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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Catedral e Novo Som juntos: talento, caráter e honestidade a serviço da boa música gospel


Desde que parei o Universo Musical, em 2008, tenho estado afastado do mundo da música. Um pouco menos do meio gospel, por causa dos meus clientes de web, embora o máximo que faça é ler uma matéria aqui e outra ali. Uma delas, que vi hoje num site gospel – e adaptei para a seção de notícias da editora Efrata Music (um dos meus clientes) – me agradou a ponto de reproduzi-la aqui.

A reportagem, sobre um disco conjunto a ser lançado em 2013 pelas bandas Catedral e Novo Som, por si só é alvissareira, já que esse projeto reunirá as duas melhores bandas de pop-gospel que o Brasil já conheceu. Mas, além disso, a notícia trouxe uma certa nostalgia daqueles bons tempos de convivência musical e do que de melhor eu tirei dali – a amizade com artistas que conjugam talento e caráter.

Mais do que ótimos cantores, do mesmo nível das melhores bandas de pop-rock nacional, Kim (Catedral) e Alex Gonzaga (Novo Som) sempre me chamaram a atenção pela honestidade com que tratavam todo tipo de assunto. E isso, é claro, estende-se à música que fazem e à relação com os fãs.

Portanto, Kim e Alex, caso encontrem este texto pelos Googles da vida, saibam da minha admiração por vocês e da saudade que tenho das nossas entrevistas. Parabéns pela brilhante ideia de unir duas bandas com estradas que tanto se cruzam. A vocês, desejo todo o sucesso do mundo.

Confira abaixo o texto que publiquei no site da Efrata Music:


Catedral e Novo Som gravarão disco juntos

Duas das maiores bandas gospel brasileiras nos anos 80 e 90 – se não as maiores – Catedral e Novo Som lançarão, em 2013, um CD e DVD juntos. O projeto já tem nome: Mais que Amigos = Irmãos. De acordo com o site Gospel Prime, também está prevista uma turnê conjunta pelo Brasil.

Para o ano que vem, Kim, vocalista do Catedral, também prepara o lançamento de um novo CD solo, intitulado Intimidade Sonora. O disco trará sucessos da carreira solo do cantor – que, a partir de 2013, passará a adotar o nome artístico Kim Catedral – e da banda liderada por ele em versões intimistas, com voz, violão e baixo acústico.

As duas bandas guardam histórias semelhantes. O Catedral surgiu em 1987 e lançou seu primeiro disco no ano seguinte, o LP Você, pela extinta Pioneira Evangélica. Em 1994, com o álbum Contra Todo Mal, estreou na então MK Publicitá (hoje MK Music), ampliando o sucesso. Foi uma das bandas gospel mais populares de toda a década, até que, em 1999, deixou o meio evangélico para entrar na multinacional Warner Music, por onde lançou três CDs. Já nos 2000, voltou para uma gravadora gospel, a Line Records, ainda que pelo selo popular New Music – que praticamente só teve o Catedral em seu cast. Em 2003, preparando-se para gravar o primeiro DVD da carreira, o grupo perdeu o guitarrista Cezar, irmão do vocalista Kim e do baixista Júlio, em um acidente de carro. Hoje, Kim, Júlio e o baterista Guilherme seguem carreira independente.

Contemporâneo ao Catedral, o Novo Som também estreou no mercado fonográfico em 1988, com o LP Um Novo Som para Cristo, pela extinta Favoritos Evangélicos. Mesmo sem o apoio de uma grande gravadora, colecionou hits e fãs ao longo dos anos 90 com álbuns como Pra Você (1990) e Meu Universo (1997). Em 2000, estreou na MK Music com o CD Herói dos Heróis. Dois anos depois, por causa de desentendimentos, a banda perdeu seu baixista e principal compositor, Lenilton. Em 2012, assim como o Catedral, o Novo Som segue carreira independente, depois que os remanescentes Alex Gonzaga, Geraldo Abdo e Mito decidiram sair da MK. Recentemente, conforme noticiado no site Gospel+, fãs de Lenilton criaram uma campanha no Facebook pedindo a volta do músico ao Novo Som.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Marcos Goes ganha novo site, agora “.com”

Print screen da home page do site
Está no ar o novo site do Ministério Marcos Goes, desenvolvido por mim, com a preciosa colaboração do amigo Bruno Barros. Foram seis meses de trabalho, aproxidamente, até a estreia, em março. As páginas reúnem biografia, discografia, galerias de fotos e vídeos, downloads e outros itens sobre o cantor, compositor e pastor Marcos Goes, que é autor de verdadeiros clássicos da música gospel, como as músicas “Autoridade e poder” e “Bem querer”, e de álbuns emblemáticos, a exemplo da série “As Vigílias”. Também foi trocado o domínio – o endereço www.marcosgoes.art.br deu lugar a www.marcosgoes.com.

Print screen da vitrine da Loja Marcos Goes
Ainda estou fazendo ajustes para que o site funcione corretamente em diferentes versões do Internet Explorer. Mas quem usa o Mozilla Firefox, o Google Chrome ou o Opera já pode vê-lo exatamente como foi concebido. Aliás, se você usa o IE, sugiro que mude para um dos três navegadores supracitados, que são muito melhores. Basta clicar nos nomes para baixá-los.

