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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Elton John no Rock in Rio: um genial estranho no ninho

CRÍTICA DE SHOW
● Elton John - Rock in Rio (29/09/11)




Elton John fez uma apresentação tecnicamente impecável na abertura do quarto Rock in Rio, na madrugada de sexta (23) para sábado (24). Em cerca de uma hora e meia, o cantor britânico tocou muitos de suas dezenas de hits, mostrou entrosamento perfeito com a banda e deu um show de virtuosismo ao piano, do qual só saiu para tímidas saudações ao público. Ao contrário de sua antecessora no Palco Mundo, Katy Perry – que fez várias trocas de roupa, vestiu-se com a bandeira do Brasil e interagiu bastante com a plateia – Sir Elton John preocupou-se “apenas” com o essencial: a música. E agradou quem estava lá por causa dela.

Algumas frases em português teriam sido bem-vindas, é verdade. Mas não faltou simpatia ao senhor britânico, que, aos 64 anos, mostrou-se em plena forma física e musical, embora a voz já não tenha a mesma potência de outrora, o que o obrigou a usar tons mais graves. Enquanto enfileirava seus sucessos – da abertura com Saturday night’s alright for fighting até o encerramento com Crocodile Rock, passando por Daniel, Rocket man, Don’t let the sun go down on me, Philadelphia freedom, I’m still standing, The bitch is back, Goodbye yellow brick road, Skyline pigeon, I guess that’s why they call it the blues e Bennie and the jets, entre outros hits – o cantor distribuiu muitos sorrisos, interagiu bastante com seus ótimos músicos e nem ligou quando um fã subiu ao palco para homenageá-lo. Não foi diferente em canções menos conhecidas, como a excelente Hey Ahab – gravada em seu mais recente álbum, The union (2010), feito em parceria com Leon Russell – na qual o coral feminino deu um show à parte.

O maior revés para Elton John – e para quem foi ao Rock in Rio só para assisti-lo – foi a (des)organização do evento, que parece não ter aprendido com os erros das edições anteriores. A lambança começou com a escolha dele para uma noite “teen”, em que o público, jovem em sua maioria, estava mais interessado em fazer festa do que em ouvir música. Seria mais inteligente tê-lo escalado para esta quinta (29), que tem atrações voltadas para o público adulto (não seria ótimo ver uma sequência com Elton John e Stevie Wonder?).

Outro equívoco foi colocar Elton John para tocar depois de Claudia Leitte e Katy Perry e antes de Rihana. Foi um banho de água fria tanto para a garotada quanto para os fãs do cantor, que deixou o palco sem tocar Your song, seu principal sucesso, guardado para um bis que não aconteceu, talvez por causa da apatia de boa parte do público.

No fim das contas, 90 minutos foi pouco. Ficou um gosto de quero mais, como tudo que é bom. Resta esperar que Elton John volte em breve, num show só dele, e toque mais de seus inesquecíveis clássicos, como Sad songs (uma das várias ausências sentidas no set list), para uma plateia que saiba reconhecer sua genialidade musical.

sábado, 16 de julho de 2011

Stevie Wonder e eu confirmados no Rock in Rio IV

Quando eu pensava que 2011 estava completo no quesito "grandes shows", depois da arrebatadora e inesquecível apresentação de Paul McCartney no Engenhão, eis que a organização do Rock in Rio IV – até então com line-up meia-boca – anuncia mais um dia de festival, 29 de setembro, tendo como atração principal ninguém menos que Stevie Wonder.

Qualquer adjetivo abaixo de gênio é pouco para definir Stevie Wonder, verdadeiro baluarte da música negra americana e um dos meus maiores ídolos. Lembro que certa vez, numa empresa em que trabalhei, um colega achou estranho quando toquei um set list só com músicas de SW. Ele disse algo como "nunca vi ninguém fazer uma coletânea com músicas de Stevie Wonder".

Pois é, eu fiz. Uma seleção com mais de 30 músicas, e só coisa boa: "Isn’t she lovely", "My chery amour", "For once in my life", "Superstition", "Ebony & ivory" (épico dueto com Paul McCartney), "As" (uma das mais espetaculares músicas de SW, embora pouco badalada, que ganhou ótima releitura com George Michael e Mary J Blige), "For your love", "I Just called to say I love you", "Overjoyed" (outra que dispensa comentários), "Ribbon in the sky", "You are the sunshine of my life", só para citar algumas.

