quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Nota 10 / Nota 0

NOTA 10: Para “Shrek Especial de Natal”. Apesar de curto, o programa foi a melhor atração natalina da TV aberta.

NOTA 0: Para a Globo, que não se deu ao trabalho de colocar os nomes das músicas cantadas no especial de Roberto Carlos, ontem. Eles só apareceram nos créditos finais, quando, para o espectador que acompanhou o show, já era tarde.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Nota 10 / Nota 0

NOTA 10: Para o “Espaço Público”, da TV Brasil. O programa, sempre muito bom, esteve ainda melhor ontem, quando teve a presença do escritor e jornalista Paulo César de Araújo, que falou sobre a polêmica em torno do livro “Roberto Carlos em Detalhes”.

NOTA 0: Para o horário em que foi exibido o “Som Brasil” dedicado a Gilberto Gil: madrugada de ontem para hoje, depois do “Programa do Jô”. Parece que bons programas musicais, na TV, só mesmo para quem sofre de insônia.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Alicia Keys reverencia mestres da música negra em seu 4º CD

CRÍTICA DE CD

● DISCO: As I Am
● ARTISTA: Alicia Keys
● GRAVADORA: Sony-BMG




Vencedora de cinco prêmios Grammy com seu álbum de estréia, o aclamado “Songs in a Minor”, de 2001, Alicia Keys continua surpreendendo em “As I Am”, o quarto da carreira.

Ótima cantora, dona de voz quente e rouca, a nova-iorquina imprime emoção e personalidade ao soul e ao r&b, ao mesmo tempo em que reverencia os mestres da música negra americana. Influências de Aretha Franklin, Gladys Knight, Roberta Flack e Stevie Wonder são nítidas em canções de safra inspirada, como “Wreckless Love”, “The Thing About Love”, “Teenage Love Affair”, “Prelude to a Kiss” e “Sure Looks Good to Me”.

O lado mais pop e mais fraco do CD fica por conta de “No One”, primeira faixa a ir para as rádios, e “Lesson Learned”, dueto com John Mayer. Mas, felizmente, são minoria num álbum que mantém Alicia Keys no rastro de seus ídolos e antecessores. De quebra, há ainda um DVD com faixas ao vivo e bastidores.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Nota 10 / Nota 0

NOTA 10: Para a matéria do “Atualíssima”, da Band, sobre o último show de Sandy & Junior. O programa, conhecido por abordar a vida pessoal dos artistas, prendeu-se apenas aos aspectos musicais que envolveram a separação da dupla, o que é louvável.

NOTA 0: Para Roberto Carlos, que decepcionou os fãs em 2007. Proibiu na Justiça o lançamento de sua biografia e pela primeira vez em décadas não lançou o tão aguardado disco de fim de ano. Só restou o especial de TV, mesmo.

Gente estúpida, gente hipócrita

Há um pouco mais de um ano, entrevistei o grupo AfroReggae, que na época lançava o DVD “Nenhum Motivo Explica a Guerra”. Junto com um show, o disco trazia um documentário, dirigido por Cacá Diegues, no qual os integrantes contavam como a arte mudou suas vidas, marcadas desde o início pela violência e o tráfico de drogas em favelas cariocas.

Perguntei a eles se acreditavam na diminuição da violência enquanto o crime fosse sustentado pelo comércio das drogas, compradas, sobretudo, pelas classes média e alta. A resposta de um dos componentes do grupo, Altair, foi a seguinte: “Não. É claro que sempre existe uma distância entre o que se fala e faz, mas tentamos encurtá-la. Não usamos drogas nem bebidas alcoólicas, já fizemos uma campanha contra o tabagismo e não aceitamos participar de um festival porque era patrocinado por uma empresa de cigarros. Queremos dar o exemplo.”

Concordo plenamente com Altair. Mas quero falar neste texto sobre algo que extrapola a minha opinião e a sua sobre o tema. É a coerência presente no discurso dele. Uma palavra que serve de antônimo para outra muito importante, hipocrisia.