A ideia principal do site, demandada pelo cliente, era que todo o conteúdo fosse exibido de modo a não haver barra de rolagem vertical (muito menos horizontal!). Se fosse necessário utilizá-la, que o scroll ficasse dentro do site, e não no navegador.

Para isso, mesclamos HTML/CSS (já com muitos recursos do CSS3, como bordas arredondas), JavaScript/jQuery e PHP. Flash somente na abertura.

Tanto no filme de abertura quanto no background do site, a proposta foi apresentar diferentes fases de Marcos Goes, que já tem quase 30 anos de carreira (ou ministério, como ele prefere chamar) e 40 álbuns lançados, entre discos de estúdio, ao vivo, coletâneas e playbacks. O background ocupa o tamanho máximo de 1920 x 1080 pixels. Portanto, quanto maior a resolução de tela do usuário, mas ele verá a imagem de fundo, que traz fotos de Marcos Goes em épocas distintas.

Print screen do informativo de 29/06/2012
Com a nova identidade visual e o novo domínio, mudou também o layout do informativo (ou newsletter) que mandamos de uma a três vezes ao mês para a base de usuários cadastrados no site. O mais recente foi enviado hoje (29/06). Acho que é o mais bonito que já produzimos em nossas campanhas de e-mail marketing. Clique aqui para visualizá-lo.

Vale lembrar que eu também desenvolvi – novamente com uma ajuda preciosa, desta vez da empresa de hospedagem Hostnet – a Loja Marcos Goes, toda feita na plataforma Magento. Foi um trabalho árduo e solitário, que ocupou boa parte do meu tempo – incluindo fins de semana, feriados e muitas madrugadas em claro – durante um ano e meio.

A loja estreou em 2011. Estão à venda cerca de 20 CDs e mais de 100 músicas em MP3, para download.

Em breve surgirão mais novidades sobre o Ministério Marcos Goes, que serão postadas aqui. Enquanto isso, visitem o site, a loja e o informativo e comentem!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Álvaro Tito: um músico completo no auge da forma

Álvaro Tito - Reinas em glóriaCRÍTICA DE CD
● Disco: Reinas em glória
● Artista: Álvaro Tito
● Gravadora: Sony Music

Álvaro Tito - Reinas em glórias






Há cerca de duas semanas, fui à loja El Shaday do Norte Shopping, no Rio, prestigiar o amigo Elvis Tavares na noite de autógrafos do livro Álvaro Tito - Uma biografia sem barreiras (Editora Ágape), do qual falei recentemente, em outro post. Lá, para minha surpresa, tive a oportunidade de reencontrar o biografado, que muito simpaticamente me presenteou com seu mais recente CD, Reinas em glória (Sony Music).

Pode parecer tarde para comentar o álbum, que foi lançado em 2011. Mas, quando o assunto é Álvaro Tito, eu pareço mesmo estar sempre atrasado. A última vez em que nos encontramos foi numa festa de fim de ano da gravadora Line Records, em Nova Iguaçu, em 2004. Na época, eu já estava devendo ao Álvaro, há mais de um ano, a entrega do troféu de Melhor Disco Gospel de 2003, pelo CD Levante-te, numa seleção que fiz para o Universo Musical, envolvendo artistas, álbuns e shows de diferentes estilos, como era de praxe no site. Não pude levar o troféu para aquele evento, e até hoje Álvaro Tito está num "seleto" grupo dos poucos a quem não premiei pessoalmente. Além dele, só a banda Jota Quest e o cantor Alex Cohen não receberam o troféu, que foi entregue a Rita Lee, irmãos Caymmi, Dudu Nobre, Zeca Pagodinho, Ivete Sangalo, J. Neto, Kleber Lucas e outros grandes nomes da música brasileira, popular e evangélica.

A primeira impressão que tive ao ouvir Reinas em glória, ainda na loja do Norte Shopping, foi a mesma da época em que escutei Levante-te. Algo como "esse cara realmente gosta de Stevie Wonder". Em Reinas em glória, a influência é explícita, por exemplo, nos funks Deus é nosso refúgio e Sete castiçais de ouro (ambas de Álvaro Tito).

Mas, assim como há 11 anos, uma audição detalhada revela muito mais. Álvaro Tito é um cantor com a rara habilidade de conjugar técnica perfeita e emoção à flor da pele. Suas interpretações são tão viscerais que ele, mesmo sem ter escrito ou musicado uma canção, poderia ser considerado coautor da obra. Certamente, vários de seus compositores - se não todos - surpreendem-se depois de lhe entregar suas obras cruas e ver o que elas se tornaram. Com a mesma convicção, é possível afirmar que muitas músicas que gravou só se mostram tão grandiosas graças à sua habilidade não só como cantor, mas também como produtor e arranjador. Afinal, como aprendemos na biografia escrita por Elvis Tavares, o multi-instrumentista Álvaro Tito produz e arranja todos os seus álbuns.