O anúncio de Stevie Wonder já seria suficiente, mas ainda tinha mais. Diferentemente, por exemplo, da abertura do Rock in Rio IV – que terá Elton John "mais 10", como se diz no futebol – o 29 de setembro não será data de uma única estrela. As outras atrações incluem grandes nomes da música internacional, como Jamiroquai e Joss Stone. Entre os brasucas, dois encontros prometem: Marcelo Bonfá e Dado Villa Lobos, que tocarão o repertório da Legião Urbana com convidados, acompanhados da Orquestra Sinfônica Brasileira, e quatro "filhos de peixe": Diogo Nogueira (filho de João Nogueira), Davi Moraes (Moraes Moreira), Max de Castro e Wilson Simoninha (Wilson Simonal), que certamente farão todos dançar no Baile do Simonal.

Ainda falta definir um nome para o line-up, mas, desde já, o 29 de setembro é o melhor dia do Rock in Rio IV. Eu já comprei o meu ingresso. Encontro você lá.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Paul McCartney in Rio: I saw him standing there

Há algumas horas, assim que saí do Engenhão, depois de assistir ao show de Paul McCartney – o primeiro dele no Rio de Janeiro em 21 anos – minha euforia era tanta que a vontade era de gritar e dizer mil palavrões. Acho que era muita emoção contida, ainda não extravasada, mesmo após quase 3 horas de apresentação, somada a um cansaço extremo de horas a fio em pé (coluna, pernas e pés pedindo arrego). Segurei um pouco a onda, para não pagar mico, mas, na quilométrica fila para pegar o trem, não deu mais pra segurar, o coração explodiu, e eu mandei um “p@#!, eu viiiiiiiiiiiiiiiiii”!!!

Com o mico pago e a euforia baixada, a minha maior sensação depois do show é a de dever cumprido, de ter passado por uma etapa obrigatória na vida. Daqui a 5, 10, 20, 30 anos, vou poder dizer ao meu filho: eu vi o maior músico do mundo. Não haverá outro Paul McCartney, e eu sinceramente acho que, a despeito de todo o vigor do ex-beatle, aos 68 anos, não haverá outra chance de vê-lo no Brasil (espero estar errado!). Citando um ídolo que não pude ver, Elvis Presley, era agora ou nunca.



Num Engenhão com ótimo sistema de som, Paul começou a apresentação um pouco mais de 10 minutos atrasado, com “Hello Goodbye”. Até meados da noite, o show alternava momentos mais empolgantes, sobretudo nas músicas dos Beatles, com outros contemplativos, quando Sir Paul tocava seus “lados B”. Isso até “Band on the Run”, um dos melhores momentos do show, iniciar a catarse coletiva. A partir daí, foi uma sequência incansável de sucessos, com destaque para “Hey Jude”, em que um grupo de pessoas da plateia vip segurava cartazes que diziam “na”, somando-se ao coro da multidão. Sons e imagens que certamente ficarão registrados na mente do público como uma fotografia.

A plateia, aliás, deu um show à parte em todo o tempo: cantou todas as músicas, jogou bolas coloridas, acendeu luzes, pulou e respondeu às brincadeiras de Paul, que, como um maestro, regia a multidão. Não foi à toa que, num determinado momento, ele fez uma citação à música clássica. Macca era um regente perfeito. À frente de um quarteto “fabuloso” – com destaque absoluto para o competente e carismático baterista – o jovem senhor desfilou um set list com nada menos que 33 músicas (com direito a dois bis), empunhou a bandeira brasileira, vestiu uma camisa da seleção com seu nome escrito e fez 45 mil brasileiros parecerem estar numa grande aula de inglês.

“Something”, “The Long and Widing Road”, “Get Back”, “Live and Let Die” (com o já conhecido mas sempre surpreendente festival pirotécnico), “Let It Be”, “Yesterday” e “Helter Skelter” foram mais alguns grandes momentos de uma noite mágica, única, inesquecível, para a qual sobram adjetivos e emoção. E quando todos pensaram que já tinham visto tudo, uma chuva de papel picado, nas cores verde, amarela e azul, encerrou a noite – a essa altura já madrugada – de forma apoteótica, quase carnavalesca.

