suficientes para reverter esse quadro. Some-se aí os preços altos dos shows nacionais, do cinema e do teatro, bem como o de CDs e DVDs, e o que temos é o aumento da pirataria – não justificado, mas explicado.
Voltando a Bob Dylan, paulistas e cariocas que puderem bancar os altos preços dos ingressos não devem se arrepender do investimento. Com mais de 50 anos de carreira, o cantor americano, cujo nome de batismo é Robert Allen Zimmerman, responde por algumas dezenas de clássicos do folk-rock, entre eles “Like a Rolling Stone”, “Lay, Lady, Lay”, “Blowin’ in the Wind” e “Mr. Tambourine Man”. No Brasil, a música “I Want You” virou sucesso na releitura em português do grupo Skank, que a transformou em “Tanto”.
Bob Dylan ainda tem no currículo o Grammy de Álbum do Ano de 1997, por “Time out of Mind”, e o Oscar de Melhor Canção, conquistado em 2001 com “Things Have Changed”, trilha do filme “Wild Boys”. Neste mesmo ano, em que lançou o elogiado CD “Love and Theft”, a revista “Rolling Stone” elegeu “Like a Rolling Stone” a melhor canção da história.
Dylan faz parte de uma lista generosa de grandes nomes da música internacional já confirmados em solo brasileiro neste ano, que ainda inclui Earth, Wind and Fire e Charles Aznavour, cujos shows já foram comentados aqui no blog, além de Deep Purple (22 de fevereiro no Rio e 24 em São Paulo), Iron Maiden (2 de março em SP, 4 em Curitiba e 5 em Porto Alegre) e outros.
A presença cada vez maior de artistas do primeiro escalão no Brasil compensa, de certa forma, a baixa quantidade de festivais que temos aqui, sobretudo de rock. Mas, por outro lado, existe a questão do preço dos ingressos, que parece seguir uma ordem inversamente proporcional à lógica: quanto menos gente no palco, mais caro é o show.
Quem quiser assistir a Bob Dylan, um dos maiores compositores da história do rock, precisará economizar desde já. Semana passada, a Via Funchal divulgou os preços dos ingressos para os dois shows em São Paulo. Eles variam de R$ 250 (platéia lateral) a R$ 900 (platéia VIP e camarote), valores até seis vezes maiores que os de Buenos Aires, onde o ingresso mais caro, de acordo com o site “Globo Online”, custará R$ 210. Os preços para a apresentação no Rio ainda não foram divulgados.
Mesmo com o meio-ingresso, esses valores são absurdos para a realidade brasileira. Nem o patrocínio de empresas multinacionais ou a utilização de grandes espaços, como aconteceu com o Police, em 2007, parecem suficientes para reverter esse quadro. Some-se aí os preços altos dos shows nacionais, do cinema e do teatro, bem como o de CDs e DVDs, e o que temos é o aumento da pirataria – não justificado, mas explicado.
Voltando a Bob Dylan, paulistas e cariocas que puderem bancar os altos preços dos ingressos não devem se arrepender do investimento. Com mais de 50 anos de carreira, o cantor americano, cujo nome de batismo é Robert Allen Zimmerman, responde por algumas dezenas de clássicos do folk-rock, entre eles “Like a Rolling Stone”, “Lay, Lady, Lay”, “Blowin’ in the Wind” e “Mr. Tambourine Man”. No Brasil, a música “I Want You” virou sucesso na releitura em português do grupo Skank, que a transformou em “Tanto”.
Bob Dylan ainda tem no currículo o Grammy de Álbum do Ano de 1997, por “Time out of Mind”, e o Oscar de Melhor Canção, conquistado em 2001 com “Things Have Changed”, trilha do filme “Wild Boys”. Neste mesmo ano, em que lançou o elogiado CD “Love and Theft”, a revista “Rolling Stone” elegeu “Like a Rolling Stone” a melhor canção da história.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Charles Aznavour traz última turnê ao Brasil
No futebol, acho que o “último romântico”, como diz Lulu Santos, tenha sido Romário. Não acredito que existam hoje ou que ainda virão outros jogadores tão bons quanto o Baixinho, muito menos que antecessores da categoria de Maradona e Zico, só para citar os mais recentes.
Na música ainda existem alguns românticos mundo afora, mas aos poucos eles se despedem, da carreira ou da vida. Aos 83 anos, Charles Aznavour é um desses gênios que estão pendurando a chuteira, ou melhor, o microfone.
Tão associado à música francesa como Tom Jobim está à música brasileira, Frank Sinatra à americana e Luciano Pavarotti à italiana, Aznavour trará para o Brasil sua última turnê, que vem percorrendo o mundo desde 2006. Hoje, a empresa de eventos Poladian Produções anunciou três shows do cantor no país em abril: 17, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo; 20, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro; e 29, no Teatro do Sesi de Porto Alegre. O release distribuído à imprensa dá a entender que novas datas em outros locais poderão ser agendadas.
Pelo que o texto adianta, os shows prometem ser imperdíveis. Charles Aznavour virá acompanhado de 28 músicos, incluindo sua orquestra e a filha Katia, com quem fará dueto em “Je Voyage”. O repertório ainda terá, segundo a nota, os sucessos “She”, “La Bohême”, “Que C’est Triste Venise”, “La Mamma”, “Ave Maria” e “Les émigrants”, entre outros.
O Brasil será o primeiro país da turnê latino-americana, que ainda passará por Argentina, Chile, Uruguai, Peru, Colômbia, Venezuela, República Dominicana, Porto Rico, México e Cuba.
De origem armênia, Charles Aznavour nasceu em Paris, no ano de 1924. Começou a cantar ainda criança e alcançou o sucesso quando conheceu Edith Piaf, que o levou com ela para uma turnê para a França e os Estados Unidos.
Ao longo dos mais de 70 anos de carreira, Aznavour compôs e gravou mais de mil canções, em diferentes línguas, e vendeu mais de 100 milhões de discos. Em francês, uma de suas principais composições é “La Bohême”, parceria com Jacques Plante que se tornou um clássico mundial e ganhou até versão em português, na voz de Martinho da Vila. O sambista carioca gravou a canção, sob o título “Boemia”, no CD “Conexões”, de 2003, no qual homenageia a França (leia mais sobre no Universo Musical).
Já em inglês, talvez o maior êxito de Aznavour seja a música “She”, que em 1974 atingiu o topo da parada britânica, mas não teve êxito na França nem nos Estados Unidos. Muitos anos depois, em 1999, a canção voltou à tona, desta vez como sucesso mundial, na voz de Elvis Costello, que a gravou para a trilha sonora do filme “Um Lugar Chamado Nothing Hill”.
Charles Aznavou também gravou em espanhol, italiano e alemão. A despeito de sua aposentadoria, estará sempre na galeria dos grandes “românticos”, não só nos litorais deste oceano.
Na música ainda existem alguns românticos mundo afora, mas aos poucos eles se despedem, da carreira ou da vida. Aos 83 anos, Charles Aznavour é um desses gênios que estão pendurando a chuteira, ou melhor, o microfone.
Tão associado à música francesa como Tom Jobim está à música brasileira, Frank Sinatra à americana e Luciano Pavarotti à italiana, Aznavour trará para o Brasil sua última turnê, que vem percorrendo o mundo desde 2006. Hoje, a empresa de eventos Poladian Produções anunciou três shows do cantor no país em abril: 17, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo; 20, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro; e 29, no Teatro do Sesi de Porto Alegre. O release distribuído à imprensa dá a entender que novas datas em outros locais poderão ser agendadas.
Pelo que o texto adianta, os shows prometem ser imperdíveis. Charles Aznavour virá acompanhado de 28 músicos, incluindo sua orquestra e a filha Katia, com quem fará dueto em “Je Voyage”. O repertório ainda terá, segundo a nota, os sucessos “She”, “La Bohême”, “Que C’est Triste Venise”, “La Mamma”, “Ave Maria” e “Les émigrants”, entre outros.
O Brasil será o primeiro país da turnê latino-americana, que ainda passará por Argentina, Chile, Uruguai, Peru, Colômbia, Venezuela, República Dominicana, Porto Rico, México e Cuba.
De origem armênia, Charles Aznavour nasceu em Paris, no ano de 1924. Começou a cantar ainda criança e alcançou o sucesso quando conheceu Edith Piaf, que o levou com ela para uma turnê para a França e os Estados Unidos.
Ao longo dos mais de 70 anos de carreira, Aznavour compôs e gravou mais de mil canções, em diferentes línguas, e vendeu mais de 100 milhões de discos. Em francês, uma de suas principais composições é “La Bohême”, parceria com Jacques Plante que se tornou um clássico mundial e ganhou até versão em português, na voz de Martinho da Vila. O sambista carioca gravou a canção, sob o título “Boemia”, no CD “Conexões”, de 2003, no qual homenageia a França (leia mais sobre no Universo Musical).
Já em inglês, talvez o maior êxito de Aznavour seja a música “She”, que em 1974 atingiu o topo da parada britânica, mas não teve êxito na França nem nos Estados Unidos. Muitos anos depois, em 1999, a canção voltou à tona, desta vez como sucesso mundial, na voz de Elvis Costello, que a gravou para a trilha sonora do filme “Um Lugar Chamado Nothing Hill”.