Para traduzir essas palavras em música, vale citar a faixa Minha provação, do consagrado compositor Edison Coelho. Talvez seja a canção de Reinas em glória que melhor ilustre os talentos múltiplos de Álvaro Tito. A letra tem uma temática bem simples - "há no mundo tanta gente chorando mais, sofrendo mais que você". Mas a solução que Álvaro criou para os arranjos, fazendo com que a canção cresça ao longo da execução, embalada por um coral de arrepiar, até o final arrebatador, é para aplaudir de pé.

Ideia semelhante é apresentada, de modo mais simples, em A sala do banquete, do próprio Álvaro Tito. É outra canção em que o coral - no melhor estilo da gospel music das igrejas americanas, com palmas e tudo - faz grande diferença.

Mas no somatório de letra, voz e instrumental, o grande destaque do CD é a música de abertura, Somente pela graça, na qual o texto inspirado de Elvis Tavares (mesmo autor de Não há barreiras, maior sucesso de Álvaro Tito) é emoldurado por um lindo arranjo orquestral, numa bem dosada mistura dos teclados de Fábio Santa Cruz e das cordas de Aysllany Edifrance, Gabriel Gonçalves, Wanderson Cesar (violinos) e Mateus Rangel (violoncelo).

Multifacetado, Álvaro Tito vai do funk-groove-suingado Carregado piano (autoral) à balada romântica Aconteceu (Daniel Gomes), com a participação precisa do sax de Abdiel Arsênio, que também brilha na balada pop Deposito toda minha fé. No meio do caminho, passa pela jazzística Esse nome tem poder (Álvaro Tito), em que é acompanhado pela formação baixo (Dudu Bernardo), bateria (Rodrigo Ribeiro), violão (Pablo Chies) e teclados (Fábio Santa Cruz).

Subindo e descendo tons como se fossem degraus, Álvaro Tito brinca com a voz, em seus conhecidos melismas, em três músicas compostas por parentes - Reinas em glória, do primo Manoel S. O. Filho; As promessas de Deus, bela letra de Jorge Severiano, pai do cantor; e Na beira da estrada, de sua mãe, Olindina Ramos. Vale ressaltar que o coral tem a participação da irmã de Álvaro, Elvira.

Completam o repertório de 14 faixas as músicas Guarda o que tens e O vale de Jaboque, mais dois exemplos do domínio que Álvaro Tito tem de sua voz e da produção que o cerca. É um músico completo, no auge de sua forma.

Cada vez que ouço Reinas em glória, gosto mais do disco. Se eu tivesse feito a escolha dos melhores de 2011, a essa altura, provavelmente, estaria devendo dois troféus a Álvaro Tito.

Eu entre Elvis Tavares e Álvaro Tito no Norte Shopping

sábado, 9 de junho de 2012

Biografia de Álvaro Tito é uma história de amizade

Depois de um longo e nem tão tenebroso assim inverno, retomo as postagens aqui no blog com a felicidade de tecer alguns comentários sobre o livro Álvaro Tito – Uma biografia sem barreiras. A obra marca a estreia literária do meu amigo Elvis Tavares, prolífico compositor, com diversos sucessos emplacados no cenário da música gospel.

Só para citar alguns, são de Elvis Tavares, com ou sem parceiros, os hits Coração de carne (gravado por Wanderley Cardoso), O velho homem (J. Neto), O jovem rico (Novo Som), Os portais (Vitorino Silva) e Fogo Santo (Lea Mendonça). Mas sua composição mais famosa, sem dúvida, é Não há barreiras, canção que, como se lê no livro, representou muito mais que o maior sucesso na voz de Álvaro Tito – foi um verdadeiro divisor de águas da música gospel brasileira, assim como outras faixas daquele LP, também intitulado Não há barreiras, lançado em 1986, pela multinacional Polygram (atual Universal Music).

Apesar de trazer a palavra “biografia” no nome, o livro de Elvis Tavares é, na verdade, a história de uma grande amizade entre biógrafo e biografado, bem como o testemunho da admiração – musical, sobretudo – que o autor nutre por Álvaro Tito. E não é para menos: ao longo das 271 páginas, o leitor descobre que Tito, como era chamado na infância, é multi-instrumentista (saxofone, violão, guitarra, bateria e percussão são alguns dos instrumentos citados); que “peitou” os dirigentes da supracitada Polygram para ele mesmo produzir e arranjar o LP Não há barreiras, isso com apenas 21 anos; que na juventude, enquanto o sonho de qualquer artista era ingressar numa grande gravadora e ser indie não estava em voga, Álvaro já pensava em seguir carreira independente (pode até ser considerado um dos pioneiros dessa iniciativa, hoje tão em moda, com a falência das grandes gravadoras por causa da pirataria), que é considerado o precursor da black music gospel nacional, entre outros inúmeros feitos.