Os vídeos e as fotos vão ajudar a eternizar a noite de 22 de maio de 2011. Mas, na verdade, são desnecessários. Quem esteve lá não vai se esquecer jamais.


quinta-feira, 13 de março de 2008

Grupo Abba ganha museu na Suécia

O grupo sueco Abba, que se tornou um dos ícones da disco music graças ao hit Dancing Queen, ganhará um museu em Estocolmo. O Abba the Museum terá três andares e irá ocupar 6,5 mil metros quadrados no Stora Tulhuset, um imponente prédio construído há um século em estilo art déco.

A inauguração será em junho de 2009, mas a venda de ingressos começou hoje, 13 de março, no site do museu. As entradas só podem ser compradas on-line e as visitas têm dia e hora marcados. Segundo a BBC Brasil, a expectativa dos organizadores é de que o museu receba 500 mil visitantes por ano.

O site do Abba the Museum remete à fase de maior sucesso do grupo, no final dos anos 70. As páginas são coloridas e cheias de luzes, lembrando uma discoteca. O clima de revival também está numa imagem com a silhueta dos quatro integrantes, na qual dá para notar as roupas da época, inclusive a clássica calça boca-de-sino.

No site ainda há uma planta do museu, que mostra como serão dispostos os itens da exposição. Uma das atrações promete ser um estúdio onde os visitantes poderão cantar com o grupo e dançar como John Travolta, estrela do filme Os Embalos de Sábado à Noite, que marcou o auge da disco music.

O Abba surgiu em 1974, formado por Agnetha Fältskog, Björn Ulvaeus, Benny Andersson e Anni-Frid Reuss, cujas iniciais deram origem ao nome do grupo. Embora carregue o estima da música dançante, o quarteto – que se separou em 1982 – também emplacou várias baladas, como Fernando, seu primeiro hit, e a famosa The Winner Takes it All.

Uma coletânea bem satisfatória do grupo é a conhecida Abba Gold. Outra ainda mais completa é The Definitive Collection, CD duplo com 37 faixas.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Leitores do blog querem Stevie Wonder no Brasil

Pelos nomes que já vieram e os que sabemos que virão, 2008 deverá ser o ano dos shows internacionais no Brasil. Mas quem o povo quer ainda está longe do país. Ao menos é o que indica a última pesquisa realizada pelo blog.

Escolhemos quatro artistas que há muito tempo não fazem shows por aqui e perguntamos aos leitores a quem eles gostariam de assistir. Com 44% dos votos, quase o dobro do segundo colocado, o vencedor foi Stevie Wonder.

O vice campeão, com 24%, foi Elton John. O ex-beatle Paul McCartney (17%) e a banda Queen, com Paul Rodgers nos vocais (13%), vieram a seguir.

Em 2006, Stevie Wonder foi convidado para encerrar a 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (Ciad), realizada na Bahia. Mas os últimos shows “oficiais” no Brasil foram em 1995, no Rio e em São Paulo, dentro do antigo Free Jazz Festival. Na época, ele recebeu no palco o brasileiro Gilberto Gil, que o reverenciou de joelhos.

Confira abaixo um outro encontro de Stevie Wonder e Gilberto Gil, tocando juntos o clássico Desafinado.


domingo, 17 de fevereiro de 2008

Earth, Wind and Fire no Brasil. Eu fui

CRÍTICA DE SHOW
● ARTISTA: Earth, Wind and Fire
● Data: 16/02/08
● Local: Vivo Rio (RJ)



Acabei de chegar do show do Earth, Wind and Fire no Vivo Rio. Há muito tempo não cantava e dançava tanto. Apesar de exausto, decidi escrever sob o efeito da emoção. Até agora não acredito que estive tão perto dos caras, nem que eles são tão bons. Vai demorar um pouco pra ficha cair.

Traduzir em palavras o que vi e ouvi há poucos instantes é tarefa difícil, mesmo para um jornalista calejado. Tentarei, prometo, e vou procurar ser breve. Se não conseguir nem uma coisa nem outra, e você quiser parar por aqui, vai o resumo: foi o show da minha vida, pelo menos até agora.

Esperava um show muito dançante. Expectativa que se manteve quando Philip Bailey, Verdine White e Ralph Johnson, remanescentes da formação clássica do EWF, entraram no palco, seguidos pelo resto da banda um pouco depois, emendando, de cara, Boogie Wonderland e Sing a Song.