Feita a introdução do assunto, vamos a ele. A Operação Navalha, da Polícia Federal, prendeu esta semana uma quadrilha acusada de vender drogas em áreas nobres do Rio de Janeiro. São os chamados traficantes do asfalto. Segundo o “Globo Online”, o bando tinha cerca de 19 clientes, entre eles atores, jogadores de futebol e jornalistas, “cujos nomes não foram revelados”.

Antes de mais nada, peraí. Cadê a lista dos nomes? Como assim “não foram revelados”? A PF não teve acesso ao tal “disque-drogas” usado pelos suspeitos? Será que as escutas não chegaram até a imprensa? Mas quando os acusados são políticos não tem chamada no “Jornal Nacional”? O nome do Zé da Silva, preso na favela, não sai na primeira página de “O Globo”? Vixe, tô falando de hipocrisia antes da hora...

De qualquer forma, o cerne da questão não está nos bois, e sim na boiada. Mais uma vez, a elite brasileira estampa os noticiários policiais, duplamente acusada: ela vende e compra drogas.

Não acho que a legalização seja o caminho para a redução da violência. Seria tentar corrigir um erro criando outro maior. Mas, repito, não vou me prender a minha opinião. Vou aos fatos.

É fato que não haverá redução da violência enquanto os traficantes tiverem armas que, em outros países, são usadas em guerras. As mesmas armas que roubam, seqüestram e matam, no morro e no asfalto. Que são compradas com o dinheiro do tráfico, alimentado, em grande parte, pelas classes média e alta. Então, quem compra consente. E financia.

O problema é que esses bacaninhas que compram drogas são os mesmos que moram cercados por câmeras de vigilância e seguranças armados, achando que estão protegidos de uma realidade que eles mesmos ajudam a construir, mas que lhes parece alheia. São reis dentro de suas fortalezas de luxo, onde, inclusive, usam drogas, como foi noticiado recentemente.

Com toda a cara-de-pau do mundo, esse pessoal vai à televisão participar de campanhas pela paz. Como se não fosse com eles, pedem o desarmamento e querem sua doação para o Criança Esperança. São campanhas lindas, tão comoventes quanto insistentes. Muitas vezes, te vencem pelo cansaço.

Mas, por uma dessas ironias do destino, há uma unidade do Criança Esperança no Morro do Cantagalo, em Ipanema; é uma favela encruada numa das áreas mais valorizadas do Brasil. Quantos conhecem o trabalho que é feito no local? Quem sabe por que, de fato, aquelas crianças estão ali? Será que já se deram conta de que aquele espaço somente existe porque o tráfico é uma ameaça para os menores?

É impossível não lembrar do Capitão Nascimento, em “Tropa de Elite”, perguntando quantas crianças mais serão perdidas para o tráfico só para o playboy fumar um baseado. Mas não tem problema, basta ter “consciência social”...

Não quero ser moralista, só não consigo fechar os olhos diante da hipocrisia (agora, sim...) reinante. Até Marcelo D2, usuário declarado de maconha, pede paz, ao encerrar o show que deu origem ao CD/DVD “Acústico MTV”. Mas ele tem um diferencial positivo: é autêntico. A forma escancarada de falar das drogas é questionável, assim como a credibilidade de pacifista, mas D2 nunca escondeu o que pensa e quem é. Postura muito mais coerente que a da grande maioria dos colegas de meio artístico, que se esconde sob a máscara do bom moço ou da boa moça.

E a lista, hein? Será que ela sai? Vamos esperar que algum veículo minimamente imparcial venha a público divulgá-la. Mas não sei, não... Por via das dúvidas, sugiro que você fique desconfiado. Ao ver um artista na TV pedindo seja lá o que for em nome de um mundo melhor, pense duas vezes antes de levá-lo a sério.

Lembrei-me novamente do AfroReggae. Eles estão certos, nenhum motivo explica a guerra. Mas também não são todos que justificam a paz.


A trilha sonora deste post é “Rio de Janeiro a Dezembro”, da Banda Catedral, e “Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)”, do Rappa.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Nota 10 / Nota 0

NOTA 10: Para o quadro “Bola Cheia, Bola Murcha”, do “Fantástico”. Simples e divertido.

