segunda-feira, 31 de março de 2008

Jornalista do SBT nunca ouviu falar de Luiz Ayrão

Muito bom e pertinente o artigo do jornalista Vagner Fernandes, biógrafo de Clara Nunes, publicado hoje (31/03) na coluna de Alcemo Goes, no Globo Online. No texto, o colega de profissão comenta a ignorância de uma vendedora da Saraiva Megastore que, indagada por um cliente se a loja possuía o livro sobre a sambista mineira, morta há 25 anos, lhe perguntou se a autora era a própria Clara.

A história me fez lembrar fato semelhante – e ainda mais lastimável – ocorrido no programa Qual é a Música, de Silvio Santos, há três semanas. Na ocasião, o “time das mulheres” tinha a presença de uma jornalista da casa, Cíntia Benini, que apresenta o telejornal SBT Brasil ao lado de Carlos Nascimento.

Na brincadeira musical, Silvio perguntou a Cíntia se conhecia Luiz Ayrão, autor da música que viria logo a seguir (sem o conhecimento dela ainda), Os Amantes. Ao que ela respondeu: “não, Silvio”. Ele insistiu: “nunca ouviu falar?” E ela, com a mesma tranqüilidade: “nunca, Silvio”.

Não dá pra medir ignorância. Mas quando digo acima que o caso de Cíntia é pior que a da livreira, logicamente estou me referindo ao fato de ela ser jornalista, âncora da segunda ou terceira maior emissora de TV do país.

Existe um mito sobre nós, jornalistas, de que somos obrigados a conhecer tudo sobre todos os assuntos. Quando desconhecemos algo supostamente óbvio, nossa competência para exercer a profissão é logo questionada, sempre com um ar de acusação.

Não é por aí. Mas é claro que, como tudo na vida, há parâmetros para saber até onde vai o limite entre a falta de onisciência inerente aos reles mortais e a ignorância retrógrada. Um dos mais justos, ao que me parece, é a relação do objeto ou da pessoa com o assunto em questão. Neste caso, o lugar que Luiz Ayrão ocupa na história da cultura nacional. Nenhum, segundo a jornalista que apresenta o SBT Brasil para milhões de pessoas.

Não cabe neste espaço descrever a biografia de Luiz Ayrão, mesmo porque uma rápida busca no Google cumpre bem essa função. Mas vale ressaltar que o carioca Luiz Gonzaga Kedi Ayrão é um dos grandes sambistas do Brasil. Cantor, compositor e escritor de mão cheia, lançou grandes sucessos como Porta Aberta, Nossa Canção e Ciúme de Você, as duas últimas regravadas com enorme êxito por Roberto Carlos.

Os mais novos certamente já ouviram Nossa Canção na voz de Vanessa da Mata, Ciúme de Você com Felipe Dylon e a citada Os Amantes com o sertanejo Daniel. E a lista de intérpretes ainda tem Maria Bethânia, Zizi Possi, Raça Negra, entre muitos outros. Não bastasse tudo isso, Luiz Ayrão ainda é figurinha fácil no Programa Raul Gil, onde costuma participar como jurado do quadro de calouros.

Se uma livreira não conhece Clara Nunes e uma jornalista nunca ouviu falar de Luiz Ayrão, é sinal de que já passou da hora de refletirmos sobre a (falta de) memória de nosso país. Nessa batalha contra o ostracismo a que estão relegados os grandes nomes da cultura brasileira, o Google não passa de um soldado raso. É preciso artilharia pesada, que só pode ser disparada pelos governos e pelas grandes empresas.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Fazendo música, jogando bola

Muitos antes de a revista Rolling Stones eleger Acabou Chorare o melhor disco brasileiro de todos os tempo, numa lista dos 100 mais divulgada em 2007, eu já considerava o álbum que os Novos Baianos lançaram em 1972, sob influência de João Gilberto, o número 1 da MPB.

Mas isso foi até hoje, quando tive a felicidade de ouvir pela primeira vez na íntegra, da primeira à última faixa, o disco seguinte de Moraes, Pepeu, Baby & cia., Novos Baianos Futebol Clube, de 1973. Foi uma experiência tão incrível que decidi relatá-la aqui neste espaço.