Mas com os longos e magistrais solos de sax e teclado que se seguiram – este último, para surpresa geral, reproduzia sons de vozes – percebi que aquela não era uma noite para dançar, embora milhares de pessoas, eu inclusive, tenham feito isso até se esbaldar. Era para apreciar. Estávamos diante de alguns dos melhores músicos do mundo, e não é todo dia que isso acontece.

Para nossa sorte, os integrantes do EWF não são modestos. Eles sabem que são bons, por isso colocam a técnica acima do repertório. Ainda mais depois de 27 anos sem tocar no Brasil, como lembrou Ralph Johnson, em bom português. E é aí que eu percebo que a ausência de Getaway e In the Stone no set list são meros detalhes, assim como os sucessos que eles tocaram: September, Let’s Groove, Fantasy, Shining Star, Can’t Hide Love, After the Love Has Gone, Reasons, Got to Get into My Life, Devotion. Neste caso, vale a definição inglesa: “music” é maior do que “song”.

Se fosse para definir a apresentação do Earth, Wind and Fire em uma palavra, eu usaria improviso. Embora seja conhecida como uma banda de funk e disco music, o EWF parece que faz jazz. Cada músico é um show à parte. Todos têm vida própria, seja por um solo, uns passos de dança ou somente um sorriso. A voz de Philip Bailey, ainda bem, não acompanhou sua perda de forma física. Ele está melhor do que nunca, com agudos e falsetes desconcertantes. Ele não perde o fôlego, mas quem o vê, sim.

Eu poderia gastar muitas linhas contando detalhes do show – o solo arrasador de trompete; a participação do brasileiro Valmir Borges, que cantou Circo Marimbondo, de Milton Nascimento; o coro arrepiante do público em After the Love Has Gone; a pista de dança criada espontaneamente na seqüência September/Let’s Groove; a criança que subiu ao palco em Devotion (“Thru devotion/ blessed are the children”).

Mas não. Vou comer alguma coisa e dormir. Admito que falho na missão jornalística de traduzir o que vejo em palavras. Mas não me considero derrotado, porque escrever sentimentos é tarefa de poetas. E um show do EWF ao vivo é isso, sentimento.

Para você que não esteve nem na Via Funchal nem no Vivo Rio, lamento, mas não adianta querer compensar com um DVD ou um vídeo no YouTube. Nessas horas, a tecnologia é tão falha quanto as palavras. Só quem esteve lá sabe como foi. A única saída é torcer para que eles não demorem outros 27 anos para voltar.

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Um agradecimento especial a Lana Palmer.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Michael Jackson comemora 25 anos de Thriller (e eu me lembro da infância)

CRÍTICA DE CD

● DISCO: Thriller – 25th Anniversary
● ARTISTA: Michael Jackson
● GRAVADORA: Sony-BMG



Lembro-me que, na infância, garotos e garotas tinham algo que os diferenciavam além do sexo: a música. Eles se amarravam em RPM e Michael Jackson. Elas se descabelavam pelo Menudo.

Vou-me ater ao gosto masculino, neste caso infinitamente superior, mesmo porque o critério, para nós, era somente musical. O tempo passou e os dois, RPM e Michael Jackson, foram sumindo das prateleiras das lojas de discos, mas não de nossas lembranças.

Apesar do pouco volume e da baixa qualidade do material que lançaram depois do final dos anos 80, Paulo Ricardo e companhia, ao menos, conseguiram manter a reputação. MJ, não. O ex-Jackson 5 e ex-negro (!!!) até que lançou coisas boas, no meio dos álbuns “Dangerous” e “Blood on the Dance Floor”, ambos dos anos 90. A quantidade de coisas ruins foi até superior, mas foi a desastrosa vida pessoal que quase arrasou o rico legado artístico de Michael Jackson. Foram tantas besteiras que ficou quase impossível separar as duas coisas.

Mas ainda bem que ficou no quase. E por mais bobagem que ele continue fazendo, sempre haverá alguém, mesmo que por interesses meramente comerciais, para nos lembrar que Michael Jackson é, ou foi, um gênio.

Até mesmo agora, em que comemora 25 anos do lançamento de “Thriller”, álbum que o catapultou para a glória e o transformou em Rei do Pop, MJ parece querer estragar tudo. A nova edição de “Thriller”, lançada mundialmente pela Sony-BMG esta semana, traz remixes para músicas tão boas que, se fossem ouvidas num disco de vinil com um prego no lugar da agulha, ainda assim seriam obras-primas.