Charles Aznavou também gravou em espanhol, italiano e alemão. A despeito de sua aposentadoria, estará sempre na galeria dos grandes “românticos”, não só nos litorais deste oceano.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Falta repertório para Claudia Leitte ser uma nova Ivete Sangalo
Capa da revista “Vip” de janeiro, onde exibe suas generosas curvas, Claudia Leitte tá podendo. Às vésperas do carnaval, a cantora de axé divide-se entre os preparativos para a folia em Salvador e os programas de auditório de quase todos os canais.
Nessa queda de braço entre Gugus e Faustões, a Globo levou a melhor. Ontem, o “Domingão do Faustão” orgulhava-se de exibir a última apresentação do Babado Novo na TV com essa formação. No dia 17 de fevereiro, Claudia Leitte grava CD e DVD ao vivo na Praia de Copacabana, com os quais iniciará oficialmente a carreira solo.
A saída de Claudia Leitte do Babado Novo foi um caminho natural. Ela sempre teve destaque muito maior que os demais músicos, numa relação desigual e até injusta, por se tratar de um grupo. Aliás, este descompasso entre a exposição exagerada dos cantores e o ostracismo dos instrumentistas é uma característica peculiar das bandas de axé. Foi, certamente, um dos motivos que levaram Ivete Sangalo a partir para a carreira solo, que se tornaria muito mais brilhante que a dos tempos de Banda Eva.
É óbvio que Claudia Leitte tem Ivete Sangalo como um espelho e busca dividir com ela o posto de musa nacional. O que, diga-se, não é novidade. Em 2004, o Universo Musical publicou uma matéria de Neilton Silva, especialista em axé music, sobre o primeiro DVD do Babado Novo, na qual ele lembrava que, no início da carreira, Claudinha era comparada a Ivete até mesmo no timbre de voz.
O tempo passou e Claudia Leitte ganhou personalidade. Mas o fato de iniciar a carreira solo gravando CD e DVD num ponto turístico do Rio famoso mundialmente, da mesma forma que Ivete fizera com “Ao Vivo no Maracanã”, comprova que ela continua seguindo os passos da rival.
Assim como Ivete Sangalo, Claudia Leitte é talentosa, bonita, simpática, carismática e boa cantora. Mas existe um fator que, pelo menos até o momento, deixa a primeira a quilômetros à frente da segunda: repertório.
Ivete, quando começou a carreira solo, tinha uma base sólida formada por canções boas e de grande sucesso gravadas com a Banda Eva. Tanto que seu primeiro DVD solo, “MTV Ao Vivo”, trazia várias músicas do grupo, embora ela já colecionasse, sozinha, mega-hits do quilate de “Sorte Grande” e “Festa”. O rico passado também foi lembrado em “Ao Vivo no Maracanã”, DVD mais vendido até hoje no Brasil.
Claudia Leitte, por sua vez, sofre com o repertório irregular do Babado Novo. Com apenas quatro CDs no currículo, o grupo não possui tantos sucessos, e os que tem, à exceção da boa “Eu Fico”, não são nenhuma Brastemp. Canções como “Safado, Cachorro, Sem-Vergonha”, “Bola de Sabão” e “Insolação do Coração” agitam o público nos shows, como pôde-se ver recentemente no Festival de Verão de Salvador, mas, musicalmente, estão muito aquém de “Arerê”, “Alô Paixão”, “Beleza Rara” e outras tantas pérolas da Banda Eva.
Outra deficiência do Babado Novo, que Claudia Leitte pode explorar na carreira solo, são as baladas. O grupo não possui no repertório boas canções de amor, normalmente bem aceitas por emissoras de rádios de diferentes estilos.
Claudia Leitte não compõe tão bem quanto Ivete, mas isso pode ser aprimorado com o tempo e resolvido, a curto prazo, com a ajuda de bons compositores, o que não falta na música baiana. Se parar de fazer tantas releituras, como a infeliz versão do Babado Novo para “Dyer Maker”, do Led Zeppelin, e tiver competência na escolha do repertório, Claudia Leitte tem tudo para brilhar ainda mais em carreira solo. Talvez não supere a rival, pelo conjunto de boas canções que Ivete compôs ou interpretou, sozinha e na Banda Eva. Mas, pelo menos, talento para tentar não falta.
Nessa queda de braço entre Gugus e Faustões, a Globo levou a melhor. Ontem, o “Domingão do Faustão” orgulhava-se de exibir a última apresentação do Babado Novo na TV com essa formação. No dia 17 de fevereiro, Claudia Leitte grava CD e DVD ao vivo na Praia de Copacabana, com os quais iniciará oficialmente a carreira solo.
A saída de Claudia Leitte do Babado Novo foi um caminho natural. Ela sempre teve destaque muito maior que os demais músicos, numa relação desigual e até injusta, por se tratar de um grupo. Aliás, este descompasso entre a exposição exagerada dos cantores e o ostracismo dos instrumentistas é uma característica peculiar das bandas de axé. Foi, certamente, um dos motivos que levaram Ivete Sangalo a partir para a carreira solo, que se tornaria muito mais brilhante que a dos tempos de Banda Eva.
É óbvio que Claudia Leitte tem Ivete Sangalo como um espelho e busca dividir com ela o posto de musa nacional. O que, diga-se, não é novidade. Em 2004, o Universo Musical publicou uma matéria de Neilton Silva, especialista em axé music, sobre o primeiro DVD do Babado Novo, na qual ele lembrava que, no início da carreira, Claudinha era comparada a Ivete até mesmo no timbre de voz.
O tempo passou e Claudia Leitte ganhou personalidade. Mas o fato de iniciar a carreira solo gravando CD e DVD num ponto turístico do Rio famoso mundialmente, da mesma forma que Ivete fizera com “Ao Vivo no Maracanã”, comprova que ela continua seguindo os passos da rival.
Assim como Ivete Sangalo, Claudia Leitte é talentosa, bonita, simpática, carismática e boa cantora. Mas existe um fator que, pelo menos até o momento, deixa a primeira a quilômetros à frente da segunda: repertório.
Ivete, quando começou a carreira solo, tinha uma base sólida formada por canções boas e de grande sucesso gravadas com a Banda Eva. Tanto que seu primeiro DVD solo, “MTV Ao Vivo”, trazia várias músicas do grupo, embora ela já colecionasse, sozinha, mega-hits do quilate de “Sorte Grande” e “Festa”. O rico passado também foi lembrado em “Ao Vivo no Maracanã”, DVD mais vendido até hoje no Brasil.
Claudia Leitte, por sua vez, sofre com o repertório irregular do Babado Novo. Com apenas quatro CDs no currículo, o grupo não possui tantos sucessos, e os que tem, à exceção da boa “Eu Fico”, não são nenhuma Brastemp. Canções como “Safado, Cachorro, Sem-Vergonha”, “Bola de Sabão” e “Insolação do Coração” agitam o público nos shows, como pôde-se ver recentemente no Festival de Verão de Salvador, mas, musicalmente, estão muito aquém de “Arerê”, “Alô Paixão”, “Beleza Rara” e outras tantas pérolas da Banda Eva.
Outra deficiência do Babado Novo, que Claudia Leitte pode explorar na carreira solo, são as baladas. O grupo não possui no repertório boas canções de amor, normalmente bem aceitas por emissoras de rádios de diferentes estilos.
Claudia Leitte não compõe tão bem quanto Ivete, mas isso pode ser aprimorado com o tempo e resolvido, a curto prazo, com a ajuda de bons compositores, o que não falta na música baiana. Se parar de fazer tantas releituras, como a infeliz versão do Babado Novo para “Dyer Maker”, do Led Zeppelin, e tiver competência na escolha do repertório, Claudia Leitte tem tudo para brilhar ainda mais em carreira solo. Talvez não supere a rival, pelo conjunto de boas canções que Ivete compôs ou interpretou, sozinha e na Banda Eva. Mas, pelo menos, talento para tentar não falta.
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Silvio Santos deixa Mara Maravilha “nua” em novo programa do SBT
Sob o comando de Silvio Santos, estreou no último domingo, no SBT, o programa “Nada Além da Verdade”, que tem como “protagonista” um detector de mentiras. Um artista convidado responde, previamente, a 100 perguntas. Vinte e uma delas são repetidas no ar e, caso a máquina dê sempre o resultado verdadeiro, a pessoa fatura o prêmio de R$ 100 mil.
A primeira a ser sabatinada foi a cantora gospel Mara Maravilha. Teoricamente, uma boa escolha, pois Mara é uma pessoa autêntica, que não tem medo de dizer o que pensa. Tive a oportunidade de comprovar essa característica em algumas entrevistas que ela me concedeu para o Universo Musical.
A autenticidade de Mara é interpretada como antipatia por alguns colegas jornalistas que cobrem a música gospel. Nunca vi dessa forma, pois comigo ela sempre foi simpática e nunca se recusou a responder nenhuma pergunta. Entretanto, não acho que Mara precisava ter se exposto daquela forma.
Em primeiro lugar, porque existe um enorme preconceito contra os evangélicos, sobretudo os artistas. Muitos acham que a pessoa, ao se converter, vira um ET ou um zumbi. Ou seja, não é mais deste mundo, por isso não pode errar. Sabe aquela história bíblica de Maria Madalena, de atirar a primeira pedra? É por aí.