Não que Novos Baianos Futebol Clube seja melhor que Acabou Chorare. Na verdade, a sonoridade é bem parecida, lembrando até uma continuação. Igualdade até no número de faixas, 10 cada um. Talvez por isso, por não ser tão revolucionário quanto seu antecessor, F.C. não tenha conseguido a mesma projeção.

Mas o disco é bom demais. Tem mais samba que Acabou Chorare e a influência hippie nas letras é maior. Fazendo música e jogando bola, como diria Pepeu Gomes muitos anos depois, já em carreira solo, os Novos Baianos criaram verdadeiras obras-primas, como a deliciosa Vagabundo Não É Fácil e a brilhante Com Qualquer Dois Mil Reis, dona de letra atemporal.

Novos Baianos Futebol Clube é samba e rock, loucura e genialidade. Puros anos 70. Nasceu numa época em que eram mais freqüentes discos conceituais, bons do início ao fim, que revelavam surpresas a cada audição. Escute-o com fones de ouvido, para perceber a separação dos instrumentos em cada canal, e comprove.

A partir de hoje, a minha lista dos melhores de todos os tempos tem um novo e forte aspirante à primeira colocação. Talvez Acabou Chorare leve pequena vantagem, mas posso dizer que há um empate técnico.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Grupo Abba ganha museu na Suécia

O grupo sueco Abba, que se tornou um dos ícones da disco music graças ao hit Dancing Queen, ganhará um museu em Estocolmo. O Abba the Museum terá três andares e irá ocupar 6,5 mil metros quadrados no Stora Tulhuset, um imponente prédio construído há um século em estilo art déco.

A inauguração será em junho de 2009, mas a venda de ingressos começou hoje, 13 de março, no site do museu. As entradas só podem ser compradas on-line e as visitas têm dia e hora marcados. Segundo a BBC Brasil, a expectativa dos organizadores é de que o museu receba 500 mil visitantes por ano.

O site do Abba the Museum remete à fase de maior sucesso do grupo, no final dos anos 70. As páginas são coloridas e cheias de luzes, lembrando uma discoteca. O clima de revival também está numa imagem com a silhueta dos quatro integrantes, na qual dá para notar as roupas da época, inclusive a clássica calça boca-de-sino.

No site ainda há uma planta do museu, que mostra como serão dispostos os itens da exposição. Uma das atrações promete ser um estúdio onde os visitantes poderão cantar com o grupo e dançar como John Travolta, estrela do filme Os Embalos de Sábado à Noite, que marcou o auge da disco music.

O Abba surgiu em 1974, formado por Agnetha Fältskog, Björn Ulvaeus, Benny Andersson e Anni-Frid Reuss, cujas iniciais deram origem ao nome do grupo. Embora carregue o estima da música dançante, o quarteto – que se separou em 1982 – também emplacou várias baladas, como Fernando, seu primeiro hit, e a famosa The Winner Takes it All.

Uma coletânea bem satisfatória do grupo é a conhecida Abba Gold. Outra ainda mais completa é The Definitive Collection, CD duplo com 37 faixas.

quarta-feira, 12 de março de 2008

O fim dos ultramanos

Triste notícia publicada no site Rock Press. Sucesso de crítica, mas com pouca mídia, a banda gaúcha Ultramen vai encerrar as atividades após 16 anos de estrada. Embora ainda estejam rolando alguns shows, a despedida foi na quinta-feira passada, 6 de março, com a gravação do DVD Ao Vivo em Porto Alegre.

Formado por Tonho Crocco (vocal), Julio Porto (guitarra), Pedro Porto (baixo), Zé Darcy (bateria), Marcito (percussão), Malásia (percussão) e DJ Anderson, o Ultramen é – ou foi – uma das bandas mais criativas surgidas nas duas últimas décadas no cenário do pop-rock brazuca.

Cabia de tudo no som dos caras, tudo sempre muito bem-feito. Mas a especialidade do Ultramen era o samba-rock, na velha escola dos mestres brasileiros do suingue, com toques de modernidade garantidos pelo rap.