Também conferem mais riqueza ao trabalho os depoimentos de grandes artistas evangélicos admiradores de Álvaro Tito – Marco Aurélio, Martin Lutero, Silvera e Alex Gonzaga. Martin Lutero revela que, nos anos 80, nutria uma rivalidade musical com Álvaro Tito, bem no estilo Wanderley Cardoso x Jerry Adriani. Outra novidade, ao menos para mim, é uma parceria do biografado com Chrigor, ex-vocalista do Exaltasamba, quando ele deixou o grupo e iniciou carreira solo.

Aliás, as referências à música popular são inúmeras. Elvis Presley, Al Jarreau, Earth Wind and Fire, Roberto e Erasmo Carlos, Tim Maia, Stevie Wonder (maior influência musical de Álvaro Tito), João Gilberto e Tom Jobim são alguns artistas citados. Todos aparecem na história do livro (e de Álvaro) contextualizando uma determinada época, uma música gravada, uma situação ocorrida. E vale destacar, tudo sempre com citações bíblicas. É nítida a preocupação do biógrafo de não chocar os evangélicos mais tradicionais.

Em vários momentos do livro, por sinal, Elvis Tavares pega uma trilha paralela à de Álvaro Tito e cita alguns dos pioneiros da música gospel, como Vitorino Silva, Feliciano Amaral, Ozeias de Paula e Edison Coelho. Nomes a quem Aline Barros, Regis Danese, Ana Paula Valadão e outros que já extrapolaram os limites do meio evangélicos devem um “muito obrigado” por terem iniciado o que é hoje o mercado gospel brasileiro, com músicas executadas em horário nobre na Rede Globo e discos à venda em supermercados e megastores virtuais.

Outros momentos marcantes da música gospel também são citados, como o boom de gravadoras evangélicas nos anos 80 e 90 – muitas delas já extintas, a exemplo de Nancel Produções e Som e Louvores – e a criação, por Marina de Oliveira, da MK Music (na época MK Publicitá), hoje, sem dúvida, a maior produtora fonográfica do meio gospel.

Por tudo isso, pode-se dizer, sem medo de errar, que Álvaro Tito – Uma biografia sem barreiras é também um livro sobre a história da moderna música gospel brasileira. Um tema, muito provavelmente, que Elvis Tavares – profundo conhecedor do assunto, como denotam seus artigos no site da editora Efrata Music – irá explorar mais a fundo em obras futuras.

Bom, depois de chegar à segunda página do Word, percebo que aquilo que era para ser apenas um preâmbulo do release que escrevi sobre o livro acabou se tornando um novo texto! Se você, que chegou até aqui, quiser ler mais sobre a publicação, clique aqui e baixe o release. Lá existem várias outras nuances do livro que não explorei aqui no blog.

Por fim, deixo meus parabéns ao amigo Elvis Tavares e digo que estou muito feliz por ter participado de uma forma ou de outra de sua bem-sucedida empreitada, seja diretamente, ao ser citado no livro, junto com matérias que escrevi para meu site Universo Musical, seja indiretamente, por meio de minha contribuição ao site da Efrata Music, criado e administrado por mim. Espero que, como falei acima, esta seja a primeira de muitas produções literárias sobre a música gospel brasileira, carente desse tipo de registro.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Parabéns Cristina Mel, uma das maiores cantoras do Brasil

Hoje, 10 de março, é aniversário de uma das maiores cantoras do Brasil. Maria Bethânia? Não. Elba Ramalho? Menos. Ana Carolina? Tá frio.

Falo de Cristina Mel, cantora gospel com quase 20 anos de carreira. Se não tivesse optado pela música religiosa – da qual é, disparado, a melhor representante – Maria Cristina Mel (sobrenome artístico incorporado na Justiça recentemente) de Almeida seria unanimidade de público e crítica.

Certamente sua voz, de afinação e extensão raras, e sua musicalidade já teriam sido reconhecidas pelos prêmios Shell, Tim e Multishow da vida. Algo que, infelizmente, não acontece na música gospel, dada a pouca quantidade de premiações e a credibilidade duvidosa das que existem.

Conheço Cristina Mel há muitos anos. Ela já era uma referência para mim mesmo quando eu mal sabia o que era a música gospel. Durante os anos de Revista do Nopem, Universo Musical e Universo Gospel, foram vários encontros, entrevistas, bate-papos, desabafos e, é claro, audições de discos que, a despeito do porte das gravadoras pelos quais eram lançados, tinham um carimbo de qualidade.

A última vez que o talento de Cristina Mel me encantou foi em 2007, na gravação de um DVD da Line Records, no Vivo Rio. Lá estava ela no palco em meio a outros artistas da gravadora.

Sem desmerecer os outros, quase todos meus amigos, Cristina Mel era, na verdade, a única ali que merecia esse título. Ela É uma artista, na melhor e mais completa acepção da palavra.

No palco, Cristina Mel não só transmite a Palavra de Deus, objetivo comum de todos do segmento. Ela vai além: sente, transpira, emociona. Como nenhum outro – e aí não falo só dos evangélicos – mostra que a música, como diz o senso comum, não tem fronteiras. A música, na voz de Cristina Mel, é do tamanho do universo. Ela, sim, é um universo musical.