Tudo bem que esse preconceito seja alimentado por muitos evangélicos, que se acham os donos da verdade e passam a não respeitar outros credos. Mas nem todos são assim. Mara, pelo que conheço, é um exemplo positivo de tolerância religiosa.
Além disso, todo artista tem uma imagem a zelar. Se canta músicas religiosas, então, a preocupação deve ser dobrada, pois a mensagem se mistura à vida pessoal de quem a prega.
Dito isto, vamos ao programa. Uma das primeiras perguntas de Silvio Santos foi algo do tipo: “você se arrepende de todos os pecados que cometeu antes da conversão”? A resposta foi sim. Mesmo que seja verdade, como a máquina confirmou, essa afirmação foi o maior pecado de Mara e a traiu frente às câmeras.
A cantora disse, com todas as letras, que não posou nua por razões artísticas, mas sim pelo dinheiro e pela fama. Até aí seria normal, se ela não repetisse o tempo todo que estava participando daquele programa por causa do dinheiro e que, apesar da insistência de Silvio Santos para que desistisse, iria até o final para ganhar o prêmio.
Parafraseando Caetano Veloso, “a pergunta vinha”: se Mara se arrependera dos pecados cometidos antes da conversão, o que inclui as fotos para a revista masculina, por que estava nua de novo? Sobre o corpo havia roupas, mas sua vida ficou completamente exposta diante de perguntas íntimas e constrangedoras. Ela passou por várias situações embaraçosas, como dizer, na frente da mãe, que já falara mal dela pelas costas, que deseja ter de volta o mesmo sucesso da época de apresentadora infantil e também que usou drogas. E confessou tudo isso por dinheiro.
No final, Mara não levou os R$ 100 mil para casa; ficou com R$ 25 mil. A máquina acusou como falsa a última resposta, sobre supostas brigas entre os pais da cantora por causa da fama da filha.
Mas a ambição fracassada não foi seu maior erro. Faltou discernimento, sensatez. Se não dá para posar de santo, também não precisa divulgar os pecados. Mara esqueceu que a imagem de um artista gospel não é feita apenas com o corpo, ou com as roupas por cima dele. Com isso, caiu na arapuca de Silvio Santos e tornou-se mais uma vítima – complacente, vale frisar – de um preconceito que, se não ajuda a alimentar, também não contrubui para diminuir.
A trilha sonora deste post é a música “Somos Todos Iguais”, da Banda Catedral.
PS: Mara Maravilha está lançando um novo CD, “Importante é Amar”, pela gravadora Line Records. No dia 12 de fevereiro, às 20h, ela fará um pocket show de lançamento na Saraiva Mega Store do Morumbi Shopping, em São Paulo.
A primeira a ser sabatinada foi a cantora gospel Mara Maravilha. Teoricamente, uma boa escolha, pois Mara é uma pessoa autêntica, que não tem medo de dizer o que pensa. Tive a oportunidade de comprovar essa característica em algumas entrevistas que ela me concedeu para o Universo Musical.
A autenticidade de Mara é interpretada como antipatia por alguns colegas jornalistas que cobrem a música gospel. Nunca vi dessa forma, pois comigo ela sempre foi simpática e nunca se recusou a responder nenhuma pergunta. Entretanto, não acho que Mara precisava ter se exposto daquela forma.
Em primeiro lugar, porque existe um enorme preconceito contra os evangélicos, sobretudo os artistas. Muitos acham que a pessoa, ao se converter, vira um ET ou um zumbi. Ou seja, não é mais deste mundo, por isso não pode errar. Sabe aquela história bíblica de Maria Madalena, de atirar a primeira pedra? É por aí.
Tudo bem que esse preconceito seja alimentado por muitos evangélicos, que se acham os donos da verdade e passam a não respeitar outros credos. Mas nem todos são assim. Mara, pelo que conheço, é um exemplo positivo de tolerância religiosa.
Além disso, todo artista tem uma imagem a zelar. Se canta músicas religiosas, então, a preocupação deve ser dobrada, pois a mensagem se mistura à vida pessoal de quem a prega.
Dito isto, vamos ao programa. Uma das primeiras perguntas de Silvio Santos foi algo do tipo: “você se arrepende de todos os pecados que cometeu antes da conversão”? A resposta foi sim. Mesmo que seja verdade, como a máquina confirmou, essa afirmação foi o maior pecado de Mara e a traiu frente às câmeras.
A cantora disse, com todas as letras, que não posou nua por razões artísticas, mas sim pelo dinheiro e pela fama. Até aí seria normal, se ela não repetisse o tempo todo que estava participando daquele programa por causa do dinheiro e que, apesar da insistência de Silvio Santos para que desistisse, iria até o final para ganhar o prêmio.
Parafraseando Caetano Veloso, “a pergunta vinha”: se Mara se arrependera dos pecados cometidos antes da conversão, o que inclui as fotos para a revista masculina, por que estava nua de novo? Sobre o corpo havia roupas, mas sua vida ficou completamente exposta diante de perguntas íntimas e constrangedoras. Ela passou por várias situações embaraçosas, como dizer, na frente da mãe, que já falara mal dela pelas costas, que deseja ter de volta o mesmo sucesso da época de apresentadora infantil e também que usou drogas. E confessou tudo isso por dinheiro.
No final, Mara não levou os R$ 100 mil para casa; ficou com R$ 25 mil. A máquina acusou como falsa a última resposta, sobre supostas brigas entre os pais da cantora por causa da fama da filha.
Mas a ambição fracassada não foi seu maior erro. Faltou discernimento, sensatez. Se não dá para posar de santo, também não precisa divulgar os pecados. Mara esqueceu que a imagem de um artista gospel não é feita apenas com o corpo, ou com as roupas por cima dele. Com isso, caiu na arapuca de Silvio Santos e tornou-se mais uma vítima – complacente, vale frisar – de um preconceito que, se não ajuda a alimentar, também não contrubui para diminuir.
A trilha sonora deste post é a música “Somos Todos Iguais”, da Banda Catedral.
PS: Mara Maravilha está lançando um novo CD, “Importante é Amar”, pela gravadora Line Records. No dia 12 de fevereiro, às 20h, ela fará um pocket show de lançamento na Saraiva Mega Store do Morumbi Shopping, em São Paulo.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Nota 10 / Nota 0
NOTA 10: Para a escolha do grupo Mamonas Assassinas como próximos homenageados do programa “Por Toda Minha Vida”. Uma ótima opção, sem dúvida.
NOTA 0: Para o “Jogo Aberto”, da Band, que não satisfeito em chamar de “Bento Cardoso” a cidade fluminense de Cardoso Moreira, ainda inventou uma Resende com “z” no lugar de “s”. É muita falta de consideração com o Campeonato Carioca...
NOTA 0: Para o “Jogo Aberto”, da Band, que não satisfeito em chamar de “Bento Cardoso” a cidade fluminense de Cardoso Moreira, ainda inventou uma Resende com “z” no lugar de “s”. É muita falta de consideração com o Campeonato Carioca...
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Marcelo Nascimento ganha primeiro site
É com orgulho que anuncio a estréia do primeiro site oficial do cantor Marcelo Nascimento: www.marcelonascimento.net.
Tenho alguns motivos para me orgulhar. Alguns deles não tem como pôr em palavras; como diria Djavan, “só eu sei as esquinas por que passei”. Mas a maioria deles dá para compartilhar aqui neste espaço.
Em primeiro lugar, utilizei vários recursos do Flash que conferiram ao site um ritmo bem legal. Cada seção tem uma animação bacana que a antecede, mas nenhuma delas tem mais destaque que o conteúdo. Este, ao meu ver, é o principal mérito não só do site do Marcelo, mas também o do cantor Marcos Góes, outro que foi feito em Flash e estreou ano passado, antes de eu lançar o blog.
Outra coisa bacana dos efeitos é que eles têm uma coerência, uma inter-relação. Um dos recursos que mais utilizei foi o da máscara, que faz textos e imagens ganharem formas geométricas. O objetivo, em todos os casos, foi valorizar o nome do Marcelo e as fotos, que estão muito boas.
Tanto o site do Goes quanto o do Marcelo foram feitos para “caberem” na resolução de 800 x 600 pixels (ainda utilizada por muitas pessoas), sem que haja qualquer tipo de rolagem. Com isso, os espaços ficam reduzidos e a distribuição do conteúdo torna-se mais difícil. Mas acho que, nos dois casos, consegui resolver bem a questão.
No site do Marcelo, duas partes me agradaram de forma especial. Uma delas é a abertura, a primeira coisa a aparecer mas a última a ser feita. A intenção foi criar um certo suspense para a entrada do nome do cantor, que só aparece inteiro na última foto.
Nas imagens também há esse clima, embora isso não esteja tão visível. Repare que somente a quinta e última foto é de frente, com o Marcelo sorrindo, como se desse boas-vindas ao internauta. Acho que esse jogo entre textos e fotos, a forma como eles se misturam e se complementam, ao mesmo tempo resume e adianta o que virá adiante.
A outra “queridinha” é a galeria de fotos, que fica na seção Multimídia. A idéia de fazê-la como um rolo de filme cinematográfico que passa pela tela surgiu totalmente sem querer. Estava eu no Photoshop buscando um efeito para as fotos quando encontrei um filtro bacana que criou essa impressão de negativo. O restante surgiu naturalmente e o resultado superou minhas próprias expectativas.
