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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Não sabe brincar...

Foto: Globo Online / Montagem: Marcos Bin

A torcida do Flamengo comemorou mais a vitória de 4ª pela Libertadores do que a conquista da Taça Guanabara, domingo, contra o Botafogo. E não foi por causa da diferença de nível entre as duas competições.

Demorou para cair a ficha rubro-negra. Ou seria o apito? Enfim, os flamenguistas precisaram de alguns dias para perceber que as lambanças dos Homens de Preto custaram o título ao Botafogo.

Somente a perplexidade retardada – em todos os sentidos da palavra – pode explicar a foto ao lado, em que o zé mané do Souza tenta tirar uma onda com os torcedores alvinegros.

Ele não deve ter se lembrado que haverá outros jogos entre Flamengo e Botafogo este ano, um deles daqui a algumas rodadas, no 2º turno do Carioca. Se os jogadores alvinegros já demonstraram sua revolta agora, com palavras, o que esperar da próxima partida? E as torcidas, como irão se comportar?

A idiotice do Souza pode custar caro. Se isso acontecer, ficar de castigo no canto da sala será uma punição leve demais.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Here come the Men in Black

Mais uma vez o pessoal do MIB (Men in Black) usa suas armas antialienígenas para prejudicar o Botafogo numa final.

Ano passado, o Glorioso foi a vítima preferida dos homens (e mulheres, né, Ana Paula?) de preto. Mas enquanto meus companheiros alvinegros reclamavam da arbitragem, eu preferia culpar a falta de garra da equipe pelas sucessivas derrotas.

Mas ontem, no Maracanã, não houve desculpa. Assim como na final de 2007, o Botafogo deste ano tem mais time que o Flamengo e foi superior em campo. A diferença é que agora temos um time “de machos”, como queria o Montenegro.

Faltou sorte, sim, mas seria muito mais fácil o juiz não marcar aquele pênalti absurdo – do tipo que só marcam contra o Botafogo – a querer que a bola, em vez de bater na trave, entrasse no gol aos 50 minutos, quando a equipe tinha um a menos e os jogadores estavam com os nervos à flor da pele.

E ainda teve a bola recuada pelo zagueiro rubro-negro que o goleiro defendeu, sem que o juiz marcasse tiro livre indireto; a expulsão ridícula do Zé Carlos, que nem participou da confusão após o pênalti; e uma falta perto da área, no fim do jogo, que o bandeirinha viu e também não fez nada. E nós ainda temos que aturar a explicação do Arnaldo Cezar Coelho: “o jogador do Botafogo se joga tanto que, quando é falta mesmo, ninguém acredita”. Aaaaaaaah, bom... Alguém merece?

Meu consolo é saber que agora, seguindo a tradição, o Flamengo vai ignorar a Taça Rio para se dedicar à Taça Libertadores, título que não tem a menor condição de vencer, pela deficiência do elenco (o mesmo vale para o Fluminense e valeria para Botafogo e Vasco, se estivessem lá).

Muito provavelmente o Botafogo vencerá o segundo turno – até porque é muito superior a Vasco e Fluminense, como provou na Taça Guanabara – e se reencontrará com o Flamengo na grande final. Vamos ver se da próxima vez o Will Smith e o Tommy Lee Jones serão convidados.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Rio 2016: uma piada de mau gosto

Na TV passa uma propaganda do governo federal que diz: “O Brasil é tão bom quanto seu voto”. Às vezes acho que isso é mesmo verdade, já que eu voto nulo.

A candidatura do Rio de Janeiro à sede dos Jogos Olímpicos de 2016 é mais uma prova de que, como dizia o general francês Charles de Gaulle, este país realmente não é sério. Afirmação muito bem registrada por Rita Lee na canção “M Te Vê”, segundo a qual o Brasil dos anos 90 tinha “um pé no penta, o outro em Chernobyl”. Nos anos 2000, estamos mais próximos do Iraque, mas as nossas autoridades parecem estar mais preocupadas em aparecer nos jornais do que em resolver os problemas da nação.

