Comigo não é assim. Música, pra mim, é coisa séria. Por exemplo, ter perdido a oportunidade de assistir, anteontem, ao show de Stevie Wonder na Praia de Copacabana, por mais morno que tenha se mostrado no final, seria uma espécie de sacrilégio.
É difícil definir a importância da música na minha vida. Ver um artista do qual sou fã é como aprender mais, como preencher um espaço vazio. Em resumo, embora não sintetize todo o meu sentimento, posso dizer que é uma experiência que me enriquece.
Essas divagações vieram à tona depois que eu assisti, agora há pouco, ao filme "Gonzaga - de pai pra filho". A vida e a obra desses dois ícones da música brasileira são, na mais abrangente concepção da palavra, cultura. Ver um filme sobre eles não foi apenas assistir a uma boa história, nem ouvir um punhado de canções clássicas da MPB. Foi, no mínimo, uma oportunidade de absorver conhecimento sobre um pouco do que de melhor a música brasileira já produziu. Algo que eu não poderia perder, e precisava ser feito na tela do cinema.
O filme é comovente. Em vários momentos, foi preciso conter a emoção. A atuação de Julio Andrade como Gonzaguinha adulto é absurda, no melhor dos sentidos. E as cenas finais, com a reconciliação de pai e filho, culminando no show "A vida do viajante", que fizeram juntos em 1981 (e que gerou um LP, depois convertido em CD), apoteóticas. Decerto a plateia teria aplaudido, não estivesse a sala quase vazia, o que é natural, já que o filme está saindo de cartaz - no Rio, esta semana, apenas uma sala o exibe.
Foi uma pena não tê-lo assistido antes. Mas, como dizem, antes tarde do que nunca, ainda mais para aprender.