segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Não sei porque você se foi... Saudades de Tim Maia em especial da Globo

Foto: Globo OnlineCRÍTICA DE TV
● PROGRAMA: Por Toda Minha Vida - Tim Maia
● EMISSORA: Rede Globo



Falar bem de Tim Maia é chover no molhado. Passaria linhas e linhas aqui falando o que todo mundo sabe: excelente cantor, compositor acima da média, o homem que inventou (e consolidou) a black music de sotaque brasileiro e muitos outros adjetivos, todos mais do que justos.

A vida do Síndico foi tema do especial “Por Toda Minha Vida”, exibido na última sexta-feira (14/12/07), na Rede Globo. Embora sem o mesmo ritmo das edições anteriores, dedicadas a Renato Russo e Nara Leão, o programa manteve o alto nível dos demais, o que o consolidou como a melhor surpresa da TV brasileira em 2007.

O diretor Ricardo Waddington acertou em cheio ao mostrar que, por trás de um artista genial, havia um ser humano genioso. E que todas as loucuras, excentricidades e exageros cometidos por Tim Maia, que levaram à sua morte precoce em março de 1998, tinham uma razão: sua tremenda carência afetiva.

Essa abordagem tirou o foco de Tim Maia e jogou os holofotes para Sebastião Rodrigues Maia, um homem pobre que começou a vida vendendo quentinhas e que, graças a um talento extraordinário e à sagacidade de um bom brasileiro, mudou de vida através da música. No meio do caminho, morou no exterior, se envolveu com drogas, foi preso, amou, teve filhos, foi traído, fez amigos, sorriu e fez sorrir, chorou e fez chorar, compôs muita música boa, ficou rico, empobreceu, acreditou em tudo e em todos, foi cético, às vezes bondoso, às vezes amargo. Enfim, um homem que viveu livremente, como salientou seu biógrafo, Nelson Motta, e que pagou um preço caro por isso.

O grande mérito do programa foi expor todos esses lados de Tim Maia de uma forma balanceada, o que não deve ter sido tarefa das mais fáceis. Para o espectador, ficou bem claro que a vida pessoal de Tim Maia foi uma coisa, e seu talento musical foi outra. Ao mesmo tempo, até os amigos mais íntimos não deixaram de criticar seus erros, deixando no ar a dúvida se a carreira de Tim não poderia ter sido ainda mais brilhante se ele, digamos, tivesse sido mais ajuizado.

Está aí o eterno paradoxo de Tim Maia exposto em “Por Toda Minha Vida”: sua vida pessoal foi ao mesmo tempo indiferente e determinante na trajetória artística que seguiu.

A mais, vale salientar a interpretação precisa de Charles Maia (sósia oficial do cantor) e a cena em que Tim inspira-se nas ondas que vê em um quadro para criar a canção “Azul da Cor do Mar”, abre-alas de sua carreira. A partir daí o programa cresce e passa a mostrar cenas que entraram para História, “causos” que viraram lendas e músicas que se transformaram em hinos.

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