terça-feira, 11 de março de 2008

Parada de sucessos brasileira é retrato da mesmice

É de assustar a parada musical publicada hoje no jornal Extra, com os 10 CDs mais vendidos da semana, segundo o Instituto Nopem.

Da lista, somente 1, isso mesmo, U-M disco é lançamento. A estrela solitária é o cantor-surfista havaiano Jack Johnson, que surge na 6ª colocação com seu mais recente trabalho, Sleep through the Static. Título bem sugestivo, por sinal.

Michael Jackson, quarto colocado, aparece como uma novidade torta, com a reedição do clássico Thriller, embalado por remixes de músicas dos anos 80. A coletânea Pancadão do Candeirão do Huck 2008, um mix de vários funkeiros, também representa um esboço de inovação.

Mas qualquer tentativa de respirar novos ares pára por aí. A liderança do ranking é da coletânea Perfil, de Ivete Sangalo, seguida por outra compilação, Collection, do Queen.

Mais estranho ainda é ver o Acústico MTV do Kid Abelha, um disco lançado em 2002, ocupando o honroso posto de 5º álbum mais vendido do Brasil. E não está só. O MTV Ao Vivo do Jota Quest, de 2003, aparece em 8º, enquanto Estampado, gravado por Ana Carolina também em 2003, é o 10º.

Infinito Particular, de Marisa Monte, e Minha Bênção, do Padre Marcelo Rossi, ambos de 2006, completam o ranking.

A presença dessas peças de museu na parada de sucessos brasileira pode ser explicada – afinal, grandes magazines, como as Lojas Americanas, costumam cobrar R$ 9,90 por discos nacionais de catálogo – mas não justificada.

Não adianta se queixar da crise, da pirataria e da tecnologia sem investir em novidade, produto raro num mercado em que gravadoras e artistas deixam-se levar pela falta de ousadia e criatividade, enquanto o público se acomoda no conforto do passado.

Ao som do sonolento Jack Johnson, parece que a indústria fonográfica brasileira vai entregando os pontos. Tomara que acorde a tempo de mudar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Marcos, boa tarde !
Vou resumir a minha posição:
- A grande mídia ainda está amarrada ao cadáver da indústia fonográfica e seu parceiro inseparável, THE JABÁ, com isso, não abre espaço para novos talentos...
- CD só se vende com preço justo...
- Para o brasileiro, quem aparece na TV GLOBO merece vender disco (Ivete, Queen, Luciano Huck)

Para fechar uma reflexão sobre o ROCK NACIONAL: como é possível, num país como esse, contarmos nos dedos quantas bandas conhecidas temos em atividade ?

MÍDIAS, JORNALISTAS E PRODUTORES: ABRAM OS ESPAÇOS DE SEUS VEÍCULOS PARA O NOVO...

Abs e sucesso !

Eduardo Sona
www.osegredorevelado.com.br

Anônimo disse...

O que as Gravadoras pensasm é que, relançando coisas do passado, os pirateiros não vão se dar ao trabalho de copiar(...)

Antigamente, boa parte das pessoas não tinham "MONEY" para comprar CDs, porque a tecnologia ainda era nova no Brasil. Discos também não eram baratos, eu lembro.

Daí, a idéia de relançarem esses produtos, bons, por sinal, mas que não tiveram a saída esperada.

A própría MK Music relançou dois DVDs de shows que aconteceram no ano de Mil Novecentos e lá vai fumaça, com imagens dos eventos produzidos pela Gravadora e pela 93 FM, empresas do Grupo MK, fizeram mas que, sinceramente, com músicas ( e músicos ) que muita gente nem se lembra mais.

Se o Secular enxergou no passado um forte nincho de Mercado, porque não seguir o mesmo no Gospel, não é?

Mas é o tipo de produto que eu não compraria. Apesar de bom, o produto está defasado demais para ser visto por um consumidor cocmum e que está acostumado a novidades de verdade.

Esse tipo de pgroduto é bom para, talvez, pesquisa em Produção de Shows, Laboratório musical, ou para, quem sabe, fãs inveterados.

Acho até estranho o ranking do referido Jornal emplacar vários títulos musicais antigos.