Se você nunca ouviu Cristina Mel cantar, dispa-se de qualquer preconceito e pudor, caso tenha algum. Peça de um amigo, baixe na internet ou encontre algum modo, convencional ou não, de ouvir um de seus discos. Para lhe ajudar, dou a dica do CD e DVD 15 Anos ao Vivo, a cuja gravação, realizada em São Paulo, tive a honra de assistir. Ouça a última faixa, A Mão do Mestre, e deixe-se emocionar.

A você, minha amiga, parabéns pelos 44 anos de puro talento. Serei seu eterno fã.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

É proibido pensar

Acho que já tive a oportunidade de dizer aqui no blog que não tenho acompanhado a música gospel com afinco. Da minha parte, faltam tempo e interesse; do gênero musical, novidades atraentes. Como diria a música dos Paralamas, quase sempre são variações do mesmo tema sem sair do tom.

Além disso, a postura de muitos artistas evangélicos é no mínimo frustrante para quem conhece o meio. Não gostam de ser chamados de artistas – preferem o termo bíblico “levitas” – mas agem com mais orgulho e vaidade que um rock star internacional. Some-se a tudo isso os diversos escândalos envolvendo cantores e pastores e o desânimo está mais que justificado.

Bem, mas este post não é para falar mal da música gospel, muito pelo contrário. Quero destacar algo que vi e achei tão interessante a ponto de gastar um tempinho para falar disso e compartilhar o que penso com todos os meus 2 leitores.

Uma brevíssima introdução sobre o assunto deste texto, o cantor e compositor João Alexandre. Paulista de Campinas, ele é um dos (poucos) poetas da música gospel, autor de letras inspiradas e melodias elaboradas que flertam com samba, bossa nova e jazz. Foi um dos criadores da chamada linha “MPB gospel”.

Conheci o mais recente CD de João Alexandre, É Proibido Pensar, graças a um artigo que Elvis Tavares publicou no site da Efrata Music. O que me chamou a atenção foi o clipe da música, à disposição no Orkut. E não foi só a mim, como comprova uma rápida investigação na internet.

Na verdade, o polêmico vídeo, criado pelo blogueiro carioca Tito Von Brauner, é só o cartório. Há muitas aferições dele, mas na maioria das vezes as imagens são como retratos dos bois cujos nomes foram dados pelo próprio João Alexandre na letra de É Proibido Pensar, título inspirado, obviamente, na canção de Roberto e Erasmo.

De forma mais ou menos velada, no esquema “para quem sabe ler, um pingo é letra”, João Alexandre critica várias denominações evangélicas, ao falar do comércio e da teoria da prosperidade que tomou conta de muitas igrejas. A música gospel é atacada em seus modismos e mesmices: os “profetas apaixonados(...) distantes do trono”, o uso de instrumentos orientais, como o shofar (o vídeo ilustra com foto da cantora Fernanda Brum), a cópia de modelos importados, entre outros.

Mas independentemente de nomes e denominações, justiças e injustiças, João Alexandre está de parabéns por mostrar que, ao contrário do título da música, é possível refletir sempre, até mesmo quando o assunto é religião. Discussão muito pertinente numa época em que fiéis coíbem jornalistas de exercerem seu dever, que nada mais é senão informar.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Com que cara eu vou? (mais um capítulo da briga Cassiane x MK)

Como a galera que curte música gospel já deve saber, a MK Music ganhou esta semana um round na briga judicial com Cassiane, que era a principal artista da gravadora até 2007. Depois de uma liminar favorável à MK, Cassiane fica obrigada a retirar das lojas todas as unidades do CD “Faça diferença”, que lançou no fim do ano passado, de forma independente. A venda do disco fica proibida até a decisão oficial da Justiça sobre a primeira ação, que a própria Cassiane impetrou contra a MK depois que saiu da gravadora.

Se não acatar a decisão, a cantora deverá pagar multa diária de R$ 5 por CD encontrado no mercado. Como me disse um amigo advogado, “imagine você uma ação durando, no mínimo, de 3 a 4 anos, com o CD proibido de vender?” Que prejuízo, hein? Mas é claro que virão outras liminares, o disco irá e voltará, até um juiz bater o martelo e não caberem mais recursos.

Mas o que eu me pergunto, mesmo, é com que cara Cassiane vai aparecer no evento “Dia da Decisão”, que a gravadora Graça Music, do missionário R.R Soares, vai promover sábado no Rio de Janeiro. Nesse tipo de evento, é comum os artistas venderem seus discos; funciona, às vezes, como forma de cachê ou complemento.

De acordo com o release que recebi hoje, são esperadas 300 mil pessoas. Cassiane vai perder essa boca? Ou a pergunta é: será que ela vai?

Na verdade, recebi dois releases, Um deles, de uma assessoria terceirizada, dizia apenas que estariam presentes “os maiores nomes da música gospel”. Outro, da própria Graça Music, citava o nome de Cassiane em meio a outros artistas.

A dúvida aumenta após uma visita ao site da cantora. Lá, o próximo evento de Cassiane está agendado para 20 de fevereiro, em Belo Horizonte. Não há nada sobre o show no Rio nem mesmo sobre a decisão judicial.