Cinco das nove faixas originais ganharam novas versões e participações especiais: “The Girl is Mine” e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, com Will.I.Am., do Black Eyed Peas; “Wanna Be Startin’ Something”, com Akon; “Beat It”, com Feargie, também do BEP; e “Billie Jean”, com Kanye West. Todos os remixes vêm com o sufixo “2008”, para soarem como novidades. De certo modo até são, e “Beat It” com Fergie até que não ficou ruim, mas as músicas poderiam permanecer como foram criadas.

Bem, mas não podemos reclamar. Lá estão elas também, as originalíssimas, com qualidade sonora perfeita. E são tão boas que seria até leviano da minha parte falar mal do disco. Nem eu quero isso, por favor. Foi só para endossar que a qualidade da obra de Michael Jackson nos anos 70 e 80 é tão grande que nem ele mesmo pode acabar com isso.

Vamos falar, então, de “Thriller”, começando pela
reedição.
“Thriller – 25th Anniversary” é um álbum duplo, CD de um lado e DVD de outro. No primeiro, estão lá as nove músicas originais (leia mais sobre elas abaixo) e uma décima, só com a risadinha sinistra de Vincent Price em “Thriller”. Depois vêm os cinco remixes já citados e a grande novidade, a balada romântica “For All Time”, uma sobra de estúdio composta por Steve Porcaro e David Paich, músicos que tocaram sintetizador no disco original. É uma boa canção.

No “lado B digital” estão os clipes de “Billie Jean” e “Beat It”, que mostram um Michael Jackson negro e rebolativo, bem diferente do esquisitão de hoje. Parece outra pessoa.

Já o vídeo de “Thriller”, a música, aparece na versão integral. São quase 15 minutos, um verdadeiro filme, com créditos e tudo. A curiosidade fica por conta da abertura desse clipe-filme, em que aparecem os seguintes letreiros, assinados por Michael Jackson: “Por conta de minhas fortes convicções pessoais, quero enfatizar que este filme, de forma alguma, reforça uma crença no oculto”.

Mas a grande atração mesmo é a apresentação do astro no especial de TV “Motown 25: Yesterday, Today and Forever”, a primeira transmissão da recém-criada NBC, em maio de 1983. Vestindo a clássica blusa brilhante de lantejoula e luvas, MJ domina o público cantando “Billie Jean” e passeando pelo palco com os passos de break e o famoso “moonwalk”. Lembro-me novamente da infância, pois tinha um amigo – aliás, ainda tenho – que fazia isso também. Escondido, para não ser zoado (o que sempre acontecia), vestia-se de preto, colocava as luvas brancas e ia para festas infantis ganhar uma graninha como imitador de Michael Jackson. Era divertido.

Aproveitando o clima de nostalgia, vamos falar do “Thriller” original. O LP foi lançado em dezembro de 1982, pela Epic (selo da então CBS, que depois virou Sony e hoje é Sony-BMG), quando eu tinha 6 anos. Apesar de tão novo, lembro como se fosse hoje do clipe da canção-título passando no “Fantástico”. Deve ser porque fiquei um tanto impressionado com aquela clima sinistro (confesso que até hoje a risada de Vincent Price não me soa agradável).

Aquele foi o segundo trabalho de Michael Jackson com o mago da black music Quincy Jones e o sexto álbum solo do cantor. Foram gravadas apenas nove músicas, uma melhor que a outra. Michael Jackson compôs quatro: “Wanna Be Startin’ Something” e “The Girl is Mine” (clássico dueto com Paul McCartney, que se repetiria um ano depois em “Say, Say, Say”, gravada pelo ex-Beatle), no lado A; “Beat It” e “Billie Jean” no lado B. Completavam o repertório “Baby Be Mine”, “Thriller”, “The Lady in My Life” – todas de Rod Temperton (as duas primeiras, presentes no lado A) – “Human Nature”, de Steve Porcaro e John Beltis, e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, de James Ingram e Quincy Jones.

