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sábado, 13 de outubro de 2012

Zé Renato garante animação para crianças e adultos em feriado chuvoso


CRÍTICA DE SHOW
● Zé Renato pras Crianças (12/10/2012)

Zé Renato pras Crianças


Depois de uma semana de primavera com temperaturas de alto verão no Rio de Janeiro, a chuva parecia querer estragar o Dia das Crianças - que este ano caiu numa sexta-feira de feriadão ainda mais prolongado para muitos, com o Dia do Comerciário na segunda-feira seguinte (15). Mas o aguaceiro que despencou na Cidade Maravilhosa não tirou o ânimo de quem foi ao Teatro Rival, no Centro da cidade, assistir ao show Zé Renato para Crianças, comandado pelo ex-cantor do grupo Boca Livre.

Sem uma superestrutura de palco à la Adriana Partimpim, Zé Renato (ao violão) e banda calcaram-se na força das músicas para garantir uma apresentação muito animada e divertida. Decisão mais que acertada, já que o repertório do show tem como base seus dois ótimos CDs infantis - Samba pras Crianças (2003) e Forró pras Crianças (2006), mais algumas canções pinçadas dos clássicos A Arca de Noé 1 e 2, de Vinicius de Moraes - do qual ele participou com o Boca Livre -, e outras pérolas do cancioneiro infantil.

De seus discos, Zé Renato misturou canções tipicamente infantis, como O Sapo, a outras não necessariamente direcionadas a crianças, mas que se adaptaram muito bem a esse universo, como o samba Maracangalha (Dorival Caymmi) e o forró Sebastiana (Jackson do Pandeiro). Da Arca de Noé, Zé Renato pinçou, para alegria de crianças e adultos, O Ar, A Casa e O Pato. O músico ainda visitou o repertório de Chico Buarque duas vezes, relendo História de uma Gata (do musical Os Santimbancos) e Ciranda da Bailarina (gravada por Adriana "Partimpim" Calcanhoto), e ainda de Gilberto Gil, com a infalível Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Com bom humor, repertório certeiro e músicos de primeira linha o acompanhando, Zé Renato aqueceu a sexta-feira fria e a chuva do Rio de Janeiro. Muitos adultos que foram ao Teatro Rival para animar seus filhos talvez tenham se divertido tanto ou mais que eles. Falo por experiência própria...

Hoje tem mais uma apresentação de Zé Renato no Teatro Rival. Para quem puder ir, é uma ótima dica - só não esqueça o guarda-chuva. Confira abaixo o serviço do show:

Teatro Rival Petrobras
Data: 13/10, sábado, às 18h
End.: Rua Álvaro Alvim, 33/37 - Cinelândia
Preços:
Setor A / Setor B / Mezanino:
- R$ 50 (Inteira)
- R$ 25 (Meia entrada para estudantes, idosos e professores da rede municipal).
- R$ 20 (Crianças de 03 a 10 anos)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Fazendo música, jogando bola

Muitos antes de a revista Rolling Stones eleger Acabou Chorare o melhor disco brasileiro de todos os tempo, numa lista dos 100 mais divulgada em 2007, eu já considerava o álbum que os Novos Baianos lançaram em 1972, sob influência de João Gilberto, o número 1 da MPB.

Mas isso foi até hoje, quando tive a felicidade de ouvir pela primeira vez na íntegra, da primeira à última faixa, o disco seguinte de Moraes, Pepeu, Baby & cia., Novos Baianos Futebol Clube, de 1973. Foi uma experiência tão incrível que decidi relatá-la aqui neste espaço.

Não que Novos Baianos Futebol Clube seja melhor que Acabou Chorare. Na verdade, a sonoridade é bem parecida, lembrando até uma continuação. Igualdade até no número de faixas, 10 cada um. Talvez por isso, por não ser tão revolucionário quanto seu antecessor, F.C. não tenha conseguido a mesma projeção.