Já a MK lançou uma nota de esclarecimento em seu site. Veja também o processo que dá ganho de causa à gravadora em primeira instância.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Silvio Santos deixa Mara Maravilha “nua” em novo programa do SBT

Sob o comando de Silvio Santos, estreou no último domingo, no SBT, o programa “Nada Além da Verdade”, que tem como “protagonista” um detector de mentiras. Um artista convidado responde, previamente, a 100 perguntas. Vinte e uma delas são repetidas no ar e, caso a máquina dê sempre o resultado verdadeiro, a pessoa fatura o prêmio de R$ 100 mil.

A primeira a ser sabatinada foi a cantora gospel Mara Maravilha. Teoricamente, uma boa escolha, pois Mara é uma pessoa autêntica, que não tem medo de dizer o que pensa. Tive a oportunidade de comprovar essa característica em algumas entrevistas que ela me concedeu para o Universo Musical.

A autenticidade de Mara é interpretada como antipatia por alguns colegas jornalistas que cobrem a música gospel. Nunca vi dessa forma, pois comigo ela sempre foi simpática e nunca se recusou a responder nenhuma pergunta. Entretanto, não acho que Mara precisava ter se exposto daquela forma.

Em primeiro lugar, porque existe um enorme preconceito contra os evangélicos, sobretudo os artistas. Muitos acham que a pessoa, ao se converter, vira um ET ou um zumbi. Ou seja, não é mais deste mundo, por isso não pode errar. Sabe aquela história bíblica de Maria Madalena, de atirar a primeira pedra? É por aí.

Tudo bem que esse preconceito seja alimentado por muitos evangélicos, que se acham os donos da verdade e passam a não respeitar outros credos. Mas nem todos são assim. Mara, pelo que conheço, é um exemplo positivo de tolerância religiosa.

Além disso, todo artista tem uma imagem a zelar. Se canta músicas religiosas, então, a preocupação deve ser dobrada, pois a mensagem se mistura à vida pessoal de quem a prega.

Dito isto, vamos ao programa. Uma das primeiras perguntas de Silvio Santos foi algo do tipo: “você se arrepende de todos os pecados que cometeu antes da conversão”? A resposta foi sim. Mesmo que seja verdade, como a máquina confirmou, essa afirmação foi o maior pecado de Mara e a traiu frente às câmeras.

A cantora disse, com todas as letras, que não posou nua por razões artísticas, mas sim pelo dinheiro e pela fama. Até aí seria normal, se ela não repetisse o tempo todo que estava participando daquele programa por causa do dinheiro e que, apesar da insistência de Silvio Santos para que desistisse, iria até o final para ganhar o prêmio.

Parafraseando Caetano Veloso, “a pergunta vinha”: se Mara se arrependera dos pecados cometidos antes da conversão, o que inclui as fotos para a revista masculina, por que estava nua de novo? Sobre o corpo havia roupas, mas sua vida ficou completamente exposta diante de perguntas íntimas e constrangedoras. Ela passou por várias situações embaraçosas, como dizer, na frente da mãe, que já falara mal dela pelas costas, que deseja ter de volta o mesmo sucesso da época de apresentadora infantil e também que usou drogas. E confessou tudo isso por dinheiro.

No final, Mara não levou os R$ 100 mil para casa; ficou com R$ 25 mil. A máquina acusou como falsa a última resposta, sobre supostas brigas entre os pais da cantora por causa da fama da filha.

Mas a ambição fracassada não foi seu maior erro. Faltou discernimento, sensatez. Se não dá para posar de santo, também não precisa divulgar os pecados. Mara esqueceu que a imagem de um artista gospel não é feita apenas com o corpo, ou com as roupas por cima dele. Com isso, caiu na arapuca de Silvio Santos e tornou-se mais uma vítima – complacente, vale frisar – de um preconceito que, se não ajuda a alimentar, também não contrubui para diminuir.

A trilha sonora deste post é a música “Somos Todos Iguais”, da Banda Catedral.

PS: Mara Maravilha está lançando um novo CD, “Importante é Amar”, pela gravadora Line Records. No dia 12 de fevereiro, às 20h, ela fará um pocket show de lançamento na Saraiva Mega Store do Morumbi Shopping, em São Paulo.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Marcelo Nascimento ganha primeiro site

É com orgulho que anuncio a estréia do primeiro site oficial do cantor Marcelo Nascimento: www.marcelonascimento.net.

Tenho alguns motivos para me orgulhar. Alguns deles não tem como pôr em palavras; como diria Djavan, “só eu sei as esquinas por que passei”. Mas a maioria deles dá para compartilhar aqui neste espaço.

Em primeiro lugar, utilizei vários recursos do Flash que conferiram ao site um ritmo bem legal. Cada seção tem uma animação bacana que a antecede, mas nenhuma delas tem mais destaque que o conteúdo. Este, ao meu ver, é o principal mérito não só do site do Marcelo, mas também o do cantor Marcos Góes, outro que foi feito em Flash e estreou ano passado, antes de eu lançar o blog.