O site estreou esta semana. Falta somente a Agenda, que o Marcelo está preparando. Convido-o a visitar o espaço virtual e deixar aqui sua opinião.
Para quem não conhece, Marcelo Nascimento é um cantor, compositor e produtor da música gospel, com mais de 10 anos de carreira. Ele pertence a uma família em que praticamente todos são músicos há três ou quatro gerações. Quem não é evangélico provavelmente conhece, no mínimo, dois irmãos de Marcelo: Mattos Nascimento, que já tocou com os Paralamas do Sucesso e se tornou famoso pelo bordão “Oh! Glória” (usado, inclusive, numa campanha política dele), e Rose Nascimento, que forma o trio de cantoras gospel mais populares do Brasil, ao lado de Cassiane e Aline Barros.
O primeiro CD de Marcelo Nascimento, “De Todo Meu Coração”, saiu em 1995, de forma independente. Ao longo dos anos 1990 e 2000, ele lançou vários discos solo e em dupla com o irmão Tuca por diferentes gravadoras, entre elas a MK Music.
A estréia na Line Records, atual gravadora, aconteceu em 2004, com o álbum de regravações “Marcelo Nascimento & Família” – na verdade, um disco gravado de forma independente que depois foi comprado e relançado pela Line. O CD incluía o maior sucesso de Marcelo, “Um Milagre em Jericó”, numa versão em dueto com Mattos, uma de suas maiores influências.
No final de 2007, o cantor lançou o CD “Por Mim”, com 14 músicas inéditas. Sou suspeito para falar, pois Marcelo é meu cliente e amigo e eu não conheço toda a sua discografia. Mas, ainda assim, me arrisco a dizer que “Por Mim” é um de seus melhores trabalhos.
A influência de Mattos é percebida logo na música inicial, “A Vitória é Minha”, e segue ao longo do disco, principalmente pelo teor evangelístico das canções. A quinta faixa, “Teu Encontro”, é uma verdadeira obra-prima de Marcelo, que faz belo dueto com o sobrinho Douglas. A melodia também é linda, em tom acústico e com toques flamencos.
Mas a grande surpresa é “A Vitória é Tua”, um reggae irresistível. Destaco ainda as baladas “Volta Correndo” e “Só Mesmo por Amor” e as agitadas “Renova as Nossas Vidas” e “Paz Real”.
Parabéns a Marcelo pelo CD e, por que não, pelo site!
Tenho alguns motivos para me orgulhar. Alguns deles não tem como pôr em palavras; como diria Djavan, “só eu sei as esquinas por que passei”. Mas a maioria deles dá para compartilhar aqui neste espaço.
Em primeiro lugar, utilizei vários recursos do Flash que conferiram ao site um ritmo bem legal. Cada seção tem uma animação bacana que a antecede, mas nenhuma delas tem mais destaque que o conteúdo. Este, ao meu ver, é o principal mérito não só do site do Marcelo, mas também o do cantor Marcos Góes, outro que foi feito em Flash e estreou ano passado, antes de eu lançar o blog.
Outra coisa bacana dos efeitos é que eles têm uma coerência, uma inter-relação. Um dos recursos que mais utilizei foi o da máscara, que faz textos e imagens ganharem formas geométricas. O objetivo, em todos os casos, foi valorizar o nome do Marcelo e as fotos, que estão muito boas.
Tanto o site do Goes quanto o do Marcelo foram feitos para “caberem” na resolução de 800 x 600 pixels (ainda utilizada por muitas pessoas), sem que haja qualquer tipo de rolagem. Com isso, os espaços ficam reduzidos e a distribuição do conteúdo torna-se mais difícil. Mas acho que, nos dois casos, consegui resolver bem a questão.
No site do Marcelo, duas partes me agradaram de forma especial. Uma delas é a abertura, a primeira coisa a aparecer mas a última a ser feita. A intenção foi criar um certo suspense para a entrada do nome do cantor, que só aparece inteiro na última foto.
Nas imagens também há esse clima, embora isso não esteja tão visível. Repare que somente a quinta e última foto é de frente, com o Marcelo sorrindo, como se desse boas-vindas ao internauta. Acho que esse jogo entre textos e fotos, a forma como eles se misturam e se complementam, ao mesmo tempo resume e adianta o que virá adiante.
A outra “queridinha” é a galeria de fotos, que fica na seção Multimídia. A idéia de fazê-la como um rolo de filme cinematográfico que passa pela tela surgiu totalmente sem querer. Estava eu no Photoshop buscando um efeito para as fotos quando encontrei um filtro bacana que criou essa impressão de negativo. O restante surgiu naturalmente e o resultado superou minhas próprias expectativas.
O site estreou esta semana. Falta somente a Agenda, que o Marcelo está preparando. Convido-o a visitar o espaço virtual e deixar aqui sua opinião.
Para quem não conhece, Marcelo Nascimento é um cantor, compositor e produtor da música gospel, com mais de 10 anos de carreira. Ele pertence a uma família em que praticamente todos são músicos há três ou quatro gerações. Quem não é evangélico provavelmente conhece, no mínimo, dois irmãos de Marcelo: Mattos Nascimento, que já tocou com os Paralamas do Sucesso e se tornou famoso pelo bordão “Oh! Glória” (usado, inclusive, numa campanha política dele), e Rose Nascimento, que forma o trio de cantoras gospel mais populares do Brasil, ao lado de Cassiane e Aline Barros.
O primeiro CD de Marcelo Nascimento, “De Todo Meu Coração”, saiu em 1995, de forma independente. Ao longo dos anos 1990 e 2000, ele lançou vários discos solo e em dupla com o irmão Tuca por diferentes gravadoras, entre elas a MK Music.
A estréia na Line Records, atual gravadora, aconteceu em 2004, com o álbum de regravações “Marcelo Nascimento & Família” – na verdade, um disco gravado de forma independente que depois foi comprado e relançado pela Line. O CD incluía o maior sucesso de Marcelo, “Um Milagre em Jericó”, numa versão em dueto com Mattos, uma de suas maiores influências.
No final de 2007, o cantor lançou o CD “Por Mim”, com 14 músicas inéditas. Sou suspeito para falar, pois Marcelo é meu cliente e amigo e eu não conheço toda a sua discografia. Mas, ainda assim, me arrisco a dizer que “Por Mim” é um de seus melhores trabalhos.
A influência de Mattos é percebida logo na música inicial, “A Vitória é Minha”, e segue ao longo do disco, principalmente pelo teor evangelístico das canções. A quinta faixa, “Teu Encontro”, é uma verdadeira obra-prima de Marcelo, que faz belo dueto com o sobrinho Douglas. A melodia também é linda, em tom acústico e com toques flamencos.
Mas a grande surpresa é “A Vitória é Tua”, um reggae irresistível. Destaco ainda as baladas “Volta Correndo” e “Só Mesmo por Amor” e as agitadas “Renova as Nossas Vidas” e “Paz Real”.
Parabéns a Marcelo pelo CD e, por que não, pelo site!
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Rio 2016: uma piada de mau gosto
Na TV passa uma propaganda do governo federal que diz: “O Brasil é tão bom quanto seu voto”. Às vezes acho que isso é mesmo verdade, já que eu voto nulo.
A candidatura do Rio de Janeiro à sede dos Jogos Olímpicos de 2016 é mais uma prova de que, como dizia o general francês Charles de Gaulle, este país realmente não é sério. Afirmação muito bem registrada por Rita Lee na canção “M Te Vê”, segundo a qual o Brasil dos anos 90 tinha “um pé no penta, o outro em Chernobyl”. Nos anos 2000, estamos mais próximos do Iraque, mas as nossas autoridades parecem estar mais preocupadas em aparecer nos jornais do que em resolver os problemas da nação.
Não bastou o fiasco da candidatura para 2004. Tanto lá como cá, o circo foi armado para sustentar uma tragédia anunciada. Na época, integrantes do COI (Comitê Olímpico Internacional) até bateram uma bolinha no Maracanã, mas, dentro das quatro linhas de sua sede, em Lausanne, na Suíça, jogaram o Rio para escanteio.
Agora, não houve caos aéreo que segurasse a comitiva brasileira. Enquanto todos os adversários cariocas mandaram seus projetos por correio, políticos e autoridades esportivas nacionais pegaram o meu e o seu dinheiro, fizeram as malas e partiram para a Suíça. Sem a violência e a desordem urbana que deixaram para trás, encontraram o cenário ideal para estamparem largos sorrisos frente às câmeras de TV. O saudoso Carequinha não faria palhaçada maior.
O Rio de Janeiro não tem a menor estrutura para sediar um evento do porte das Olimpíadas. Fala-se muito no sucesso dos Jogos Pan-americanos, mas é como comparar uma bicicleta a um avião supersônico. Além disso, no Pan ocorreram vários problemas com as instalações e a venda de ingressos, entre outros, todos eles minimizados por nossa imprensa ufanista.
A falta de estrutura carioca começa, é claro, pela segurança. Como a cidade quer receber, durante quase um mês, milhares de pessoas do mundo inteiro se não consegue nem garantir transporte seguro do aeroporto até os hotéis? Quantos ônibus de excursão são assaltados todos os meses na Linha Vermelha, sem que as autoridades tomem a decisão de estabelecer ali um policiamento ostensivo? Isso quando a Linha Vermelha está aberta, né? No último domingo, ficou nove minutos fechada por causa de um tiroteio - uma semana antes, foram 30. E ainda tem a Linha Amarela, a Avenida Brasil e outras tantas vias importantes que estão à mercê do tal “poder paralelo”.