A banda ganhou mais notoriedade ao participar do projeto Acústico MTV Bandas Gaúchas, do qual foi destaque absoluto em meio aos quatro artistas participantes. As ótimas faixas Ultramanos, Santo Forte e Dívida, esta última um dueto inspirado de Tonho e Falcão, do Rappa, sintetizam bem o que era o caldeirão rítmico do Ultramen.

No site da banda há bastante material disponível para download gratuito, incluindo a íntegra do álbum Acústico, gravado em 2004 no Teatro São Pedro, em Porto Alegre. É uma boa forma de conhecer mais a fundo a história do Ultramen, que vai deixar saudades.

Resta desejar boa sorte aos músicos e torcer para um reencontro num futuro breve.

Veja abaixo o encontro do Ultramen com Falcão na dançante Dívida.


terça-feira, 11 de março de 2008

Parada de sucessos brasileira é retrato da mesmice

É de assustar a parada musical publicada hoje no jornal Extra, com os 10 CDs mais vendidos da semana, segundo o Instituto Nopem.

Da lista, somente 1, isso mesmo, U-M disco é lançamento. A estrela solitária é o cantor-surfista havaiano Jack Johnson, que surge na 6ª colocação com seu mais recente trabalho, Sleep through the Static. Título bem sugestivo, por sinal.

Michael Jackson, quarto colocado, aparece como uma novidade torta, com a reedição do clássico Thriller, embalado por remixes de músicas dos anos 80. A coletânea Pancadão do Candeirão do Huck 2008, um mix de vários funkeiros, também representa um esboço de inovação.

Mas qualquer tentativa de respirar novos ares pára por aí. A liderança do ranking é da coletânea Perfil, de Ivete Sangalo, seguida por outra compilação, Collection, do Queen.

Mais estranho ainda é ver o Acústico MTV do Kid Abelha, um disco lançado em 2002, ocupando o honroso posto de 5º álbum mais vendido do Brasil. E não está só. O MTV Ao Vivo do Jota Quest, de 2003, aparece em 8º, enquanto Estampado, gravado por Ana Carolina também em 2003, é o 10º.

Infinito Particular, de Marisa Monte, e Minha Bênção, do Padre Marcelo Rossi, ambos de 2006, completam o ranking.

A presença dessas peças de museu na parada de sucessos brasileira pode ser explicada – afinal, grandes magazines, como as Lojas Americanas, costumam cobrar R$ 9,90 por discos nacionais de catálogo – mas não justificada.

Não adianta se queixar da crise, da pirataria e da tecnologia sem investir em novidade, produto raro num mercado em que gravadoras e artistas deixam-se levar pela falta de ousadia e criatividade, enquanto o público se acomoda no conforto do passado.

Ao som do sonolento Jack Johnson, parece que a indústria fonográfica brasileira vai entregando os pontos. Tomara que acorde a tempo de mudar.

Não deixe o Capital Inicial esquecer seu passado

Vi no blog do colega Jamari França, do Globo Online, que tá rolando um manifestado encabeçado pelo blog Na Rota do Rock (NRDR) para que o Capital Inicial toque músicas dos anos 80 no show que fará em Brasília, no dia 21 de abril, e dará origem ao DVD Multishow Ao Vivo. Causa justa.

Não tô sabendo muito sobre o show. Fui ao site da banda e não tem nada lá, literalmente – o que, aliás, é uma tremenda mancada com os fãs. Uma rápida busca no Orkut e nada também sobre o repertório, só especulação. Idem no Google.

Vi o Capital sábado, no Altas Horas. Como é de costume nesses programas de entrevistas – quase todos péssimos quando o assunto é música – Dinho Ouro Preto falou muito superficialmente sobre o assunto. Mas foi o suficiente para dizer besteira.

Segundo o eterno garotão do rock nacional, este será o primeiro disco ao vivo do Capital, tirando o Acústico MTV. Ué, e o de 1996? Tudo bem que ele, Dinho, não tenha participado, pois estava em carreira solo na época. Mas e os outros? O disco leva o nome de quem, ora bolas? Além disso, se Dinho não estava, o guitarrista Loro Jones, que depois do unplugged cedeu lugar para Yves Passarel, marcava presença.