NOTA 0: Para o “Casseta & Planeta Urgente!”, que ontem (18/12/07) se despediu de 2007 de forma melancólica. Os comediantes precisam tirar esse período de férias para se reciclar, porque a linguagem está desgastada e o humor, sem graça.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Nota 10 / Nota 0

NOTA 10: Para o anúncio do CD “Queen Collection”, da Som Livre. Muito boa a idéia de colocar atores de bigode, como se estivessem fantasiados de Freddie Mercury. Já o disco está longe de ser a coletânea definitiva da banda inglesa. Para isso, canções como “Save Me”, “Play the Game” e “Fat Bottomed Girls” não poderiam ficar ausentes de forma alguma.

NOTA 0: Para o teaser em que o SBT faz mistério sobre uma nova atração em sua grade, com um trocadilho infame entre “lula” (escrito com inicial minúscula, embora a referência ao presidente seja óbvia) e Lola. Ninguém merece.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Não sei porque você se foi... Saudades de Tim Maia em especial da Globo

Foto: Globo OnlineCRÍTICA DE TV
● PROGRAMA: Por Toda Minha Vida - Tim Maia
● EMISSORA: Rede Globo



Falar bem de Tim Maia é chover no molhado. Passaria linhas e linhas aqui falando o que todo mundo sabe: excelente cantor, compositor acima da média, o homem que inventou (e consolidou) a black music de sotaque brasileiro e muitos outros adjetivos, todos mais do que justos.

A vida do Síndico foi tema do especial “Por Toda Minha Vida”, exibido na última sexta-feira (14/12/07), na Rede Globo. Embora sem o mesmo ritmo das edições anteriores, dedicadas a Renato Russo e Nara Leão, o programa manteve o alto nível dos demais, o que o consolidou como a melhor surpresa da TV brasileira em 2007.

O diretor Ricardo Waddington acertou em cheio ao mostrar que, por trás de um artista genial, havia um ser humano genioso. E que todas as loucuras, excentricidades e exageros cometidos por Tim Maia, que levaram à sua morte precoce em março de 1998, tinham uma razão: sua tremenda carência afetiva.

Essa abordagem tirou o foco de Tim Maia e jogou os holofotes para Sebastião Rodrigues Maia, um homem pobre que começou a vida vendendo quentinhas e que, graças a um talento extraordinário e à sagacidade de um bom brasileiro, mudou de vida através da música. No meio do caminho, morou no exterior, se envolveu com drogas, foi preso, amou, teve filhos, foi traído, fez amigos, sorriu e fez sorrir, chorou e fez chorar, compôs muita música boa, ficou rico, empobreceu, acreditou em tudo e em todos, foi cético, às vezes bondoso, às vezes amargo. Enfim, um homem que viveu livremente, como salientou seu biógrafo, Nelson Motta, e que pagou um preço caro por isso.

O grande mérito do programa foi expor todos esses lados de Tim Maia de uma forma balanceada, o que não deve ter sido tarefa das mais fáceis. Para o espectador, ficou bem claro que a vida pessoal de Tim Maia foi uma coisa, e seu talento musical foi outra. Ao mesmo tempo, até os amigos mais íntimos não deixaram de criticar seus erros, deixando no ar a dúvida se a carreira de Tim não poderia ter sido ainda mais brilhante se ele, digamos, tivesse sido mais ajuizado.

Está aí o eterno paradoxo de Tim Maia exposto em “Por Toda Minha Vida”: sua vida pessoal foi ao mesmo tempo indiferente e determinante na trajetória artística que seguiu.

A mais, vale salientar a interpretação precisa de Charles Maia (sósia oficial do cantor) e a cena em que Tim inspira-se nas ondas que vê em um quadro para criar a canção “Azul da Cor do Mar”, abre-alas de sua carreira. A partir daí o programa cresce e passa a mostrar cenas que entraram para História, “causos” que viraram lendas e músicas que se transformaram em hinos.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Nota 10 / Nota 0

NOTA 10: Para o quadro do “Show do Tom” de domingo (16/12/07) em que “Fala Silva” (Pedro Manso, ótimo como sempre na imitação de Faustão) anunciava a despedida de Sandy (Tom Cavalcanti) e Junior (Tiririca, hilário). A paródia, gravada, foi ao ar quase simultaneamente à apresentação real da dupla, ao vivo, na Globo. Os personagens fictícios foram mais engraçados e interessantes que os originais.