O que dizer, então, dos assaltos na orla? Pode existir um absurdo maior que este? O sujeito está caminhando tranqüilamente pelo calçadão de Copacabana ou Ipanema quando, em meio a centenas de pessoas – nenhuma delas policial ou guarda municipal – é furtado. E se tentar reagir pode morrer, nas mãos do bandido ou no trânsito, ao atravessar a rua, como aconteceu recentemente com um turista italiano.
O sistema de transporte carioca beira o ridículo. Se um paulistano perde o metrô, não gasta mais de um minuto e meio até pegar outra composição. Já o carioca que passa pela mesma situação chega a amargar seis minutos de uma longa espera. E quando o metrô chega, está tão cheio que faz o cidadão pensar se vale mesmo a pena trocar as ruas pelos trilhos.
A malha metroviária do Rio é de apenas 42 quilômetros, menor que a de São Paulo (62 km) e a de outras metrópoles de países em desenvolvimento, como a Cidade do México (250 km). Isso sem contar as grandes cidades de países do Primeiro Mundo, como Tóquio (292 km), Madri (224 km) e Chicago (166 km), concorrentes diretas do Rio na disputa pela sede das Olimpíadas de 2016.
Outro problema latente do Rio de Janeiro é a poluição da Baía de Guanabara, onde seriam realizadas todas as competições marítimas. Há muitos anos fala-se na despoluição, que é caríssima e nunca aconteceu. Você acredita que será feita agora?
Se para os Jogos Pan-americanos foram gastos R$ 4 bilhões, não dá nem para estimar quanto seria necessário investir para deixar o Rio de Janeiro minimamente preparado para receber as Olimpíadas. Sediar o evento é um sonho dos cariocas e faria muito bem à cidade, mas não seria melhor, antes de pensar nisso, buscar investimentos que garantissem uma vida mais digna à população e mais segurança para as pessoas que visitam o Rio?
A resposta parece óbvia. Mas quem está preocupado com isso? O importante, mesmo, em ano de eleição, é dar gargalhada para as câmeras, tendo em mãos um projeto tão bonito quanto utópico. Não é, Sérgio Cabral? Só faltou perguntar se tem marmelada.
A candidatura do Rio de Janeiro à sede dos Jogos Olímpicos de 2016 é mais uma prova de que, como dizia o general francês Charles de Gaulle, este país realmente não é sério. Afirmação muito bem registrada por Rita Lee na canção “M Te Vê”, segundo a qual o Brasil dos anos 90 tinha “um pé no penta, o outro em Chernobyl”. Nos anos 2000, estamos mais próximos do Iraque, mas as nossas autoridades parecem estar mais preocupadas em aparecer nos jornais do que em resolver os problemas da nação.
Não bastou o fiasco da candidatura para 2004. Tanto lá como cá, o circo foi armado para sustentar uma tragédia anunciada. Na época, integrantes do COI (Comitê Olímpico Internacional) até bateram uma bolinha no Maracanã, mas, dentro das quatro linhas de sua sede, em Lausanne, na Suíça, jogaram o Rio para escanteio.
Agora, não houve caos aéreo que segurasse a comitiva brasileira. Enquanto todos os adversários cariocas mandaram seus projetos por correio, políticos e autoridades esportivas nacionais pegaram o meu e o seu dinheiro, fizeram as malas e partiram para a Suíça. Sem a violência e a desordem urbana que deixaram para trás, encontraram o cenário ideal para estamparem largos sorrisos frente às câmeras de TV. O saudoso Carequinha não faria palhaçada maior.
O Rio de Janeiro não tem a menor estrutura para sediar um evento do porte das Olimpíadas. Fala-se muito no sucesso dos Jogos Pan-americanos, mas é como comparar uma bicicleta a um avião supersônico. Além disso, no Pan ocorreram vários problemas com as instalações e a venda de ingressos, entre outros, todos eles minimizados por nossa imprensa ufanista.
A falta de estrutura carioca começa, é claro, pela segurança. Como a cidade quer receber, durante quase um mês, milhares de pessoas do mundo inteiro se não consegue nem garantir transporte seguro do aeroporto até os hotéis? Quantos ônibus de excursão são assaltados todos os meses na Linha Vermelha, sem que as autoridades tomem a decisão de estabelecer ali um policiamento ostensivo? Isso quando a Linha Vermelha está aberta, né? No último domingo, ficou nove minutos fechada por causa de um tiroteio - uma semana antes, foram 30. E ainda tem a Linha Amarela, a Avenida Brasil e outras tantas vias importantes que estão à mercê do tal “poder paralelo”.
O que dizer, então, dos assaltos na orla? Pode existir um absurdo maior que este? O sujeito está caminhando tranqüilamente pelo calçadão de Copacabana ou Ipanema quando, em meio a centenas de pessoas – nenhuma delas policial ou guarda municipal – é furtado. E se tentar reagir pode morrer, nas mãos do bandido ou no trânsito, ao atravessar a rua, como aconteceu recentemente com um turista italiano.
O sistema de transporte carioca beira o ridículo. Se um paulistano perde o metrô, não gasta mais de um minuto e meio até pegar outra composição. Já o carioca que passa pela mesma situação chega a amargar seis minutos de uma longa espera. E quando o metrô chega, está tão cheio que faz o cidadão pensar se vale mesmo a pena trocar as ruas pelos trilhos.
A malha metroviária do Rio é de apenas 42 quilômetros, menor que a de São Paulo (62 km) e a de outras metrópoles de países em desenvolvimento, como a Cidade do México (250 km). Isso sem contar as grandes cidades de países do Primeiro Mundo, como Tóquio (292 km), Madri (224 km) e Chicago (166 km), concorrentes diretas do Rio na disputa pela sede das Olimpíadas de 2016.
Outro problema latente do Rio de Janeiro é a poluição da Baía de Guanabara, onde seriam realizadas todas as competições marítimas. Há muitos anos fala-se na despoluição, que é caríssima e nunca aconteceu. Você acredita que será feita agora?
Se para os Jogos Pan-americanos foram gastos R$ 4 bilhões, não dá nem para estimar quanto seria necessário investir para deixar o Rio de Janeiro minimamente preparado para receber as Olimpíadas. Sediar o evento é um sonho dos cariocas e faria muito bem à cidade, mas não seria melhor, antes de pensar nisso, buscar investimentos que garantissem uma vida mais digna à população e mais segurança para as pessoas que visitam o Rio?
A resposta parece óbvia. Mas quem está preocupado com isso? O importante, mesmo, em ano de eleição, é dar gargalhada para as câmeras, tendo em mãos um projeto tão bonito quanto utópico. Não é, Sérgio Cabral? Só faltou perguntar se tem marmelada.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
EWF fará o carnaval do funk no Brasil
Poucos dias depois do carnaval, São Paulo e Rio de Janeiro trocarão o samba de suas passarelas pelo funk. Não o dos morros cariocas, mas o original, americano. Um dos mais antigos representantes do gênero na ativa, o grupo Earth, Wind and Fire quebrará um jejum de mais de 20 anos longe dos palcos brasileiros com dois shows no país: um no dia 15 de fevereiro, no Via Funchal, em Sampa, e o outro no dia 16, no Vivo Rio.
O retorno do Earth, Wind and Fire ao Brasil é uma ótima notícia neste início de 2008, não só pelo fim da longa ausência, mas pela indiscutível qualidade musical do grupo. E o melhor de tudo é que não será preciso pagar uma bagatela, como geralmente acontece com atrações estrangeiras, para ver e ouvir de pertinho a explosão sonora do EWF. Enquanto no show do Police, realizado em 2006 no Maracanã, a entrada não saía por menos de R$ 160, agora os valores são bem mais convidativos: os ingressos mais baratos custam R$ 50 (RJ) e R$ 60 (SP).
O Earth, Wind and Fire é liderado por Philip Bailey (voz e percussão), Verdine White (baixo) e Ralph Johnson (percussão), remanescentes da formação clássica do grupo. Nos anos 80, durante um período em carreira solo, Bailay tornou-se conhecido pelo dueto com Phil Collins no hit “Easy Lover”. Já Verdine é irmão do fundador do EWF, Maurice White.
O grupo surgiu em 1969, na cidade americana de Chicago, depois que Maurice, fã de Sly & The Family Stone, deixou o posto de baterista do Ramsey Lewis Trio. Magos na fusão do funk com soul, pop e rock, os músicos do EWF criaram uma sonoridade única, com forte predominância dos instrumentos de percussão e sopro. Com isso, colecionaram dezenas de sucessos que até hoje dominam as pistas de dança mundo afora: “September”, “Boogie Wonderland”, “Let’s Groove”, “Shining Star”, “Sing a Song”, “Getaway”, “In the Stone”. Esta última é muito usada como trilha sonora de eventos, sobretudo por causa da pomposa introdução do naipe de metais.
Apesar do caráter fortemente dançante de suas músicas, o EWF também coleciona ótimas baladas. Pelo menos cinco delas não podem faltar na programação das rádios adultas: “Fantasy”, “Can’t Hide Love”, “After the Love Has Gone”, “Reasons” e “Devotion”.