Outra coisa bacana dos efeitos é que eles têm uma coerência, uma inter-relação. Um dos recursos que mais utilizei foi o da máscara, que faz textos e imagens ganharem formas geométricas. O objetivo, em todos os casos, foi valorizar o nome do Marcelo e as fotos, que estão muito boas.

Tanto o site do Goes quanto o do Marcelo foram feitos para “caberem” na resolução de 800 x 600 pixels (ainda utilizada por muitas pessoas), sem que haja qualquer tipo de rolagem. Com isso, os espaços ficam reduzidos e a distribuição do conteúdo torna-se mais difícil. Mas acho que, nos dois casos, consegui resolver bem a questão.

No site do Marcelo, duas partes me agradaram de forma especial. Uma delas é a abertura, a primeira coisa a aparecer mas a última a ser feita. A intenção foi criar um certo suspense para a entrada do nome do cantor, que só aparece inteiro na última foto.

Nas imagens também há esse clima, embora isso não esteja tão visível. Repare que somente a quinta e última foto é de frente, com o Marcelo sorrindo, como se desse boas-vindas ao internauta. Acho que esse jogo entre textos e fotos, a forma como eles se misturam e se complementam, ao mesmo tempo resume e adianta o que virá adiante.

A outra “queridinha” é a galeria de fotos, que fica na seção Multimídia. A idéia de fazê-la como um rolo de filme cinematográfico que passa pela tela surgiu totalmente sem querer. Estava eu no Photoshop buscando um efeito para as fotos quando encontrei um filtro bacana que criou essa impressão de negativo. O restante surgiu naturalmente e o resultado superou minhas próprias expectativas.

O site estreou esta semana. Falta somente a Agenda, que o Marcelo está preparando. Convido-o a visitar o espaço virtual e deixar aqui sua opinião.

Para quem não conhece, Marcelo Nascimento é um cantor, compositor e produtor da música gospel, com mais de 10 anos de carreira. Ele pertence a uma família em que praticamente todos são músicos há três ou quatro gerações. Quem não é evangélico provavelmente conhece, no mínimo, dois irmãos de Marcelo: Mattos Nascimento, que já tocou com os Paralamas do Sucesso e se tornou famoso pelo bordão “Oh! Glória” (usado, inclusive, numa campanha política dele), e Rose Nascimento, que forma o trio de cantoras gospel mais populares do Brasil, ao lado de Cassiane e Aline Barros.

O primeiro CD de Marcelo Nascimento, “De Todo Meu Coração”, saiu em 1995, de forma independente. Ao longo dos anos 1990 e 2000, ele lançou vários discos solo e em dupla com o irmão Tuca por diferentes gravadoras, entre elas a MK Music.

A estréia na Line Records, atual gravadora, aconteceu em 2004, com o álbum de regravações “Marcelo Nascimento & Família” – na verdade, um disco gravado de forma independente que depois foi comprado e relançado pela Line. O CD incluía o maior sucesso de Marcelo, “Um Milagre em Jericó”, numa versão em dueto com Mattos, uma de suas maiores influências.

No final de 2007, o cantor lançou o CD “Por Mim”, com 14 músicas inéditas. Sou suspeito para falar, pois Marcelo é meu cliente e amigo e eu não conheço toda a sua discografia. Mas, ainda assim, me arrisco a dizer que “Por Mim” é um de seus melhores trabalhos.

A influência de Mattos é percebida logo na música inicial, “A Vitória é Minha”, e segue ao longo do disco, principalmente pelo teor evangelístico das canções. A quinta faixa, “Teu Encontro”, é uma verdadeira obra-prima de Marcelo, que faz belo dueto com o sobrinho Douglas. A melodia também é linda, em tom acústico e com toques flamencos.

Mas a grande surpresa é “A Vitória é Tua”, um reggae irresistível. Destaco ainda as baladas “Volta Correndo” e “Só Mesmo por Amor” e as agitadas “Renova as Nossas Vidas” e “Paz Real”.

Parabéns a Marcelo pelo CD e, por que não, pelo site!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Cassiane x MK: quem perde menos?

Foto: Marcos Bin

Olá amigo, feliz ano novo. Começo 2008 falando um pouco de música gospel.

Em 2007, não acompanhei o segmento com a mesma intensidade de anos anteriores. Pelas notícias que li na mídia e recebi das assessorias de imprensa, pareceu-me um ano sem grandes lançamentos ou destaques individuais.

Até dezembro, apenas quatro fatos me chamaram a atenção: 1 – o desmembramento do grupo Toque no Altar, no auge da carreira; 2 – a vitória de Aline Barros no Grammy Latino, o terceiro dela, segundo consecutivo; 3 – a estréia da sertaneja Sula Miranda como cantora evangélica; 4 – e o interesse da Globo na música gospel, primeiramente inserindo uma antiga canção de Aline Barros, Recomeçar, na trilha sonora da novela das oito, “Duas Caras” (feito inédito), e depois lançando, pela Som Livre, uma coletânea do gênero.