Bem, de volta ao DVD. Parece que não há nada confirmado sobre o set list, mas onde tem fumaça, tem fogo. E não deve ser a música Fogo.

Pelo passado recente do Capital, é bem possível que a suspeita encontre fundamento. No último show a que assisti, ainda na turnê do álbum Gigante, o maior sucesso do grupo até hoje, Música Urbana, não foi tocado.

A verdade é que, depois do estouro de Natasha, uma das inéditas de Acústico MTV, o Capital Inicial descobriu que a receita do bolo era fazer música para adolescentes. Vide o sucesso dos álbuns seguintes, Rosas e Vinho Tinto e Gigante, com a rebeldia juvenil de Quatro Vezes Você e o otimismo de Não Olhe pra Trás.

São boas músicas, sem dúvida, mas que estão muito longe, na qualidade e na verdadeira rebeldia punk, de clássicos do BRock como Autoridades, Psicopata, Descendo o Rio Nilo e Mickey Mouse em Moscou. Músicas que se não transformaram o Capital Inicial na segunda Legião Urbana dos anos 80, fizeram a cabeça de milhares de jovens na época. E essas pessoas, vale frisar, ainda compram os discos da banda e freqüentam seus shows, apesar da mudança de sonoridade.

Então, junto-me ao apelo do NDRD para que o Capital não se esqueça dos fãs “da antiga” neste que promete ser um dos melhores shows da história da banda.

Além de Música Urbana, Autoridades, Psicopata, Descendo o Rio Nilo e Mickey Mouse em Moscou, sugiro que estejam no set list as velhinhas Fátima, Veraneio Vascaína, Kamikaze, O Passageiro e 1999. Da geração pós-acústico, acho que não podem faltar Como Devia Estar, Quatro Vezes Você, Pra Ninguém, Olhos Vermelhos, Mais, Respirar Você, Sem Cansar, Não Olhe pra Trás, Perguntas sem Respostas e Sorte.

E nada de gastar tempo com homenagem à Legião Urbana! Já tiveram um disco inteiro para isso. A essa altura, Dinho também não precisa mais ficar à sombra de Renato Russo. Há tempos (com trocadilho, por favor) o Capital Inicial já construiu sua própria história.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Reedição de O Canto da Cidade traz Daniela Mercury no auge criativo

CRÍTICA DE CD/DVD


● Disco: O Canto da Cidade – 15 Anos
● Artista: Daniela Mercury
● Gravadora: Sony-BMG




No último reveillon, entre um abraço e outro nos amigos, ouvi Daniela Mercury interpretar O Canto da Cidade, música de 1992, no programa Show da Virada. Pensei: “Eis um exemplo de uma grande artista que ainda está presa ao passado”.

Ao escutar o CD homônimo, que é relançado agora, em versão remasterizada, pouco mais de 15 anos depois do original, vejo que aquele sentimento não era apenas uma sensação, e sim uma constatação.

O Canto da Cidade, o disco, é um dos melhores trabalhos na linha popular lançados nas últimas décadas no Brasil. Com sua voz marcante, a irreverência baiana e a influência dos mestres da MPB, Daniela Mercury criou um samba-reggae mais encorpado, que não apenas unia esses dois gêneros musicais, mas também trazia boas doses de pop e rock.

Que atirem a primeira pedra os puristas, mas na minha opinião a interpretação de Daniela Mercury para Você Não Entende Nada, de Caetano Veloso, é definitiva. Só pra Te Mostrar, dueto com o paralama Herbert Vianna, é um pop-rock de primeira linhagem. E até mesmo as percussivas O Canto da Cidade, Batuque e O Mais Belo dos Belos são oásis em meio à maior parte do que se produzia na chamada axé music da época. E ainda hoje é assim.

O problema é que Daniela se perdeu ao começar a investir na música eletrônica, após o também ótimo Feijão com Arroz, de 1996. Tentou fugir do estigma da axé music, mas não encontrou boas músicas, próprias ou de terceiros, que justificassem a fuga. Tanto é que o melhor de sua carreira está muito bem resumido na excelente coletânea Swing Tropical, da Som Livre, que traz essencialmente faixas retiradas dos CDs O Canto da Cidade e Feijão com Arroz. É um bom disco, com boas músicas, a maior parte delas no estilo samba-reggae.