“Thriller” é uma obra-prima, uma relíquia. Não foi à toa que passou da marca de 100 milhões de cópias vendidas, permanecendo até hoje no “Guinness Book” como o álbum mais bem-sucedido da história. Também foi o único a ficar dois anos seguidos (83 e 84) entre os dez discos mais vendidos nos Estados Unidos e rendeu a Michael Jackson o recorde de estatuetas numa única edição do Grammy: oito, de 12 indicações, em 84.

Das nove faixas originais, cinco foram repetidas na excelente coletânea “History”, que MJ lançou em 1995: “Wanna Be Startin’ Something”, “The Girl is Mine”, “Thriller”, “Beat It” e “Billie Jean”. Mas outras duas são grandes sucessos até hoje executados à exaustão nas rádios: “Baby Be Mine” e “Human Nature”, que tem a participação do percussionista brasileiro Paulinho da Costa. Ele também compõe a banda que gravou “Wanna Be Startin’ Something”. Eddie Van Hallen fez os solos de guitarra de “Beat It” e Janet e Latoya, irmãs de Michael Jackson, integraram o coral feminino de “P.Y.T.”.

É melhor parar por aqui. O álbum mais vendido do mundo ainda guarda muitas outras histórias e curiosidades, algumas espalhadas pelos sites da grande rede, outras guardadas com o autor. Informações que já estão eternizadas em forma de música, mas que ainda assim serão transmitidas de forma escrita ou falada geração após geração, mesmo que Michael Jackson não queira.





terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Bob Dylan no Brasil: bom para os ouvidos, ruim para o bolso

Dez anos após sua última aparição no Brasil, quando tocou com os Rolling Stones no Rio e em São Paulo, Bob Dylan volta ao país em março para mais três shows nas duas cidades. Divulgando o álbum “Modern Times”, lançado em 2007, o astro da folk music se apresentará nos dias 5 e 6 na Via Funchal, em Sampa, e no dia 8, no Arena Rio.

Dylan faz parte de uma lista generosa de grandes nomes da música internacional já confirmados em solo brasileiro neste ano, que ainda inclui Earth, Wind and Fire e Charles Aznavour, cujos shows já foram comentados aqui no blog, além de Deep Purple (22 de fevereiro no Rio e 24 em São Paulo), Iron Maiden (2 de março em SP, 4 em Curitiba e 5 em Porto Alegre) e outros.

A presença cada vez maior de artistas do primeiro escalão no Brasil compensa, de certa forma, a baixa quantidade de festivais que temos aqui, sobretudo de rock. Mas, por outro lado, existe a questão do preço dos ingressos, que parece seguir uma ordem inversamente proporcional à lógica: quanto menos gente no palco, mais caro é o show.

Quem quiser assistir a Bob Dylan, um dos maiores compositores da história do rock, precisará economizar desde já. Semana passada, a Via Funchal divulgou os preços dos ingressos para os dois shows em São Paulo. Eles variam de R$ 250 (platéia lateral) a R$ 900 (platéia VIP e camarote), valores até seis vezes maiores que os de Buenos Aires, onde o ingresso mais caro, de acordo com o site “Globo Online”, custará R$ 210. Os preços para a apresentação no Rio ainda não foram divulgados.

Mesmo com o meio-ingresso, esses valores são absurdos para a realidade brasileira. Nem o patrocínio de empresas multinacionais ou a utilização de grandes espaços, como aconteceu com o Police, em 2007, parecem suficientes para reverter esse quadro. Some-se aí os preços altos dos shows nacionais, do cinema e do teatro, bem como o de CDs e DVDs, e o que temos é o aumento da pirataria – não justificado, mas explicado.

Voltando a Bob Dylan, paulistas e cariocas que puderem bancar os altos preços dos ingressos não devem se arrepender do investimento. Com mais de 50 anos de carreira, o cantor americano, cujo nome de batismo é Robert Allen Zimmerman, responde por algumas dezenas de clássicos do folk-rock, entre eles “Like a Rolling Stone”, “Lay, Lady, Lay”, “Blowin’ in the Wind” e “Mr. Tambourine Man”. No Brasil, a música “I Want You” virou sucesso na releitura em português do grupo Skank, que a transformou em “Tanto”.