Mas, ao apagar das luzes de 2007, eis que surge uma notícia realmente bombástica: a saída de Cassiane da gravadora MK Music. Para quem não conhece o mercado gospel em detalhes, vale uma breve explicação. Com seu estilo pentecostal, Cassiane tornou-se a artista mais popular e a maior vendedora de discos da música evangélica nacional. Ela foi a única do segmento a atingir a marca de 1 milhão de cópias vendidas, feito conseguido com o álbum Com Muito Louvor, lançado pela MK Music em 1999. Cassiane mantinha contrato com a gravadora desde 1992, quando a empresa ainda se chamava MK Publicitá.

A saída de Cassiane da MK, em si, não chega a ser novidade, porque os desentendimentos entre ambos já eram públicos desde 2005. Naquele ano, Cassiane lançou o CD Sementes da Fé depois de muita especulação. O estopim dos boatos teria sido a ausência da cantora no megaevento Canta Zona Sul, promovido pela MK.

Na época, em entrevista para o Universo Musical, Cassiane me explicou que não comparecera porque já tinha outro evento agendado, o Clamor pela Paz, organizado pela Rede Melodia - emissora de rádio do mesmo grupo da gravadora concorrente Top Gospel. Ela resumiu o problema como “falta de comunicação”, mas confessou ter havido um certo constrangimento:

“Como não tinha como fazer os dois (eventos), tive que cumprir meu compromisso. Eles (a MK) ficaram tristes principalmente por causa do comercial na televisão, que acabou passando na Globo. Eu não sabia que isso iria acontecer. (...) Aí surgiram os boatos – eu fui para todas as gravadoras ao mesmo tempo. Eu dizia na época: ‘estou na MK até quando Deus mandar'”, contou-me Cassiane, numa entrevista realizada em novembro de 2005, no Reuel Studio, que pertence ao marido da cantora, o produtor Jairinho Manhães.

Se a separação era esperada, a forma como ela aconteceu foi, de certa forma, surpreendente. Falou-se muito que Cassiane, ao sair da MK, iria para a Central Gospel, gravadora dirigida por Silas Malafaia. A afinidade entre eles é grande, pois ambos são pastores da igreja Assembléia de Deus. Além disso, o CD De Criança para Criança, trabalho de estréia de Jayane, filha de Cassiane e Jairinho, foi lançado, em 2006, pela Central Gospel.

Mas Cassiane preferiu o caminho da independência. Com Jairinho, montou o selo Reuel Music, também uma editora, e lançou, no início de dezembro passado, o CD Faça Diferença. Vai aqui um parênteses: como informa Elvis Tavares no site Efrata Music, este é o mesmo título de um CD da cantora adventista Tatiana Costa. É mais uma prova da falta de criatividade que permeia o mercado gospel, algo que já tive a oportunidade de comentar, algumas vezes, no Universo Musical. Mas este é um assunto para outra postagem.

Mais um fato que merece destaque na briga Cassiane x MK é que a separação ocorreu de forma litigiosa. Novamente recorro ao meu amigo Elvis Tavares, que além de compositor, é advogado e, portanto, está inteirado sobre o mundo jurídico. No site da Efrata, ele informa que há na Justiça carioca duas ações referentes ao tema: uma no TJ da capital fluminense, onde a cantora questiona a gravadora, e a outra no fórum da Ilha do Governador, onde a gravadora questiona a cantora.

Some-se a tudo isso o fato de que Cassiane era duplamente contratada da MK Music: como artista solo e como integrante da dupla Cassiane e Jairinho, que em junho do ano passado lançou o CD Falando de Amor pela gravadora de São Cristóvão. O último trabalho de Cassiane pela MK, sozinha, foi um álbum retrospectivo, o CD/DVD ao vivo 25 Anos de Muito Louvor, de 2006.

Depois de tudo isso posto, vamos à pergunta do título: quem perde menos nessa separação? Na minha opinião, Cassiane. Ela tem quase 30 anos de uma carreira sólida e um público muito fiel, que certamente a acompanhará mesmo sem o grande poder de mídia da MK. E Cassiane tem uma série de exemplos de artistas que, antes dela, adotaram a independência com sucesso: Rose Nascimento, Ludmila Ferber, Marcos Goes, Álvaro Tito, todos donos de seus selos e muito longe de caírem no esquecimento popular.

Talvez a pior conseqüência para Cassiane seja a possível supressão de seus discos das prateleiras das lojas, como já aconteceu com quem deixou a MK de forma, digamos, não amistosa. Vide o exemplo da banda Catedral, cujo CD 10 Anos ao Vivo no Imperator, lançado em 1997, está há anos fora de catálogo, embora a procura do público seja grande.

A MK é uma grande gravadora, dona de uma estrutura digna de multinacional. Mas a saída de Cassiane – que certamente representará um baque nos cofres da companhia, ainda mais em tempos de recessão para o mercado da música – e a possibilidade de que o mesmo aconteça com outros artistas importantes, como há tempos vem sendo cogitado nos bastidores do mercado, pode ser o indício de que algumas mudanças internas são necessárias, sobretudo na filosofia da empresa. Uma proximidade maior com as demais gravadoras evangélicas seria um bom começo. Se isso realmente acontecer, não existirão perdedores.