Essa nova versão do CD acompanha um DVD com um show de Daniela Mercury na Praça da Apoteose, no Rio, em 1992. Curioso, ao ver a multidão que lotava o Sambódromo para assistir a uma cantora em início de carreira, é perceber que Daniela, desde aquela época, já carregava consigo o paradoxo de não depender tanto de vasto repertório para ser uma grande artista. Afinal, mesmo sem emplacar um hit do naipe de O Canto da Cidade há alguns anos, ela nunca perdeu o status de musa.

Com um set list irregular, que incluía as deslocadas Há Tempos (Legião Urbana) e Maluco Beleza (Raul Seixas), Daniela Mercury levantou a multidão, ajudada em muito por sua performance teatral, adquirida nos tempos de bailarina.

Mais interessante que o show são as gravações feitas para um especial da Rede Globo, em que Daniela faz duetos ao vivo com Tom Jobim (Águas de Março) e Herbert Vianna (Só pra Te Mostrar). Já Caetano Veloso ataca de ator no clipe de Você Não Entende Nada.

No final das contas, pela importância e qualidade, o CD inverte a lógica do mercado e torna-se mais relevante que as imagens do DVD. Quem sabe não esteja no velho disquinho digital a receita para Daniela Mercury reencontrar a essência de sua música.

Parabéns Cristina Mel, uma das maiores cantoras do Brasil

Hoje, 10 de março, é aniversário de uma das maiores cantoras do Brasil. Maria Bethânia? Não. Elba Ramalho? Menos. Ana Carolina? Tá frio.

Falo de Cristina Mel, cantora gospel com quase 20 anos de carreira. Se não tivesse optado pela música religiosa – da qual é, disparado, a melhor representante – Maria Cristina Mel (sobrenome artístico incorporado na Justiça recentemente) de Almeida seria unanimidade de público e crítica.

Certamente sua voz, de afinação e extensão raras, e sua musicalidade já teriam sido reconhecidas pelos prêmios Shell, Tim e Multishow da vida. Algo que, infelizmente, não acontece na música gospel, dada a pouca quantidade de premiações e a credibilidade duvidosa das que existem.

Conheço Cristina Mel há muitos anos. Ela já era uma referência para mim mesmo quando eu mal sabia o que era a música gospel. Durante os anos de Revista do Nopem, Universo Musical e Universo Gospel, foram vários encontros, entrevistas, bate-papos, desabafos e, é claro, audições de discos que, a despeito do porte das gravadoras pelos quais eram lançados, tinham um carimbo de qualidade.

A última vez que o talento de Cristina Mel me encantou foi em 2007, na gravação de um DVD da Line Records, no Vivo Rio. Lá estava ela no palco em meio a outros artistas da gravadora.

Sem desmerecer os outros, quase todos meus amigos, Cristina Mel era, na verdade, a única ali que merecia esse título. Ela É uma artista, na melhor e mais completa acepção da palavra.

No palco, Cristina Mel não só transmite a Palavra de Deus, objetivo comum de todos do segmento. Ela vai além: sente, transpira, emociona. Como nenhum outro – e aí não falo só dos evangélicos – mostra que a música, como diz o senso comum, não tem fronteiras. A música, na voz de Cristina Mel, é do tamanho do universo. Ela, sim, é um universo musical.

Se você nunca ouviu Cristina Mel cantar, dispa-se de qualquer preconceito e pudor, caso tenha algum. Peça de um amigo, baixe na internet ou encontre algum modo, convencional ou não, de ouvir um de seus discos. Para lhe ajudar, dou a dica do CD e DVD 15 Anos ao Vivo, a cuja gravação, realizada em São Paulo, tive a honra de assistir. Ouça a última faixa, A Mão do Mestre, e deixe-se emocionar.

A você, minha amiga, parabéns pelos 44 anos de puro talento. Serei seu eterno fã.