Todas essas músicas e outras tão boas quanto estão no DVD “Live at Montreux 1997”, lançado em 2005 pela ST2. Tive a felicidade de receber o disco e comentá-lo, na época, para o site Universo Musical. São dois shows magníficos: o de 97 (exibido na íntegra), que marcou a estréia do grupo no famoso festival suíço, e o de 98 (em trechos), para o qual o EWF foi convidado devido ao sucesso da apresentação no ano anterior. Não foi para menos: as antigas canções ganharam arranjos primorosos e os dois shows tiveram produção espetacular. Clique aqui e leia a matéria completa sobre o DVD no Universo Musical.
Se os dois shows do Earth, Wind and Fire no Brasil forem metade do que o grupo mostrou no Festival de Montreux, o verdadeiro carnaval de 2008 vai começar no dia 15 de fevereiro e acabar no dia 16.
Confira o serviço dos shows:
VIA FUNCHAL (SP)
Data: 15 de fevereiro de 2008 (sexta-feira)
Horário: 21h30
Local: Rua Funchal, 65 – Vila Olímpia
Informações: www.viafunchal.com.br
Preços:
- Platéia VIP: R$ 300
- Platéia 1: R$ 200
- Platéia 2: R$ 150
- Platéia 3: R$ 100
- Platéia Lateral: R$ 60
- Mezanino Central: R$ 150
- Mezanino Lateral: R$ 100
- Camarote: R$ 300
VIVO RIO (RJ)
Data: 16 de fevereiro de 2008 (sábado)
Horário: 22h
Local: Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo
Informações: www.vivorio.com.br
Preços:
- Setor 3: R$ 150
- Setor 2: R$ 160
- Setor 1: R$ 180
- VIP: R$ 250
- Frisas: R$ 80
- Camarote B: R$ 50 - Camarote A: R$ 250
O retorno do Earth, Wind and Fire ao Brasil é uma ótima notícia neste início de 2008, não só pelo fim da longa ausência, mas pela indiscutível qualidade musical do grupo. E o melhor de tudo é que não será preciso pagar uma bagatela, como geralmente acontece com atrações estrangeiras, para ver e ouvir de pertinho a explosão sonora do EWF. Enquanto no show do Police, realizado em 2006 no Maracanã, a entrada não saía por menos de R$ 160, agora os valores são bem mais convidativos: os ingressos mais baratos custam R$ 50 (RJ) e R$ 60 (SP).
O Earth, Wind and Fire é liderado por Philip Bailey (voz e percussão), Verdine White (baixo) e Ralph Johnson (percussão), remanescentes da formação clássica do grupo. Nos anos 80, durante um período em carreira solo, Bailay tornou-se conhecido pelo dueto com Phil Collins no hit “Easy Lover”. Já Verdine é irmão do fundador do EWF, Maurice White.
O grupo surgiu em 1969, na cidade americana de Chicago, depois que Maurice, fã de Sly & The Family Stone, deixou o posto de baterista do Ramsey Lewis Trio. Magos na fusão do funk com soul, pop e rock, os músicos do EWF criaram uma sonoridade única, com forte predominância dos instrumentos de percussão e sopro. Com isso, colecionaram dezenas de sucessos que até hoje dominam as pistas de dança mundo afora: “September”, “Boogie Wonderland”, “Let’s Groove”, “Shining Star”, “Sing a Song”, “Getaway”, “In the Stone”. Esta última é muito usada como trilha sonora de eventos, sobretudo por causa da pomposa introdução do naipe de metais.
Apesar do caráter fortemente dançante de suas músicas, o EWF também coleciona ótimas baladas. Pelo menos cinco delas não podem faltar na programação das rádios adultas: “Fantasy”, “Can’t Hide Love”, “After the Love Has Gone”, “Reasons” e “Devotion”.
Todas essas músicas e outras tão boas quanto estão no DVD “Live at Montreux 1997”, lançado em 2005 pela ST2. Tive a felicidade de receber o disco e comentá-lo, na época, para o site Universo Musical. São dois shows magníficos: o de 97 (exibido na íntegra), que marcou a estréia do grupo no famoso festival suíço, e o de 98 (em trechos), para o qual o EWF foi convidado devido ao sucesso da apresentação no ano anterior. Não foi para menos: as antigas canções ganharam arranjos primorosos e os dois shows tiveram produção espetacular. Clique aqui e leia a matéria completa sobre o DVD no Universo Musical.
Se os dois shows do Earth, Wind and Fire no Brasil forem metade do que o grupo mostrou no Festival de Montreux, o verdadeiro carnaval de 2008 vai começar no dia 15 de fevereiro e acabar no dia 16.
Confira o serviço dos shows:
VIA FUNCHAL (SP)
Data: 15 de fevereiro de 2008 (sexta-feira)
Horário: 21h30
Local: Rua Funchal, 65 – Vila Olímpia
Informações: www.viafunchal.com.br
Preços:
- Platéia VIP: R$ 300
- Platéia 1: R$ 200
- Platéia 2: R$ 150
- Platéia 3: R$ 100
- Platéia Lateral: R$ 60
- Mezanino Central: R$ 150
- Mezanino Lateral: R$ 100
- Camarote: R$ 300
VIVO RIO (RJ)
Data: 16 de fevereiro de 2008 (sábado)
Horário: 22h
Local: Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo
Informações: www.vivorio.com.br
Preços:
- Setor 3: R$ 150
- Setor 2: R$ 160
- Setor 1: R$ 180
- VIP: R$ 250
- Frisas: R$ 80
- Camarote B: R$ 50 - Camarote A: R$ 250
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Nota 10 / Nota 0
NOTA 10: Para a reportagem do “Jornal da Band” de ontem sobre o DVD pirata “Tropa de Elite 3”. Quando os três âncoras não batem cabeça, o programa costuma ser muito bom. Ontem, sem um deles (Joelmir Betting), a coisa fluiu melhor.
NOTA 0: Para os comentários de Carlos Nascimento no “SBT Brasil”. Ele tenta ser engraçadinho, mas não dá uma dentro.
NOTA 0: Para os comentários de Carlos Nascimento no “SBT Brasil”. Ele tenta ser engraçadinho, mas não dá uma dentro.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
BBB8: mais do mesmo
Hoje começa mais um triste capítulo da história da televisão brasileira: uma nova edição do “Big Brother Brasil”.
Sabe aquele papo de “não vi e não gostei”? É por aí. Mas não é má-vontade. Juro, tentei assistir às edições anteriores, mas a minha paciência não me permitiu passar mais de cinco minutos no mesmo canal. A mão, nervosa, implora o controle remoto e o dedo indicador, como se tivesse vida própria, aperta o primeiro botão que encontra.
Se o programa se restringisse ao horário posterior à novela das oito (ou nove), bastaria não ver. Mas tem os flashes durante a programação da Globo, os comentários em outros canais – que você acaba assistindo, mesmo de relance, no zapping – as conversas de botequim, as capas de jornais e revistas... Enfim, é quase impossível passar despercebido. Tá na boca do povo.
Mas popularidade nem sempre é sinônimo de qualidade. Quantas bandas de axé e pagode venderam milhões de cópias nos anos 90 e hoje são ignoradas? No caso do BBB, a insistência encontra respaldo na audiência. Entretanto, os erros se repetem a cada ano.
Por mais que o diretor Boninho diga, como fez em entrevista ao “Globo Online”, que a linguagem se renova e que não falte gás mesmo depois de 8 anos, o BBB é extremamente previsível. A maioria dos participantes resume-se a muito corpo e pouca mente. Um típico retrato do programa, que se arrasta por meses sem apresentar qualquer conteúdo.
Aliás, este é o maior problema de programas como “Big Brother”, “TV Fama”, “Superpop”, “Vídeo Show” e tantos outros: a futilidade. Não que se espere deste tipo de atração uma aula de cultura. Mas quem disse que entretenimento e informação – no sentido educativo da palavra – não podem andar juntos? Está aí “A Grande Família”, há sete anos no ar, provando que é possível divertir com inteligência.
Esta oitava edição do BBB, antes de ir ao ar, já revela outro problema do país, não só na TV: a concentração da produção cultural em ou para São Paulo. Seis dos 14 participantes (quase 43%) são paulistas, sendo que o último convidado parece ter entrado na marra. Primeiro, um goiano saiu por motivo de doença. Seu substituto, de Limeira (SP), também deixou o programa antes do início e foi trocado por outro de uma cidade próxima, Campinas. Enquanto isso, não há representantes da Região Norte e apenas um é da Região Sul, maior exportadora de modelos do país. Isso porque, segundo Boninho, beleza, no BBB, é fundamental.
O fato de São Paulo possuir o monopólio do ibope (vale lembrar que audiência é medida em tempo real na capital paulista) impõe à TV brasileira quase uma ditadura estética. Digo “estética” na definição mais ampla possível da palavra: forma física, sotaque, roupas, costumes, idéias... Programas esportivos como o “Terceiro Tempo”, da Record, e jornalísticos, como o “Brasil Urgente”, da Band, comprovam esse bairrismo. Com o BBB não foi diferente – das sete edições anteriores, três foram vencidas por paulistas – e, ao que parece, não será.