NOTA 0: Para o “Show do Tom” de sábado (15/12/07). Vítima do moralismo da Record, o festival de piadas sofre censura desnecessária e a edição do programa é péssima.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Nota 10 / Nota 0

NOTA 10: Para o especial "Por Toda a Minha Vida" sobre Tim Maia, exibido ontem (14/12/07), na Rede Globo. O programa soube balancear os lados genial e genioso de um dos maiores artistas da história da Música Popular Brasileira, misturando humor e drama ao som de grandes canções. (leia a crítica completa segunda-feira)

NOTA 0: Para Luciano Huck, que neste sábado (15/12/07) chamou São Paulo de "capital mundial da gastronomia". Paris, então, deve ser o quê? Capital mundial do samba? Até para bairrismo há limite, por favor...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Uou, uou, listen to the music... Não, você é brasileiro: ouça a música!

Muita gente pode dizer: “O Brasil tem coisas mais importantes com que se preocupar”. Pode ser. Mas isso não desmerece a decisão acertada da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados em proibir o uso de estrangeirismos no país. Aprovada ontem (13/12/07), a matéria segue para votação final no plenário da Câmara.

Nada contra o inglês. Muito pelo contrário; adoro a língua de Sir Elton John, Mick Jagger e Paul McCartney, alguns de meus ídolos musicais. Mas peralá, já estão abusando faz tempo.

Não bastam fast food, delivery, self service, reality show, MP3 player, emitivi (como já cantou Rita Lee...). Agora também tem os verbos oriundos da informática: printar, layoutar, backupear e outros. É curioso que, enquanto escrevo este texto, no Word, vão aparecendo aquelas marcas vermelhas abaixo das palavras estrangeiras, como se me pedissem: “escreva em português!!!”

E a música, o que tem a ver com isso? Tudo. Das multinacionais não dá para esperar muita coisa. Mas por que cargas d'água a Indie tem que ser Records? Aliás, por que a Indie tem que ser indie? Por que a Luar, do brasileiríssimo Raul Gil, tem que ser Music? E a Deck, precisava ser Disc?

É claro que o nome não determina a competência de ninguém, mas a valorização da língua portuguesa deveria estar no sangue do brasileiro. Se fosse assim, não precisaria nem existir uma lei para impor regras sobre o assunto.

Artista mais popular do Brasil, ao lado de Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho deu o exemplo ao criar o selo Zeca PagoDiscos, que é distribuído pela EMI. O primeiro produto dessa parceria foi o CD/DVD “Cidade de Samba”, lançado recentemente, com releituras de clássicos do samba e da MPB realizadas em duetos. Um parênteses neste assunto: foi bola fora lançar a versão em CD com cinco músicas a menos, o que deixou ausente o encontro de Almir Guineto e Dorina, em “Mel na Boca” (lindíssimo samba dolente de Guineto), e a inusitada dobradinha de Walter Alfaiate (grande sambista esquecido pela mídia) com Negra Li, em “Jura”. Mas tem nada, não. São coisas do mercado. No quesito brasilidade, Zeca tem milhagens para dar uma volta ao mundo. E marketing à parte, foi ele que mudou o nome da happy hour para Zeca Hora! (risos)

Anteriormente, Maria Bethânia, Flávio Venturini e Leo Gandelman seguiram caminhos semelhantes, com seus selos Quitanda, Trilhos.Arte e Saxsamba, respectivamente. Méritos também para as gravadoras tupiniquins que não se renderam ao estrangeirismo: Trama, Som Livre, Biscoito Fino, Rob Digital, Fina Flor e outras.

Para encerrar nosso primeiro post... ops, quer dizer, nossa primeira postagem, proponho um brinde à Língua Portuguesa, regado a guaraná da Amazônia. Como trilha sonora, deixo duas canções: “Querelas do Brasil” (Maurício Tapajós e Aldir Blanc, na voz de Elis Regina) e “Samba do Approach” (Zeca Baleiro, em dueto com Zeca Pagodinho).

Procure as letras no Google, leia e reflita.