Não bastou o fiasco da candidatura para 2004. Tanto lá como cá, o circo foi armado para sustentar uma tragédia anunciada. Na época, integrantes do COI (Comitê Olímpico Internacional) até bateram uma bolinha no Maracanã, mas, dentro das quatro linhas de sua sede, em Lausanne, na Suíça, jogaram o Rio para escanteio.

Agora, não houve caos aéreo que segurasse a comitiva brasileira. Enquanto todos os adversários cariocas mandaram seus projetos por correio, políticos e autoridades esportivas nacionais pegaram o meu e o seu dinheiro, fizeram as malas e partiram para a Suíça. Sem a violência e a desordem urbana que deixaram para trás, encontraram o cenário ideal para estamparem largos sorrisos frente às câmeras de TV. O saudoso Carequinha não faria palhaçada maior.

O Rio de Janeiro não tem a menor estrutura para sediar um evento do porte das Olimpíadas. Fala-se muito no sucesso dos Jogos Pan-americanos, mas é como comparar uma bicicleta a um avião supersônico. Além disso, no Pan ocorreram vários problemas com as instalações e a venda de ingressos, entre outros, todos eles minimizados por nossa imprensa ufanista.

A falta de estrutura carioca começa, é claro, pela segurança. Como a cidade quer receber, durante quase um mês, milhares de pessoas do mundo inteiro se não consegue nem garantir transporte seguro do aeroporto até os hotéis? Quantos ônibus de excursão são assaltados todos os meses na Linha Vermelha, sem que as autoridades tomem a decisão de estabelecer ali um policiamento ostensivo? Isso quando a Linha Vermelha está aberta, né? No último domingo, ficou nove minutos fechada por causa de um tiroteio - uma semana antes, foram 30. E ainda tem a Linha Amarela, a Avenida Brasil e outras tantas vias importantes que estão à mercê do tal “poder paralelo”.

O que dizer, então, dos assaltos na orla? Pode existir um absurdo maior que este? O sujeito está caminhando tranqüilamente pelo calçadão de Copacabana ou Ipanema quando, em meio a centenas de pessoas – nenhuma delas policial ou guarda municipal – é furtado. E se tentar reagir pode morrer, nas mãos do bandido ou no trânsito, ao atravessar a rua, como aconteceu recentemente com um turista italiano.

O sistema de transporte carioca beira o ridículo. Se um paulistano perde o metrô, não gasta mais de um minuto e meio até pegar outra composição. Já o carioca que passa pela mesma situação chega a amargar seis minutos de uma longa espera. E quando o metrô chega, está tão cheio que faz o cidadão pensar se vale mesmo a pena trocar as ruas pelos trilhos.

A malha metroviária do Rio é de apenas 42 quilômetros, menor que a de São Paulo (62 km) e a de outras metrópoles de países em desenvolvimento, como a Cidade do México (250 km). Isso sem contar as grandes cidades de países do Primeiro Mundo, como Tóquio (292 km), Madri (224 km) e Chicago (166 km), concorrentes diretas do Rio na disputa pela sede das Olimpíadas de 2016.

Outro problema latente do Rio de Janeiro é a poluição da Baía de Guanabara, onde seriam realizadas todas as competições marítimas. Há muitos anos fala-se na despoluição, que é caríssima e nunca aconteceu. Você acredita que será feita agora?

Se para os Jogos Pan-americanos foram gastos R$ 4 bilhões, não dá nem para estimar quanto seria necessário investir para deixar o Rio de Janeiro minimamente preparado para receber as Olimpíadas. Sediar o evento é um sonho dos cariocas e faria muito bem à cidade, mas não seria melhor, antes de pensar nisso, buscar investimentos que garantissem uma vida mais digna à população e mais segurança para as pessoas que visitam o Rio?

A resposta parece óbvia. Mas quem está preocupado com isso? O importante, mesmo, em ano de eleição, é dar gargalhada para as câmeras, tendo em mãos um projeto tão bonito quanto utópico. Não é, Sérgio Cabral? Só faltou perguntar se tem marmelada.