Mas a obviedade do “Big Brother”, que fará a oitava edição ser igual a todas as outras, está em sua própria essência. Transcende regiões do Brasil e o próprio país. É a egolatria de seus participantes, criadores ou vítimas – você decide – de uma sociedade narcisista, que encontra na televisão um espelho do que é, do que quer ser ou do que querem que seja.
O BBB é mais um produto da era da câmera digital. Os brothers vivem em seu You Tube particular, no Projac. Alimentam o sonho deles e de milhões de pessoas que os “acessam” de se tornarem ricos e famosos sem muito esforço, num circo e num círculo viciosos.
É engraçado que o “Big Brother” seja transmitido nesta época do ano, quando as principais atrações da Rede Globo estão de férias e as reprises dominam a programação. O BBB8, então, seria uma novidade em meio às repetições. Mas não é. O que se vê, como diz a música da Legião Urbana, é mais do mesmo. O pior de tudo é saber a resposta do “povão” à pergunta de Renato Russo no refrão: “Não era isso que você queria ouvir?” Plim, plim.
Sabe aquele papo de “não vi e não gostei”? É por aí. Mas não é má-vontade. Juro, tentei assistir às edições anteriores, mas a minha paciência não me permitiu passar mais de cinco minutos no mesmo canal. A mão, nervosa, implora o controle remoto e o dedo indicador, como se tivesse vida própria, aperta o primeiro botão que encontra.
Se o programa se restringisse ao horário posterior à novela das oito (ou nove), bastaria não ver. Mas tem os flashes durante a programação da Globo, os comentários em outros canais – que você acaba assistindo, mesmo de relance, no zapping – as conversas de botequim, as capas de jornais e revistas... Enfim, é quase impossível passar despercebido. Tá na boca do povo.
Mas popularidade nem sempre é sinônimo de qualidade. Quantas bandas de axé e pagode venderam milhões de cópias nos anos 90 e hoje são ignoradas? No caso do BBB, a insistência encontra respaldo na audiência. Entretanto, os erros se repetem a cada ano.
Por mais que o diretor Boninho diga, como fez em entrevista ao “Globo Online”, que a linguagem se renova e que não falte gás mesmo depois de 8 anos, o BBB é extremamente previsível. A maioria dos participantes resume-se a muito corpo e pouca mente. Um típico retrato do programa, que se arrasta por meses sem apresentar qualquer conteúdo.
Aliás, este é o maior problema de programas como “Big Brother”, “TV Fama”, “Superpop”, “Vídeo Show” e tantos outros: a futilidade. Não que se espere deste tipo de atração uma aula de cultura. Mas quem disse que entretenimento e informação – no sentido educativo da palavra – não podem andar juntos? Está aí “A Grande Família”, há sete anos no ar, provando que é possível divertir com inteligência.
Esta oitava edição do BBB, antes de ir ao ar, já revela outro problema do país, não só na TV: a concentração da produção cultural em ou para São Paulo. Seis dos 14 participantes (quase 43%) são paulistas, sendo que o último convidado parece ter entrado na marra. Primeiro, um goiano saiu por motivo de doença. Seu substituto, de Limeira (SP), também deixou o programa antes do início e foi trocado por outro de uma cidade próxima, Campinas. Enquanto isso, não há representantes da Região Norte e apenas um é da Região Sul, maior exportadora de modelos do país. Isso porque, segundo Boninho, beleza, no BBB, é fundamental.
O fato de São Paulo possuir o monopólio do ibope (vale lembrar que audiência é medida em tempo real na capital paulista) impõe à TV brasileira quase uma ditadura estética. Digo “estética” na definição mais ampla possível da palavra: forma física, sotaque, roupas, costumes, idéias... Programas esportivos como o “Terceiro Tempo”, da Record, e jornalísticos, como o “Brasil Urgente”, da Band, comprovam esse bairrismo. Com o BBB não foi diferente – das sete edições anteriores, três foram vencidas por paulistas – e, ao que parece, não será.
Mas a obviedade do “Big Brother”, que fará a oitava edição ser igual a todas as outras, está em sua própria essência. Transcende regiões do Brasil e o próprio país. É a egolatria de seus participantes, criadores ou vítimas – você decide – de uma sociedade narcisista, que encontra na televisão um espelho do que é, do que quer ser ou do que querem que seja.
O BBB é mais um produto da era da câmera digital. Os brothers vivem em seu You Tube particular, no Projac. Alimentam o sonho deles e de milhões de pessoas que os “acessam” de se tornarem ricos e famosos sem muito esforço, num circo e num círculo viciosos.
É engraçado que o “Big Brother” seja transmitido nesta época do ano, quando as principais atrações da Rede Globo estão de férias e as reprises dominam a programação. O BBB8, então, seria uma novidade em meio às repetições. Mas não é. O que se vê, como diz a música da Legião Urbana, é mais do mesmo. O pior de tudo é saber a resposta do “povão” à pergunta de Renato Russo no refrão: “Não era isso que você queria ouvir?” Plim, plim.
Nota 10 / Nota 0
NOTA 10: Para o comercial do CD “The Best So Far”, de Whitney Houston. Mais uma bola dentro da Som Livre.
NOTA 0: Para Luciano Huck, que, no afã de elogiar Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr., o chamou de “poeta”. Chorão é um bom compositor de rock e tem a habilidade de se comunicar com os jovens, mas para poeta há uma distância considerável.
NOTA 0: Para Luciano Huck, que, no afã de elogiar Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr., o chamou de “poeta”. Chorão é um bom compositor de rock e tem a habilidade de se comunicar com os jovens, mas para poeta há uma distância considerável.
sábado, 5 de janeiro de 2008
Nota 10 / Nota 0
NOTA 10: Para o “SBT Realidade” da última quarta-feira, que mostrou as várias faces de Nova York retratadas no cinema. Cenas memoráveis, de “King Kong” a “Madagascar”, em um programa leve e irresistível.
NOTA 0: Para a reportagem do “RedeTV! News” de quarta-feira sobre um ponto turístico da Bolívia onde “não haviam (sic) pistas de pouso” para aviões. O redator e a âncora devem ter faltado à aula de português em que o professor explicou que o verbo “haver”, no sentido de “existir”, é impessoal, ou seja, mantém-se no singular.
NOTA 0: Para a reportagem do “RedeTV! News” de quarta-feira sobre um ponto turístico da Bolívia onde “não haviam (sic) pistas de pouso” para aviões. O redator e a âncora devem ter faltado à aula de português em que o professor explicou que o verbo “haver”, no sentido de “existir”, é impessoal, ou seja, mantém-se no singular.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Cassiane x MK: quem perde menos?
Olá amigo, feliz ano novo. Começo 2008 falando um pouco de música gospel.
Em 2007, não acompanhei o segmento com a mesma intensidade de anos anteriores. Pelas notícias que li na mídia e recebi das assessorias de imprensa, pareceu-me um ano sem grandes lançamentos ou destaques individuais.
Até dezembro, apenas quatro fatos me chamaram a atenção: 1 – o desmembramento do grupo Toque no Altar, no auge da carreira; 2 – a vitória de Aline Barros no Grammy Latino, o terceiro dela, segundo consecutivo; 3 – a estréia da sertaneja Sula Miranda como cantora evangélica; 4 – e o interesse da Globo na música gospel, primeiramente inserindo uma antiga canção de Aline Barros, Recomeçar, na trilha sonora da novela das oito, “Duas Caras” (feito inédito), e depois lançando, pela Som Livre, uma coletânea do gênero.
Mas, ao apagar das luzes de 2007, eis que surge uma notícia realmente bombástica: a saída de Cassiane da gravadora MK Music. Para quem não conhece o mercado gospel em detalhes, vale uma breve explicação. Com seu estilo pentecostal, Cassiane tornou-se a artista mais popular e a maior vendedora de discos da música evangélica nacional. Ela foi a única do segmento a atingir a marca de 1 milhão de cópias vendidas, feito conseguido com o álbum Com Muito Louvor, lançado pela MK Music em 1999. Cassiane mantinha contrato com a gravadora desde 1992, quando a empresa ainda se chamava MK Publicitá.
A saída de Cassiane da MK, em si, não chega a ser novidade, porque os desentendimentos entre ambos já eram públicos desde 2005. Naquele ano, Cassiane lançou o CD Sementes da Fé depois de muita especulação. O estopim dos boatos teria sido a ausência da cantora no megaevento Canta Zona Sul, promovido pela MK.
Na época, em entrevista para o Universo Musical, Cassiane me explicou que não comparecera porque já tinha outro evento agendado, o Clamor pela Paz, organizado pela Rede Melodia - emissora de rádio do mesmo grupo da gravadora concorrente Top Gospel. Ela resumiu o problema como “falta de comunicação”, mas confessou ter havido um certo constrangimento:
“Como não tinha como fazer os dois (eventos), tive que cumprir meu compromisso. Eles (a MK) ficaram tristes principalmente por causa do comercial na televisão, que acabou passando na Globo. Eu não sabia que isso iria acontecer. (...) Aí surgiram os boatos – eu fui para todas as gravadoras ao mesmo tempo. Eu dizia na época: ‘estou na MK até quando Deus mandar'”, contou-me Cassiane, numa entrevista realizada em novembro de 2005, no Reuel Studio, que pertence ao marido da cantora, o produtor Jairinho Manhães.