Bob Dylan ainda tem no currículo o Grammy de Álbum do Ano de 1997, por “Time out of Mind”, e o Oscar de Melhor Canção, conquistado em 2001 com “Things Have Changed”, trilha do filme “Wild Boys”. Neste mesmo ano, em que lançou o elogiado CD “Love and Theft”, a revista “Rolling Stone” elegeu “Like a Rolling Stone” a melhor canção da história.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Charles Aznavour traz última turnê ao Brasil

No futebol, acho que o “último romântico”, como diz Lulu Santos, tenha sido Romário. Não acredito que existam hoje ou que ainda virão outros jogadores tão bons quanto o Baixinho, muito menos que antecessores da categoria de Maradona e Zico, só para citar os mais recentes.

Na música ainda existem alguns românticos mundo afora, mas aos poucos eles se despedem, da carreira ou da vida. Aos 83 anos, Charles Aznavour é um desses gênios que estão pendurando a chuteira, ou melhor, o microfone.

Tão associado à música francesa como Tom Jobim está à música brasileira, Frank Sinatra à americana e Luciano Pavarotti à italiana, Aznavour trará para o Brasil sua última turnê, que vem percorrendo o mundo desde 2006. Hoje, a empresa de eventos Poladian Produções anunciou três shows do cantor no país em abril: 17, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo; 20, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro; e 29, no Teatro do Sesi de Porto Alegre. O release distribuído à imprensa dá a entender que novas datas em outros locais poderão ser agendadas.

Pelo que o texto adianta, os shows prometem ser imperdíveis. Charles Aznavour virá acompanhado de 28 músicos, incluindo sua orquestra e a filha Katia, com quem fará dueto em “Je Voyage”. O repertório ainda terá, segundo a nota, os sucessos “She”, “La Bohême”, “Que C’est Triste Venise”, “La Mamma”, “Ave Maria” e “Les émigrants”, entre outros.

O Brasil será o primeiro país da turnê latino-americana, que ainda passará por Argentina, Chile, Uruguai, Peru, Colômbia, Venezuela, República Dominicana, Porto Rico, México e Cuba.

De origem armênia, Charles Aznavour nasceu em Paris, no ano de 1924. Começou a cantar ainda criança e alcançou o sucesso quando conheceu Edith Piaf, que o levou com ela para uma turnê para a França e os Estados Unidos.

Ao longo dos mais de 70 anos de carreira, Aznavour compôs e gravou mais de mil canções, em diferentes línguas, e vendeu mais de 100 milhões de discos. Em francês, uma de suas principais composições é “La Bohême”, parceria com Jacques Plante que se tornou um clássico mundial e ganhou até versão em português, na voz de Martinho da Vila. O sambista carioca gravou a canção, sob o título “Boemia”, no CD “Conexões”, de 2003, no qual homenageia a França (leia mais sobre no Universo Musical).

Já em inglês, talvez o maior êxito de Aznavour seja a música “She”, que em 1974 atingiu o topo da parada britânica, mas não teve êxito na França nem nos Estados Unidos. Muitos anos depois, em 1999, a canção voltou à tona, desta vez como sucesso mundial, na voz de Elvis Costello, que a gravou para a trilha sonora do filme “Um Lugar Chamado Nothing Hill”.

Charles Aznavou também gravou em espanhol, italiano e alemão. A despeito de sua aposentadoria, estará sempre na galeria dos grandes “românticos”, não só nos litorais deste oceano.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

EWF fará o carnaval do funk no Brasil

Poucos dias depois do carnaval, São Paulo e Rio de Janeiro trocarão o samba de suas passarelas pelo funk. Não o dos morros cariocas, mas o original, americano. Um dos mais antigos representantes do gênero na ativa, o grupo Earth, Wind and Fire quebrará um jejum de mais de 20 anos longe dos palcos brasileiros com dois shows no país: um no dia 15 de fevereiro, no Via Funchal, em Sampa, e o outro no dia 16, no Vivo Rio.

O retorno do Earth, Wind and Fire ao Brasil é uma ótima notícia neste início de 2008, não só pelo fim da longa ausência, mas pela indiscutível qualidade musical do grupo. E o melhor de tudo é que não será preciso pagar uma bagatela, como geralmente acontece com atrações estrangeiras, para ver e ouvir de pertinho a explosão sonora do EWF. Enquanto no show do Police, realizado em 2006 no Maracanã, a entrada não saía por menos de R$ 160, agora os valores são bem mais convidativos: os ingressos mais baratos custam R$ 50 (RJ) e R$ 60 (SP).