Mas o disco é bom demais. Tem mais samba que Acabou Chorare e a influência hippie nas letras é maior. Fazendo música e jogando bola, como diria Pepeu Gomes muitos anos depois, já em carreira solo, os Novos Baianos criaram verdadeiras obras-primas, como a deliciosa Vagabundo Não É Fácil e a brilhante Com Qualquer Dois Mil Reis, dona de letra atemporal.

Novos Baianos Futebol Clube é samba e rock, loucura e genialidade. Puros anos 70. Nasceu numa época em que eram mais freqüentes discos conceituais, bons do início ao fim, que revelavam surpresas a cada audição. Escute-o com fones de ouvido, para perceber a separação dos instrumentos em cada canal, e comprove.

A partir de hoje, a minha lista dos melhores de todos os tempos tem um novo e forte aspirante à primeira colocação. Talvez Acabou Chorare leve pequena vantagem, mas posso dizer que há um empate técnico.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Não sei porque você se foi... Saudades de Tim Maia em especial da Globo

Foto: Globo OnlineCRÍTICA DE TV
● PROGRAMA: Por Toda Minha Vida - Tim Maia
● EMISSORA: Rede Globo



Falar bem de Tim Maia é chover no molhado. Passaria linhas e linhas aqui falando o que todo mundo sabe: excelente cantor, compositor acima da média, o homem que inventou (e consolidou) a black music de sotaque brasileiro e muitos outros adjetivos, todos mais do que justos.

A vida do Síndico foi tema do especial “Por Toda Minha Vida”, exibido na última sexta-feira (14/12/07), na Rede Globo. Embora sem o mesmo ritmo das edições anteriores, dedicadas a Renato Russo e Nara Leão, o programa manteve o alto nível dos demais, o que o consolidou como a melhor surpresa da TV brasileira em 2007.

O diretor Ricardo Waddington acertou em cheio ao mostrar que, por trás de um artista genial, havia um ser humano genioso. E que todas as loucuras, excentricidades e exageros cometidos por Tim Maia, que levaram à sua morte precoce em março de 1998, tinham uma razão: sua tremenda carência afetiva.

Essa abordagem tirou o foco de Tim Maia e jogou os holofotes para Sebastião Rodrigues Maia, um homem pobre que começou a vida vendendo quentinhas e que, graças a um talento extraordinário e à sagacidade de um bom brasileiro, mudou de vida através da música. No meio do caminho, morou no exterior, se envolveu com drogas, foi preso, amou, teve filhos, foi traído, fez amigos, sorriu e fez sorrir, chorou e fez chorar, compôs muita música boa, ficou rico, empobreceu, acreditou em tudo e em todos, foi cético, às vezes bondoso, às vezes amargo. Enfim, um homem que viveu livremente, como salientou seu biógrafo, Nelson Motta, e que pagou um preço caro por isso.

O grande mérito do programa foi expor todos esses lados de Tim Maia de uma forma balanceada, o que não deve ter sido tarefa das mais fáceis. Para o espectador, ficou bem claro que a vida pessoal de Tim Maia foi uma coisa, e seu talento musical foi outra. Ao mesmo tempo, até os amigos mais íntimos não deixaram de criticar seus erros, deixando no ar a dúvida se a carreira de Tim não poderia ter sido ainda mais brilhante se ele, digamos, tivesse sido mais ajuizado.

Está aí o eterno paradoxo de Tim Maia exposto em “Por Toda Minha Vida”: sua vida pessoal foi ao mesmo tempo indiferente e determinante na trajetória artística que seguiu.

A mais, vale salientar a interpretação precisa de Charles Maia (sósia oficial do cantor) e a cena em que Tim inspira-se nas ondas que vê em um quadro para criar a canção “Azul da Cor do Mar”, abre-alas de sua carreira. A partir daí o programa cresce e passa a mostrar cenas que entraram para História, “causos” que viraram lendas e músicas que se transformaram em hinos.