Se a separação era esperada, a forma como ela aconteceu foi, de certa forma, surpreendente. Falou-se muito que Cassiane, ao sair da MK, iria para a Central Gospel, gravadora dirigida por Silas Malafaia. A afinidade entre eles é grande, pois ambos são pastores da igreja Assembléia de Deus. Além disso, o CD De Criança para Criança, trabalho de estréia de Jayane, filha de Cassiane e Jairinho, foi lançado, em 2006, pela Central Gospel.
Mas Cassiane preferiu o caminho da independência. Com Jairinho, montou o selo Reuel Music, também uma editora, e lançou, no início de dezembro passado, o CD Faça Diferença. Vai aqui um parênteses: como informa Elvis Tavares no site Efrata Music, este é o mesmo título de um CD da cantora adventista Tatiana Costa. É mais uma prova da falta de criatividade que permeia o mercado gospel, algo que já tive a oportunidade de comentar, algumas vezes, no Universo Musical. Mas este é um assunto para outra postagem.
Mais um fato que merece destaque na briga Cassiane x MK é que a separação ocorreu de forma litigiosa. Novamente recorro ao meu amigo Elvis Tavares, que além de compositor, é advogado e, portanto, está inteirado sobre o mundo jurídico. No site da Efrata, ele informa que há na Justiça carioca duas ações referentes ao tema: uma no TJ da capital fluminense, onde a cantora questiona a gravadora, e a outra no fórum da Ilha do Governador, onde a gravadora questiona a cantora.
Some-se a tudo isso o fato de que Cassiane era duplamente contratada da MK Music: como artista solo e como integrante da dupla Cassiane e Jairinho, que em junho do ano passado lançou o CD Falando de Amor pela gravadora de São Cristóvão. O último trabalho de Cassiane pela MK, sozinha, foi um álbum retrospectivo, o CD/DVD ao vivo 25 Anos de Muito Louvor, de 2006.
Depois de tudo isso posto, vamos à pergunta do título: quem perde menos nessa separação? Na minha opinião, Cassiane. Ela tem quase 30 anos de uma carreira sólida e um público muito fiel, que certamente a acompanhará mesmo sem o grande poder de mídia da MK. E Cassiane tem uma série de exemplos de artistas que, antes dela, adotaram a independência com sucesso: Rose Nascimento, Ludmila Ferber, Marcos Goes, Álvaro Tito, todos donos de seus selos e muito longe de caírem no esquecimento popular.
Talvez a pior conseqüência para Cassiane seja a possível supressão de seus discos das prateleiras das lojas, como já aconteceu com quem deixou a MK de forma, digamos, não amistosa. Vide o exemplo da banda Catedral, cujo CD 10 Anos ao Vivo no Imperator, lançado em 1997, está há anos fora de catálogo, embora a procura do público seja grande.
A MK é uma grande gravadora, dona de uma estrutura digna de multinacional. Mas a saída de Cassiane – que certamente representará um baque nos cofres da companhia, ainda mais em tempos de recessão para o mercado da música – e a possibilidade de que o mesmo aconteça com outros artistas importantes, como há tempos vem sendo cogitado nos bastidores do mercado, pode ser o indício de que algumas mudanças internas são necessárias, sobretudo na filosofia da empresa. Uma proximidade maior com as demais gravadoras evangélicas seria um bom começo. Se isso realmente acontecer, não existirão perdedores.
Em 2007, não acompanhei o segmento com a mesma intensidade de anos anteriores. Pelas notícias que li na mídia e recebi das assessorias de imprensa, pareceu-me um ano sem grandes lançamentos ou destaques individuais.
Até dezembro, apenas quatro fatos me chamaram a atenção: 1 – o desmembramento do grupo Toque no Altar, no auge da carreira; 2 – a vitória de Aline Barros no Grammy Latino, o terceiro dela, segundo consecutivo; 3 – a estréia da sertaneja Sula Miranda como cantora evangélica; 4 – e o interesse da Globo na música gospel, primeiramente inserindo uma antiga canção de Aline Barros, Recomeçar, na trilha sonora da novela das oito, “Duas Caras” (feito inédito), e depois lançando, pela Som Livre, uma coletânea do gênero.
Mas, ao apagar das luzes de 2007, eis que surge uma notícia realmente bombástica: a saída de Cassiane da gravadora MK Music. Para quem não conhece o mercado gospel em detalhes, vale uma breve explicação. Com seu estilo pentecostal, Cassiane tornou-se a artista mais popular e a maior vendedora de discos da música evangélica nacional. Ela foi a única do segmento a atingir a marca de 1 milhão de cópias vendidas, feito conseguido com o álbum Com Muito Louvor, lançado pela MK Music em 1999. Cassiane mantinha contrato com a gravadora desde 1992, quando a empresa ainda se chamava MK Publicitá.
A saída de Cassiane da MK, em si, não chega a ser novidade, porque os desentendimentos entre ambos já eram públicos desde 2005. Naquele ano, Cassiane lançou o CD Sementes da Fé depois de muita especulação. O estopim dos boatos teria sido a ausência da cantora no megaevento Canta Zona Sul, promovido pela MK.
Na época, em entrevista para o Universo Musical, Cassiane me explicou que não comparecera porque já tinha outro evento agendado, o Clamor pela Paz, organizado pela Rede Melodia - emissora de rádio do mesmo grupo da gravadora concorrente Top Gospel. Ela resumiu o problema como “falta de comunicação”, mas confessou ter havido um certo constrangimento:
“Como não tinha como fazer os dois (eventos), tive que cumprir meu compromisso. Eles (a MK) ficaram tristes principalmente por causa do comercial na televisão, que acabou passando na Globo. Eu não sabia que isso iria acontecer. (...) Aí surgiram os boatos – eu fui para todas as gravadoras ao mesmo tempo. Eu dizia na época: ‘estou na MK até quando Deus mandar'”, contou-me Cassiane, numa entrevista realizada em novembro de 2005, no Reuel Studio, que pertence ao marido da cantora, o produtor Jairinho Manhães.
Se a separação era esperada, a forma como ela aconteceu foi, de certa forma, surpreendente. Falou-se muito que Cassiane, ao sair da MK, iria para a Central Gospel, gravadora dirigida por Silas Malafaia. A afinidade entre eles é grande, pois ambos são pastores da igreja Assembléia de Deus. Além disso, o CD De Criança para Criança, trabalho de estréia de Jayane, filha de Cassiane e Jairinho, foi lançado, em 2006, pela Central Gospel.
Mas Cassiane preferiu o caminho da independência. Com Jairinho, montou o selo Reuel Music, também uma editora, e lançou, no início de dezembro passado, o CD Faça Diferença. Vai aqui um parênteses: como informa Elvis Tavares no site Efrata Music, este é o mesmo título de um CD da cantora adventista Tatiana Costa. É mais uma prova da falta de criatividade que permeia o mercado gospel, algo que já tive a oportunidade de comentar, algumas vezes, no Universo Musical. Mas este é um assunto para outra postagem.
Mais um fato que merece destaque na briga Cassiane x MK é que a separação ocorreu de forma litigiosa. Novamente recorro ao meu amigo Elvis Tavares, que além de compositor, é advogado e, portanto, está inteirado sobre o mundo jurídico. No site da Efrata, ele informa que há na Justiça carioca duas ações referentes ao tema: uma no TJ da capital fluminense, onde a cantora questiona a gravadora, e a outra no fórum da Ilha do Governador, onde a gravadora questiona a cantora.
Some-se a tudo isso o fato de que Cassiane era duplamente contratada da MK Music: como artista solo e como integrante da dupla Cassiane e Jairinho, que em junho do ano passado lançou o CD Falando de Amor pela gravadora de São Cristóvão. O último trabalho de Cassiane pela MK, sozinha, foi um álbum retrospectivo, o CD/DVD ao vivo 25 Anos de Muito Louvor, de 2006.
Depois de tudo isso posto, vamos à pergunta do título: quem perde menos nessa separação? Na minha opinião, Cassiane. Ela tem quase 30 anos de uma carreira sólida e um público muito fiel, que certamente a acompanhará mesmo sem o grande poder de mídia da MK. E Cassiane tem uma série de exemplos de artistas que, antes dela, adotaram a independência com sucesso: Rose Nascimento, Ludmila Ferber, Marcos Goes, Álvaro Tito, todos donos de seus selos e muito longe de caírem no esquecimento popular.
Talvez a pior conseqüência para Cassiane seja a possível supressão de seus discos das prateleiras das lojas, como já aconteceu com quem deixou a MK de forma, digamos, não amistosa. Vide o exemplo da banda Catedral, cujo CD 10 Anos ao Vivo no Imperator, lançado em 1997, está há anos fora de catálogo, embora a procura do público seja grande.
A MK é uma grande gravadora, dona de uma estrutura digna de multinacional. Mas a saída de Cassiane – que certamente representará um baque nos cofres da companhia, ainda mais em tempos de recessão para o mercado da música – e a possibilidade de que o mesmo aconteça com outros artistas importantes, como há tempos vem sendo cogitado nos bastidores do mercado, pode ser o indício de que algumas mudanças internas são necessárias, sobretudo na filosofia da empresa. Uma proximidade maior com as demais gravadoras evangélicas seria um bom começo. Se isso realmente acontecer, não existirão perdedores.
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