O Earth, Wind and Fire é liderado por Philip Bailey (voz e percussão), Verdine White (baixo) e Ralph Johnson (percussão), remanescentes da formação clássica do grupo. Nos anos 80, durante um período em carreira solo, Bailay tornou-se conhecido pelo dueto com Phil Collins no hit “Easy Lover”. Já Verdine é irmão do fundador do EWF, Maurice White.

O grupo surgiu em 1969, na cidade americana de Chicago, depois que Maurice, fã de Sly & The Family Stone, deixou o posto de baterista do Ramsey Lewis Trio. Magos na fusão do funk com soul, pop e rock, os músicos do EWF criaram uma sonoridade única, com forte predominância dos instrumentos de percussão e sopro. Com isso, colecionaram dezenas de sucessos que até hoje dominam as pistas de dança mundo afora: “September”, “Boogie Wonderland”, “Let’s Groove”, “Shining Star”, “Sing a Song”, “Getaway”, “In the Stone”. Esta última é muito usada como trilha sonora de eventos, sobretudo por causa da pomposa introdução do naipe de metais.

Apesar do caráter fortemente dançante de suas músicas, o EWF também coleciona ótimas baladas. Pelo menos cinco delas não podem faltar na programação das rádios adultas: “Fantasy”, “Can’t Hide Love”, “After the Love Has Gone”, “Reasons” e “Devotion”.

Todas essas músicas e outras tão boas quanto estão no DVD “Live at Montreux 1997”, lançado em 2005 pela ST2. Tive a felicidade de receber o disco e comentá-lo, na época, para o site Universo Musical. São dois shows magníficos: o de 97 (exibido na íntegra), que marcou a estréia do grupo no famoso festival suíço, e o de 98 (em trechos), para o qual o EWF foi convidado devido ao sucesso da apresentação no ano anterior. Não foi para menos: as antigas canções ganharam arranjos primorosos e os dois shows tiveram produção espetacular. Clique aqui e leia a matéria completa sobre o DVD no Universo Musical.

Se os dois shows do Earth, Wind and Fire no Brasil forem metade do que o grupo mostrou no Festival de Montreux, o verdadeiro carnaval de 2008 vai começar no dia 15 de fevereiro e acabar no dia 16.


Confira o serviço dos shows:

VIA FUNCHAL (SP)
Data: 15 de fevereiro de 2008 (sexta-feira)
Horário: 21h30
Local: Rua Funchal, 65 – Vila Olímpia
Informações: www.viafunchal.com.br
Preços:
- Platéia VIP: R$ 300
- Platéia 1: R$ 200
- Platéia 2: R$ 150
- Platéia 3: R$ 100
- Platéia Lateral: R$ 60
- Mezanino Central: R$ 150
- Mezanino Lateral: R$ 100
- Camarote: R$ 300

VIVO RIO (RJ)
Data: 16 de fevereiro de 2008 (sábado)
Horário: 22h
Local: Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo
Informações: www.vivorio.com.br
Preços:
- Setor 3: R$ 150
- Setor 2: R$ 160
- Setor 1: R$ 180
- VIP: R$ 250
- Frisas: R$ 80
- Camarote B: R$ 50 - Camarote A: R$ 250

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Alicia Keys reverencia mestres da música negra em seu 4º CD

CRÍTICA DE CD

● DISCO: As I Am
● ARTISTA: Alicia Keys
● GRAVADORA: Sony-BMG




Vencedora de cinco prêmios Grammy com seu álbum de estréia, o aclamado “Songs in a Minor”, de 2001, Alicia Keys continua surpreendendo em “As I Am”, o quarto da carreira.

Ótima cantora, dona de voz quente e rouca, a nova-iorquina imprime emoção e personalidade ao soul e ao r&b, ao mesmo tempo em que reverencia os mestres da música negra americana. Influências de Aretha Franklin, Gladys Knight, Roberta Flack e Stevie Wonder são nítidas em canções de safra inspirada, como “Wreckless Love”, “The Thing About Love”, “Teenage Love Affair”, “Prelude to a Kiss” e “Sure Looks Good to Me”.

O lado mais pop e mais fraco do CD fica por conta de “No One”, primeira faixa a ir para as rádios, e “Lesson Learned”, dueto com John Mayer. Mas, felizmente, são minoria num álbum que mantém Alicia Keys no rastro de seus ídolos e antecessores. De quebra, há ainda um DVD com faixas ao vivo e bastidores.