Como filme de ação, achei que o original superou a sequência, até mesmo porque tinha o fator novidade. Mas a mensagem de TE2 é mais profunda, entra nas nossas tripas, dá um nó, fecha e joga a chave fora. O novo Tropa aproxima-se ainda mais da realidade porque derruba as próprias dicotomias que estabeleceu, no filme anterior, entre polícia e bandido, PM e Bope, honesto e corrupto, ampliando o leque da discussão. O traficante, o viciado e o policial desonesto continuam sendo culpados, mas há algo muito maior por trás deles, o tal sistema, diante do qual, em tempos de eleição, eu faço a pergunta: será que adianta somente mudar as peças do xadrez se o problema está no tabuleiro?
Por outro lado, acho que os responsáveis pelo filme, ao mesmo tempo em que criticam o sistema, ajudam a reforçá-lo, exibindo TE2 depois do 1º turno das eleições. Até entendo que existam motivos e interesses para isso, e não acho que a data de exibição influenciaria em alguma coisa, mas não deixa de ser uma pena. Pela reação da plateia, não foi só em mim que o filme causou a sensação de ter levado um soco no estômago com luvas de boxe. Multiplique isso por mais de 600 salas de exibição Brasil afora, "n" sessões e as versões piratas, via DVD e internet, que vão pipocar a partir de hoje, e tem-se como resultado algumas milhares de pessoas que, se não lutarão contra o sistema, pelo menos refletirão um pouco mais sobre suas vidas.
Ao final da sessão, saí do cinema duplamente feliz, por ter visto um filme excepcional e por votar nulo.